O Comum da Terra
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
de cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem,
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
Eugénio de Andrade
6 comments:
A pausa continua. Mas não quis deixar de assinalar esta data. São já sete os anos em que não o temos connosco.
"De tanta palavra que disseste algumas se perdiam, outras duram ainda, são lume..."
assim fosse hoje.
num quotidiano de tantas palavras que se esfumam na poeira.
beijo, grato
Duram ainda e durarão.
Um abraço,
mário
A memória que se não apaga
e voltará a ser bandeira
quando o tiver de ser
Há memórias que são bandeiras
por desfraldar
Tão lindo este poema Maria, para homenagear o "Vasquinho", como eu lhe chamava e foi em homenagem a ele que hoje tenho um filho de nome Vasco.
Ele que inspirou belíssimos momentos e até criações musicais:
"Força, força companheiro Vasco,
nós seremos a muralha de aço".
Continuaremos a sê-lo e como diz o Rogério:
"Há memórias que são bandeiras
por desfraldar".
Beijos solidários e saudosos.
Branca (também em modo de pausa), :))
Um homem bom...
Toma o teu tempo... mas vem assim dizer-nos olá de vez em quando!
Beijinhos,
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