Showing posts with label palavras já ditas. Show all posts
Showing posts with label palavras já ditas. Show all posts

Saturday, February 03, 2024

Nasci para te amar

 
Nasci para te amar. Sempre.
Para te beber gota a gota. Nas noites.
Para te abraçar assim. Nos dias.
Nasci para morrer contigo. Hoje.
Esmago-me no beijo da tua boca. Aberta.
Estremeço-me e contigo morro. Agora.
Nasceremos outra vez. Sempre…

Tuesday, December 19, 2023

Refaz-me

Penetras-me todos os dias, sempre que te apetece. Deixas que eu me encha de ti, naturalmente. Namoras-me e saboreias-me da mesma forma e ao mesmo tempo que te namoro e te saboreio. As crianças a brincarem com a nossa espuma.
A corrente leva-me sempre para ti, e traz-te de volta. Mas é de noite que nos amamos melhor. Com as estrelas como manto. Às vezes a lua, cúmplice dos nossos beijos e abraços. Enquanto as crianças sonham com castelos de areia e sorriem.
Nas minhas margens costumam chapinhar os mais pequenos e deixo que os barquinhos se passeiem imaginando viagens que não fazem. Mas estes dias foram de tempestades e amores proibidos, e as margens que em mim deixaste são enormes. Cavaste um fosso entre mim e o que resta da praia, que continuas a lamber. As minhas margens são agora enormes. Como podem as crianças voltar a brincar no meu regaço?
Refaz-me, uma e outra vez, com a doçura com que sempre o fizeste. Preciso do teu abraço, forte. E das gargalhadas das crianças...

Monday, October 23, 2023

… e não consigo…

Entraste devagarinho dentro de mim. E eu deixei.
Inundaste-me com a alegria de um menino. E eu sorri.
Dançámos todas as danças que havia para inventar. Estremeci
e o teu coração bateu forte, apressado.
No vai e vem das marés andámos por caminhos proibidos. E tu sabias.

Demos as mãos com a ternura do amor primeiro. O nosso.
Pintámos esse amor com o vermelho da paixão. Vivido.
Das palavras que nos dissemos só uma ficou acordada. Falo da saudade
Todas as outras adormeceram no tempo no dia na hora que não escolhemos
Vejo os teus olhos que me sorriem e tu não me vês.
Dou-te um abraço apertado que tu não sentes.
Beijo-te o corpo sem te tocar e amo-te!
Mantenho o teu cheiro, que guardo com todos os sentidos.
Vives rente ao meu coração que ainda bate descompassado, por ti.
Agora sou eu que quero sair de dentro de mim.
Estilhaçar-me em mil pedaços.
… e não consigo…

Saturday, February 11, 2023

As palavras

As palavras não me chegam à boca nem às mãos não as consigo dizer nem escrever e no entanto estão todas cá dentro sinto-as num turbilhão no estômago acotovelam-se gritam umas com as outras mas recusam-se a sair As palavras que tenho para vos dar são doces e amargas são fortes e fracas são paz e guerra mas não saem continuam cá dentro ouço-as rir parece que brincam comigo ou decidiram esperar que me canse e as vomite mas não As palavras que quero falar são azuis e brancas e vermelhas e verdes têm todas as cores de todas as flores às vezes penso que as palavras que tenho cá dentro são flores mas não sou terra apenas as sinto e não são raízes de mim As palavras que vou libertando aos poucos voam-me e não as seguro porque são pássaros de asas azuis pedaços meus e voam tão alto asas feitas de algodão e maresia de espuma e areia de fogo e vento de ar e de água é isso as minhas palavras asas são feitas de água. Onde desaguas o teu rio. Onde eu me desfaço. No mar de todos os afectos.

Monday, May 25, 2020

Saudade

A saudade é uma segunda pele que vestimos. Que nos asfixia, por vezes. Que nos faz em rio, outras.
A saudade é um aperto que nos dói no coração. Que corre nas nossas veias. Que vive dentro de nós, sempre.
A saudade é um mar imenso que engulo para te tragar. Que eu devolvo em cada maré de ir, para te recolher na maré de vir.
E que vive em mim, como um abraço. Para sempre.

