Wednesday, December 27, 2023

A Odete Santos não morreu

 

Na tombola que é a distribuição dos serviços diários na Fotografia do Público, fui contemplado com uma entrevista a Odete Santos no ano 2000. Telefonei-lhe e marcámos um encontro.
A grande Odete apareceu com a maior das simplicidades. Falámos de tanta coisa que acabámos por nos encontrar também no dia seguinte. Odete queria ser fotografada junto às mulheres que se iam manifestar no terreiro do paço. Percebi que era ali que se sentia bem. Mulher de combate.
A Odete era genuína. Não era comunista por acidente. Era comunista inteira. Como muito poucos. Era das mais brilhantes deputadas. Não era uma deputada de bancada. Não era mais uma no meio de tantos. Era uma deputada do terreno. Ligada às pessoas. Ligada à justiça social e à liberdade.
Não quis ser fotografada na AR. Quis ser fotografada no palco (não me lembro que sala) e junto ao rio Tejo.
Ali, a grande Odete, a brilhante deputada. A obreira da democracia. A mulher da luta. Todos os dias. Junto ao rio, com as gaivotas a voarem em liberdade.
A Odete Santos não morreu. 

Adriano Miranda

2 comments:

brancas nuvens negras said...

O fascismo está a mostrar os dentes. Quando ele vier, se vier, quem o vai combater serão os mesmos de sempre, os que morreram pela liberdade.
Grande Odete,Gloriosa Odete, a advogada dos pobres.

Rogério V. Pereira said...

Os nossos mortos não morrem