Friday, March 06, 2015

94 anos


A 6 de Março de 1921 é fundado o Partido Comunista Português. A organização política de vanguarda dos trabalhadores portugueses surge, ao contrário da maior parte dos partidos comunistas europeus, não como resultado de uma cisão de um partido social-democrata, mas como uma natural emanação das necessidades do proletariado.
Em 1929, o PCP inicia a primeira reorganização com vista a defender-se dos primeiros impactos da clandestinidade. Foi o único partido republicano que não aceitou dissolver-se na ditadura. Todos os restantes capitularam, auto-dissolveram-se ou acabaram enquadrados no regime que resultara do golpe de 1926. O PCP foi proibido 5 anos após a sua fundação, e resistiu. Estava a forjar-se a gesta heróica de dirigentes e militantes que assumiam o compromisso pela libertação dos trabalhadores como a mais importante tarefa das suas vidas.
Em 1940-41 inicia-se a reorganização mais funda. Sucessivos golpes da polícia política e das forças repressivas do fascismo haviam quase destruído a direcção do PCP. Durante alguns meses, o PCP ficara sem membros dirigentes e a situação exigia medidas rápidas de protecção. Mais do que aventura, o operariado precisava de uma organização capaz de derrotar, no concreto e não apenas nas palavras, o fascismo. 6 anos antes, o operariado revoltoso, por todo o país, realiza a greve de 18 de Janeiro com contornos insurreccionais e com heróicos avanços, particularmente na Marinha Grande, onde foi tomado o posto da Guarda. Foi brutalmente reprimido. Mas resistiu porque existia partido.
Durante a década de 40, com particular expressão em 43 e 44, a reorganização do PCP assume "paz, pão e liberdade" como palavras que fundem as aspirações do povo com partido dos trabalhadores. Um partido que está nos corações do povo não pode ser destruído. O fascismo tentou conter, mas a orientação do PCP de aprofundar a ligação às massas e de se tornar um partido nacional permitiu-lhe resistir. O marxismo-leninismo consolida-se, o centralismo democrático assume-se como forma de decisão, o Partido liga-se ao operariado e nele tem a sua fonte inesgotável de quadros. Por cada comunista caído às mãos da violência fascista, outro comunista se levanta.
Durante os últimos anos da década de 50, o partido resiste e corrige um desvio de direita que o afastava das tarefas que se lhe impunham. De 61 a 65 o PCP reorienta a sua estratégia, dirige-se cada vez às massas trabalhadoras, mas também alarga a sua influência e o contacto com outras camadas antimonopolistas, rumo à vitória.
Nove anos depois o 25 de Abril de 1974. E tudo. E os sonhos, e o partido do sonho e as organizações de juventude que sempre o acompanharam, todos saem à luz do dia, à verdadeira luz do dia.
2 anos de conquistas, umas atrás das outras. Escritas nas páginas da lei. Com o partido à frente.
38 anos de reconstituição monopolista, de destruição de direitos e recuperação de privilégios não foram ainda suficientes para destruir o que em dois anos se construiu pelo povo português. Porque o partido, a juventude comunista, os sindicatos de classe resistiram num contexto de ofensiva crescente.
E enquanto resistimos também construímos este projecto colectivo que já foi um sonho e hoje é a luta da nossa vida, o Socialismo e o Comunismo.
Somam-se 94 anos de luta pela liberdade, pela democracia, pelo socialismo e pelo comunismo. 94 anos, "muitas vezes fustigados por duras chuvas e ventos, mas sempre pelo rosto e nunca pelas costas." (A. Cunhal)
Parabéns, comunistas de hoje, portadores desta história que nos molda o presente e o futuro.

Miguel Tiago
(deputado do PCP)

1 comment:

Rogério G.V. Pereira said...

Festejei!
Acabo de chegar,
portador dessa história
que também a mim me molda

(é tão bonito, o nosso partido!)