Tuesday, July 02, 2019

Centenário de Sophia




Esta Gente

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen

5 comments:

Teresa Durães said...

Sempre Sophia!

Justine said...

Pois a Sophia e nós todos temos muito que esperar ainda, mas esperar fazendo, se não de outro modo nunca chegaremos "à vida limpa" e "ao tempo justo".
Abraços, amiga

Às margens de mim. said...

Passando para atualizar minha presença no nosso mundo virtual. AbraçO!

Teresa Durães said...

Hoje venho fazer campanha, se Portugal permitir a exploração de litium cursos de água serão desviados e contaminados, num país com historial de secas. Ajuda-me a ajudar-te

https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=alertalitiopeticao&fbclid=IwAR1AQjxhbJJwbp_GPn28Ovl9T2nSIHVWF_T5kaZ-Ycxxg8c3QMdOnOMLG_A

Era uma vez um Girassol said...

Palavras poéticas, verdadeiras e proféticas ...Minha querida Maria, há tempo que por aqui não passava para te deixar um beijinho da girassol.