Lábios que encontram outros lábios
num meio de caminho, como peregrinos
interrompendo a devoção, nem pobres
nem sábios numa embriaguez sem vinho:
que silêncio os entontece quando
de súbito se tocam e, cegos ainda,
procuram a saída que o olhar esquece
num murmúrio de vagos segredos?
É de tarde, na melancolia turva
dos poentes, ouvindo um tocar de sinos
escorrer sob o azul dos céus quentes,
que essa imagem desce de agosto, ou
setembro, e se enrola sem desgosto
no chão obscuro desse amor que lembro.
Nuno Júdice
1949 - 2024
2 comments:
Olá doce Maria *
Imaginei que aqui tivesse publicado sobre o Nuno Júdice.
Estamos a perder muitos e excelentes poetas.
A melhor maneira de os manter vivos é fazer dos seus livros, casa.
Cada página uma janela aberta, para as palavras voarem soltas pelo mundo, e serem brisas doces noutras casas.
Gosto muito do Nuno Júdice.
""Como gosto, meu amor, de chegar antes de ti para te ver chegar"
Deixo abraço e brisas doces **
Olá Parapeito
Não podia deixar passar o dia, triste, sem publicar aqui Nuno Júdice.
É uma perda enorme para todos. Fica a sua poesia, e é tanta.
Abraço.
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