Wednesday, December 31, 2014
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A morte faz-se de silêncio e de água.
Porque a vida se faz da água e do grito.
O poeta nasce sempre que os seus poemas são lidos...
Bom Ano a todos!
Monday, December 29, 2014
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Nunca o amor foi tão urgente.
Nunca andámos tão distraídos como agora.
Nunca o egoísmo e a mentira foram tão fortes como agora.
É urgente derrubar muros.
É urgente darmos as mãos.
É urgente o amor!
(depois de reler Eugénio de Andrade)
Sunday, December 21, 2014
NATAL DE 1971
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
as cinzas de milhões?
Natal de paz agora
nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
em ser-se concebido,
em de um ventre nascer-se,
em por de amor sofrer-se,
em de morte morrer-se,
e de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
com gente que é traição,
vil ódio, mesquinhez,
e até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm,
ou dos que olhando ao longe
sonham de humana vida
um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
e torturados são
na crença de que os homens
devem estender-se a mão?
Jorge de Sena
Wednesday, December 17, 2014
Los cinco
Há dias que nos surpreendem. Tudo o que tinha que fazer hoje de tarde passou para amanhã. A tarde toda foi frente ao mar. A falar com o Editor. A ler livros. Frente ao mar, que estava bravo. E a ilha em frente. E eu a lembrar-me da Ilha outra e de amigos de lá.
Não sabia que, quando chegasse a casa, teria a melhor notícia dos últimos tempos: os 3 estão em casa. Os cubanos que faltavam, claro. Um mês e dois dias depois de já não poderes saber, meu querido Amigo e Camarada, o melhor e maior amigo de Cuba em Portugal, eles voltaram à Pátria amada.
Depois foi o corropio de telefonemas. De e para a Ilha do lado de lá. Estamos a comemorar aqui, no nordeste brasileiro e lá. Hoje é dia de Festa! Da Festa que, sendo deles, é também nossa. Hoje sou toda coração! E mar, salgado de felicidade!
Como vês, Editor, tinhas razão para ter escrito 'um dia especial'. Só não sabias quão especial era, é, o dia de hoje, para nós!
Viva o Povo Cubano!
Tuesday, December 16, 2014
História Antiga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
Wednesday, December 10, 2014
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AS EMPADAS (ou, por sugestão aceite, Uma estória, entre outras, de umas empadas trazidas de Montemor-o-Novo para a Quinta dos Cuidados)
Conversa franca e aberta. Falando de tudo e de nada mas aproveitando cada momento. Pedaços de vida contados vividos talvez sofridos, afinal a vida é tudo isto. E o convívio. E as viagens que se fazem e outras que imaginamos, com o mar logo ali em baixo, era azul, era mar, com certeza. E o calor pedia um mergulho. Mergulharam na conversa... e o pão de ló é bom com whisky.
O corpo a ficar mole. E a conversa a rolar, sobre tudo, sobre todos, e as crianças sempre ali as presentes e as que já o foram, porque sairam para o jardim. Para brincar, que é o que as crianças sabem fazer melhor. Devíamos aprender com elas, que ainda sabem sonhar e inventar estórias. E os nossos nunca mais se resolvem...
A criança que ficou na sala, cheia de crianças dentro, saltitava de colo para colo. Queria cantar e dançar, sei lá, talvez para espantar o sono que a invadia. Mas continuava a resistir. Ao sono. À conversa dos adultos, teimando em chamar a atenção para ela. E os nossos nunca mais se resolvem...
Depressa a tarde chegou ao fim. Ao tempo de partir. Seguiriam os doze que estavam e todos os que não estavam para o sul o norte e o centro. E vieram os abraços já com saudades do tempo que tinha sido aquele dia. De convívio, de camaradagem, de amena cavaqueira. Sempre regada com um excelente vinho.
O que tem o título deste post a ver com o seu conteúdo? Nada.
Mas as empadas são deliciosas, o pão de ló é bom com whisky e os nossos nunca mais se resolvem.
Ah, e não falei das empadas, que estavam excelentes...
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