Sunday, June 03, 2018

Nós




Guardo estes nós dentro do peito. Nós que foram laços, mas que fui atando cada vez mais. Para que nunca saíssem de mim. Para que ficassem para sempre.

Guardo estes nós dentro do peito. São nós que não desfaço, porque são o meu conforto em horas outras. Quando me perco nas noites. Quando me falta o nosso abraço. 

Guardo estes nós dentro do peito. Nós dos amores da saudade da luta da memória dos segredos. Porque são a minha vida. E por isso são cheios de tanto...



Sunday, June 26, 2016

Dia 360


Saboreio a vida de modo diferente, hoje. Porque o meu corpo também já não é jovem nem insaciável. Mas também não é cobarde e a vida ensinou-me tanto. Vivo a calma que me dá a idade que tenho. Há dias em que os pássaros me vêm buscar e voo com eles. Volto tarde na noite e nada importa. Apenas tu, que me esperas...

Sunday, February 14, 2016

Quero-te


Não te quero mais. A noite levou-te de mim e eu deixei. Ficou o espanto da tua partida. Não te quero mais. Vou esquecer o teu abraço e o teu cheiro. Que me percorre ainda o corpo. Não te quero mais. Porque o caminho que foi o nosso fugiu-me na escuridão da noite. E eu não o encontro por entre as lágrimas que me escorrem no corpo. Perdi-me de ti do teu abraço do teu cheiro. Perdi-me de nós.
Quero a tua boca só mais uma vez. Morder-me de ti. Passear os meus dedos pelo teu corpo ainda húmido. Quero-te, porque me corres nas veias. Porque és amor amigo amante menino assim distante. Quero-te na solidão da noite. No areal da praia na espuma da onda. Quero-te dentro de mim, como só tu sabes. O sangue a arder. No tempo parado na loucura de nós. Quero-te tanto, quero-te sempre.

Wednesday, October 07, 2015

Do cizento dos dias


Hoje não me apetece escrever. Tenho nada para contar ou dizer e tenho cansaço que sobra. Caiu um cinzento em mim que me tolhe o pensamento e os dedos. Por isso as palavras não saem. Um cinzento estranho quase chumbo que há muito não sentia. É por isso que hoje não me apetece escrever. E no entanto preciso tanto de te falar de deixar sair pela boca as palavras que não queres ouvir as palavras que já deviam ter sido ditas no tempo certo. Mas também não sei quando é o tempo certo para te falar porque tu és hábil a fugir a assuntos ou temas que não te agradam. Daí o meu cansaço que sobra. E por isso hoje não me apetece escrever.

Monday, June 22, 2015

Do outro lado o mar




Do outro lado o mar. Aqui a serra mãe de onde nasces fio de água rio transparente depois. Uma vida inteira para serpenteares ao longo dos montes até chegares à foz. Do outro lado o mar. Aqui o verde primavera e todas as flores selvagens que amas. As árvores que te dão sombra e onde descansas de todos os cansaços. Do outro lado o mar. Acompanho o caminho que tentas encontrar por entre pedras e tojos. Não sossegas enquanto não fazes as tuas margens, onde me sento. Do outro lado o mar. Quanto mais corres mais cresces como se o ar que respiras te alimentasse e fazes o teu leito. Onde acontece vida. Onde sacio a minha sede. Onde amo. Do outro lado o mar. Onde.

Saturday, November 29, 2014

Arame



Que nunca se cale a ternura das palavras
e nunca se desfaçam os sonhos que trazes nas mãos
que das lágrimas que te escorrem se façam sementes
que ao cairem no chão possam ser fecundadas
pelas águas dos rios que te trespassam
e de novo possam surgir as árvores de verde folhagem
para abrigarem todos os pássaros quando chegar a primavera
não haverá mais gritos nem medos nem espadas
todas as crianças voltarão a brincar nas ruas
e a Natureza voltará em todo o seu esplendor
como se nunca tivesse havido um arame…

Monday, August 11, 2014

O teu sorriso


Não me apetece escrever. Atei os dedos uns aos outros e assim não consigo tocar as teclas. Porque não me apetece escrever. Tenho todas as palavras a saltarem-me do peito, mas não tenho o teu sorriso. E sem o teu sorriso não me apetece escrever. Se tu me desses hoje o teu sorriso como o deste ontem e todos os outros dias talvez eu escrevesse. Mesmo que não me lesses, eu escreveria o teu nome e a saudade e o abraço. Assim não me apetece escrever. Hoje não.
Porque não me dás o teu sorriso?

