Wednesday, June 13, 2012

Memória de Álvaro Cunhal

ENTRE AS FLORES DE JUNHO

Álvaro Cunhal. As tuas cinzas jazem num canteiro No último combate com a fatalIdade No derradeiro encontro das Quatro Estações Assim te semeaste nos Jardins da Terra Assim respondeste às bandeiras nos túmulos numa tarde de sol para todos nós Entre as flores de Junho

Álvaro

Saiu uma nuvem de adeus No crematório Entre as jacarandás Vestidas de roxo

Álvaro

Tu sabias que eras pó criaDor Tu sabias que eras breve mas jamais ausEnte

Álvaro

Não vale a pena dizer que não morreste Vale a pena dizer o que deve ser dito Que nos ensinaste a viVer e a morrer

Álvaro

Não repetirei os passos da tua vida Não recontarei os passos da tua morte Somente lembrarei que a História da Humanidade e a História de Portugal estiveram no teu cortejo e bem se vê que continuarão a precisar do teu nome Para escreVer o nome do Homem

Álvaro

Lámpara Marina em cada anoitecer Na melancolia recliNada nas janelas de Lisboa

Álvaro

Dir-te-ei Continuas presEnte no mundo Embora te tenhas ausentado em Junho

Álvaro

Nunca será em vão chOrar por ti Mas cantaremos todos os dias Até que amanhã seja já hoje


César Principe
resistir.info

9 comments:

Maria said...

Outra data que não quero deixar passar em branco.
Depois volto
:)

Elvira Carvalho said...

E faz muito bem.Por tudo o que foi e deu ao país ele merece.
Um abraço

trepadeira said...

É um testemunho que temos obrigação de passar,por ele,por todos os que sofreram e morreram em nome de um ideal.

Um abraço,
mário

Rogério G.V. Pereira said...

Se ao menos soubesse escrever um som
desenhar-lhe-ia um hino

(também eu o lembro)

Manuel Veiga said...

beijo Maria,

"os mortos marcham a nosso lado".
quando vivos...

Pata Negra said...

Devido poema, tal como o anterior, para devidos homens.
Um abraço devido

Pata Negra said...

Devido poema, tal como o anterior, para devidos homens.
Um abraço devido

Branca said...

Munca morrem os homens de valor e que tanto lutaram pelos seus ideais e com a convicção de estarem a construir um mundo melhor para todos.
Álvaro Cunhal era e é um Homem que merece o respeito de todos, um daqueles a quem mais devemos a liberadde.

Merecida homenagem e texto lindíssimo do meu querido e também muito apreciado jornalista César Principe, que ao longo de tantos anos acompanhei no Jornal de Notícias e que foi sempre o orgulho dos seus leitores.

Beijos Maria, sempre.
Branca

joão marinheiro said...

Homens assim, combatentes, resistentes, não morrem, vivem em nós e são como farois na noite a indicar rumo. Abraço.