Hás de morrer no meu olhar,
quando eu fechar os olhos cansados
de reter os meus versos,
igualmente diferentes,
ainda teus,
tão teus,
tão profundamente teus
que os amo
antes de os escrever,
antes até pensar que me era possível
escrevê-los.
Hei de morrer de não te ver.
Apunhalado por um vazio perfeito,
o mais significativo vazio,
representado na grande antologia dos vazios.
Morremos ambos de lonjura
e solidão.
Ceguinhos um do outro.
Habituados
à luz escura desta
ideia.
Joaquim Pessoa
(o Poeta com olhos de pássaro.
E todos os pássaros se calaram muito antes de anoitecer.)
2 comments:
E lemos a confissão como se não fosse uma confissão, mas. à medida que caminhamos, o poema, pela força do não, nos dá certeza de que o poeta afirma antes de escrevê-los e ao escrevê-los se consuma o desejado.
Desculpe-me se este comentário foi uma invasão de privacidade.
Um abraço,
Um abraço,
Passo às vezes... E ontem passei o poema de JPessoa para outro continente, num copy/paste arrojado. E nem sei se é entendido, a nossa língua é tão rica, tão completa; e o poeta era tão leal a ela!
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