Thursday, February 17, 2011
Porque me apetece Joaquim Pessoa
CANTA
Atreve-te a julgar. Julga os outros julgando-te a ti mesmo.
A natureza das coisas é a tua natureza. Respira-te, despe-te,
faz amor com as tuas convicções, não te limites a sorrir
quando não sabes mais o que dizer. Os teus dentes
estão lavados, as tuas mãos são amáveis, mas falta-te
decisão nos passos e firmeza nos gestos.
Procura-te. Tenta encontrar-te antes que te agarre a
voracidade do tempo.
Faz as coisas com paixão. Uma paixão irrequieta,
que não te dê descanso
e te faça doer a respiração. Aspira o ar, bebe-o com força, é
teu, nem um cêntimo pagarás por ele.
Quanto deves é à vida, o que deves é a ti mesmo. Canta.
Canta a água e a montanha e o pescoço do rio,
e o beijo que deste e o beijo que darás, canta
o trabalho doce da abelha e a paciência com que crescem
as árvores,
canta cada momento que partilhas com amigos, e cada amigo
como um astro que desponta no firmamento breve do teu corpo.
E canta o amor. E canta tudo o que tiveres razão para cantar.
E o que não souberes e o que não entenderes, canta.
Não fujas da alegria. A própria dor ajuda-te a medir
a felicidade. Carrega nos teus ombros os séculos passados e
os séculos vindouros,
muito do pó que sacodes já foi vida,
talvez beleza, orgulho, pedaços de prazer.
A estrela que contemplas talvez já não exista, quem sabe,
o que te ajudou a ser vida de quantas vidas precisou. Canta!
Se sentires medo, canta. Mas se em ti não couber a alegria,
não pares de cantar.
Canta. Canta. Canta. Canta. Canta. Constrói o teu amor,
vive o teu amor,
ama o teu amor. De tudo o que as pessoas querem, o que
mais querem é o amor.
Sem ele, nada nunca foi igual, nada é igual, nada será igual
alguma vez.
Canta. Enquanto esperas, canta.
Canta quando não quiseres esperar.
Canta se não encontrares mais esperança. E canta quando a
esperança te encontrar.
Canta porque te apetece cantar e porque gostas de cantar e
porque sentes que é preciso cantar.
E canta quando já não for preciso. Canta porque és livre.
E canta se te falta a liberdade.
Joaquim Pessoa
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22 comments:
assim o farei, cantarei com as palavras
Eu, já quase que o canto.
Beijos
Eu continuo a cantar!
Abraço
Cantemos, então!
Um beijo grande.
E atreveste-te, como sempre, muito bem!
Vamos, pois, por aí!
Para cantar não é preciso motivo!
Gostei que te apetecesse Joaquim Pessoa !
Um beijo *
Lindo Maria lindo!
Roube descaradamente. Faz muito sentido após o meu post de ontem
beijo
João
Um canto de palavras soltas...
Bjs
Chris
já perdi a voz.
beijocassssss
vovómaria
Que belos conselhos!! Cantarei, e continuarei a cantar...
que bonito o Poema;
Luis
Tão lindo...
Beijos, Maria e bom fim de semana
cantemos em conjunto. que o cantar colectivo tem outra expressão...
beijos
Farei aquilo que puder... :-)))
Abreijo.
Senti que o poema se destina a um narcisista patológico, estes que se escondem atrás do espelho e se mostram cheios de boa intenção. Falta-lhe liberdade para olhar além do espelho. Beijus,
Cantare(i)emos!
Beijinho Maria
Maria, vamos cantar por aí? Hoje vi fotos de gaivotas em alguns blogs amigos, inclusive do mfc, e só lembrei daquele nosso passeio, e eu olhando os voos das gaivotas, elas pousando...me deu uma saudade de você, daquele dia, daqueles lugares.
E quanto ao que diz Joaquim Pessoa, dá vontade de imprimir e ler todo dia, para não esquecermos de vivermos a vida, e de cantar e cantar.
beijo
"A cantiga é uma arma..."
E tanto nos cantou a voz
que desejamos e bebemos
o canto dos poetas como ele!
Que se reinventam.
Obg Maria
Bjs
Joaquim Pessoa cala-nos, as palavras não chegam para dizer o quanto é belo este poema...
beijo,
E que bem que te apeteceu, Maria.
Beijinho
:)))
Joaquim Pessoa... um canto renovado na plena liberdade das estrofes!...
"Canta porque és livre.
E canta se te falta a liberdade."
Beijos, Maria!
AL
Gosto de Joaquim Pessoa.
Gosto deste poema de JP. Da força que nos transmite.
Obrigada por terem passado aqui.
Beijos a todos.
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