Sunday, July 28, 2024

o caminho


talvez tenhamos escolhido o mais acidentado dos trilhos
porque os suaves não tinham sequer início
talvez a lonjura do possível
voe nas asas desse pássaro quase negro
no ardor sob o peito que prende ao diafragma o pulmão
e faz temer o colapso do amor-abismo
de onde todos queremos precipitar-nos
em salto de fé
o mapa não está revelado
mas sabemos que há demasiadas fortificações pelo caminho
assaltá-las-emos de exércitos unidos
derrubando os monarcas de todo o continente um-por-um
e espalhando cactos que, mesmo sem água séculos,
florescerão em jardim.

Miguel Tiago

2 comments:

Rogério G.V. Pereira said...

Também vou trilhando
esse caminho

(oportuno e bem escolhido
o poema)

Maria said...

Rogério, enquanto respirarmos.