Thursday, December 10, 2015

SPARTACUS




Em cada hora
Em cada dia
Século após século
os homens arremessam o teu nome ao vento
e dele saem dardos, punhais, espadas
e dele saem pombas e flores ensanguentadas
De cada letra um filho
De cada som um eco
Teu nome-profecia
Teu nome vinho-novo
que ao terceiro dia há-de ressuscitar
nas veias do meu povo
Teu nome
que mil vezes tem sido agrilhoado
Teu nome sangue-mel
nos lábios do carrasco uma esponja de fel
Teu nome-escravo
Teu nome-espectro
fantasma de terror na noite de algozes
temido como as vozes que clamam no deserto
Teu nome-salmo
escrito em cada corpo morto
em cada cruz erguida
Teu nome-espiga
que se transforma em pão
Teu nome-pedra
da construção do mundo
que será o fruto do teu gesto
Teu nome
em cada gesto do esvoaçar das asas
da gaivota presa
Teu nome
vela-acesa na catedral da esperança
do altar-homem
Teu nome
em cada grito
em cada mão
Teu nome-sinfonia
que há-de explodir com a alegria
de um átomo liberto
Spartacus!
Teu nome-irmão.
Maria Eugénia Cunhal

5 comments:

Luis Eme said...

Uma bela escolha numa bela homenagem.

Beijinho Maria

Justine said...

Grande poetisa ela foi e será sempre!

Besnico di Roma said...

Passei apenas para te deixar um beijinho.
Belo poema, bela homenagem.

Manuel Veiga said...

estão presentes aqueles dos nossos, que da "leis da morte se libertam"...

beijo, Maria

Rui Fernandes said...

Passei para deixar um beijinho. Boas festas ... seja lá o que isso for.