Sunday, February 24, 2013
Ternura
Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
(David Mourão Ferreira)
Saturday, February 23, 2013
Monday, February 18, 2013
Guarda o cheiro para mim
Canto para ti esta canção
Feita de flores de jasmim
Se a fechares no teu coração
Guarda o cheiro para mim
Rosa vermelha cor da paixão
Que eu colhi do teu jardim
Deixa-a voar numa ilusão
Mas guarda o cheiro para mim
A água da fonte é fresca e pura
E corre sempre a teus pés
E no caminho se te procura
Faz-se rio outra vez
Vida pintada em verdes trigais
Terra sangrenta sem ter fim
Dás o teu fruto a todos, iguais
Mas guarda o cheiro para mim
A água da fonte é fresca e pura
E corre sempre a teus pés
E no caminho se te procura
Faz-se rio outra vez
Semente raíz flor e fruto
Ciclo de vida feito assim
Ventre sofrido rasgado enxuto
Mas guarda o cheiro para mim
Saturday, February 16, 2013
Friday, February 15, 2013
Monday, February 11, 2013
Quero-te
Não te quero mais. A noite levou-te de mim e eu deixei. Ficou o espanto da tua partida. Não te quero mais. Vou esquecer o teu abraço e o teu cheiro. Que me percorre ainda o corpo. Não te quero mais. Porque o caminho que foi o nosso fugiu-me na escuridão da noite. E eu não o encontro por entre as lágrimas que me escorrem no corpo. Perdi-me de ti do teu abraço do teu cheiro. Perdi-me de nós.
Quero a tua boca só mais uma vez. Morder-me de ti. Passear os meus dedos pelo teu corpo ainda húmido. Quero-te, porque me corres nas veias. Porque és amor amigo amante menino assim distante. Quero-te na solidão da noite. No areal da praia na espuma da onda. Quero-te dentro de mim, como só tu sabes. O sangue a arder. No tempo parado na loucura de nós. Quero-te tanto, quero-te sempre.
Saturday, February 09, 2013
Monday, February 04, 2013
Havemos de voltar
às praias, aos nossos campos
havemos de voltar.
Às nossas terras
vermelhas do café
brancas de algodão
verdes dos milharais
havemos de voltar.
Às nossas minas de diamantes
ouro, cobre, de petróleo
havemos de voltar.
Aos nossos rios, nossos lagos
às montanhas, às florestas
havemos de voltar.
À frescura da mulemba
às nossas tradições
aos ritmos e às fogueiras
havemos de voltar.
À marimba e ao quissange
ao nosso carnaval
havemos de voltar.
À bela pátria angolana
nossa terra, nossa mãe
havemos de voltar.
Havemos de voltar
À Angola libertada
Angola independente.
Agostinho Neto
Saturday, February 02, 2013
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