Thursday, December 22, 2016

Lagoa



São rios que brotam do teu ventre de mulher e correm por montes e vales até se espraiarem em lago que corre para o mar. Em dias de acalmia o caudal é menor e podem sempre voltar à nascente, desaguando nesse ventre já cansado como se fosses foz. Em noites de tempestade a senhora das águas ergue-se e o mar, violento e imperativo, rasga-te novamente e penetra-te como sempre o fez, para morrer em teus braços. Abre-se o ventre, centro de ti, e deixas correr as águas como se fossem filhos. E nada os detém até se libertarem, adultos e felizes, no encontro com a maior e mais fecunda das vidas: o mar!

4 comments:

Pata Negra said...

Na certeza de que até o Mar te dará as boas festas, não posso, porém, deixar me retrair e de te as desejar também. Bem sei que não esperarias outra coisa de minha majestade mas, pronto, estas alturas servem também para isto, para a gente comunicar por palavras de circunstanciais - assim como por exemplo: como está o tempo por aí? como está o mar?
Um abraço verso, beijinhos com rimas e, porque um rei é um rei, ordeno:
um bom natal!

Pedro Branco said...

Se do rio houvesse só dor
Se do lago se fizessem só cantos
Se do teu sonho, um novo amor
Que brotasse sem rosto ou encantos

Se das noites o lume da vida
Se das tempestades, o sussurro terno
Se da areia, uma janela estendida
Que te cobrisse o frio do inverno

Se da poesia, o corpo em voz sozinha
Se do pincel, o caudal enfim
Se de ti, uma fonte que faço só minha
Para de novo seres vento a entrar em mim!

Justine said...

Um texto digno da "nossa" lagoa, do "nosso" mar, da nossa terra!
Vai um encontro por aí lá para fins do próximo mês?
Bjinhos e começa e acaba 2017 com saúde

Teresa Durães said...

Lindo! E um hino aos costumes antigos!