Monday, July 28, 2014

Intermitência


Queria saber dizer-te como me explodes no peito mas não me saem as palavras devem estar todas presas atadas no estômago e são tantas que nem consigo digeri-las apenas me faço chuva e olhar e braço abraço tão forte tão grito tão alívio tão quente tão... porque a saudade vem a seguir quando os pés chegarem ao chão agora pairas aqui em mim no ar que não respiro no mar de todas as lágrimas agora sei-te poema feito de tanto tudo quase estrela nascida em corpo renascido para a vida que ainda espera por ti inteiro total AMIGO e como as palavras não me fazem sentido hoje calo-me e abraço-te forte muito.

Monday, June 16, 2014

Acetinada



Rompo esta saudade a cantar
No vai e vem de todas as marés
Na pele no olhar no verbo amar
E na espuma das ondas a beijar-te os pés

Sei do cheiro que me trespassa
E da cor da rocha feita leito
Em cada gaivota que aqui passa
Vai um pouco de nós, de qualquer jeito

Aqui respiro aqui amo e fico enfim
Nas memórias da minha inquietação
E a presença do amor pele de cetim
Guardo fechada, para sempre, no coração.

Monday, May 05, 2014

Uma Flor


O meu jardim tem árvores relva flores e um lago. E uma casa.
Quando me passeio por lá olho as flores e vejo-as crescer, a cada dia. Agora os cravos.
A relva amacia-me os pés descalços e o aroma enche-me os pulmões. Terra-mãe.
As árvores são partes de mim plantadas há muito tempo, que cresceram frondosas e me abrigam. Um colo.
Há árvores com muitos anos, outras com menos, mas todas igualmente bonitas. Ouvem-me.
Duas são especiais. Uma enorme e outra mais pequena. Estão perto do lago e abraço-as. A minha casa.
O meu jardim tem todos os aromas e todas as cores. De todas as flores.
Há um canteiro diferente, ao pé do lago e perto das duas árvores. De cravos semeado. Já nascidos.
Mesmo ao lado um outro canteiro tem uma flor prestes a rebentar. De aroma diferente.
No lago do meu jardim está ancorado um barco, que me espera. Entro e remo por entre chorões e nenúfares e patos e cisnes. E há peixes que se escapam.
Toda a noite remei. À espera. Ao fim da manhã atraco o barco e vou ao canteiro ver da flor. Já nasceu.
É filha do amor e da poesia. É uma Margarida e cheira a bébé…

Monday, February 24, 2014

No dia de hoje


No dia de hoje não falo de inquietação
Falo-te de um rio, fonte de vida
Tão pouco falarei da rouca solidão
Prefiro dizer-te a palavra sentida
que se solta das mãos, talvez sofrida
Sei-te homem vagabundo poeta menino
Solidário amigo pássaro e jardim
Sonho vertigem estrada e peregrino
Casa de todos aromas e cores, enfim
saberás um dia assim de mim?
Rasgo o meu peito em palavras de amor
Marés de ir e vir do teu cansaço
Na fogueira de lágrimas calamos a dor
No silêncio aflito o cheiro a sargaço
e no sangue do grito somos o abraço.

Wednesday, February 19, 2014

Abismo



De tanto cerrar os dentes trinquei o coração.
Que sangra sem parar, como um rio.
Quando nos perdemos. Porque deixei de te ver.
Não sei dos trilhos que caminhas nem das árvores que te abrigam.
Sei de um rio, verde-sangue. Mas não sei da foz nem da fonte.
Perdi-me no meio do nada e não encontro o caminho.
Não sei regressar-me. Os meus passos levam-me à falésia.
E à vertigem. O abismo. O sim e o não.
O silêncio é total e ensurdeço. Nem te oiço.
Mas cheiro-te. E tu salpicas-me de lágrimas. O mar em frente.
Deixo-me cair devagarinho e adormeço.
Sei que quando a maré começar a subir virás lamber-me os pés…

Thursday, November 28, 2013

Para sempre



Espero-te na foz do rio, onde desaguas. É lá que me encontro. De olhar pousado no futuro. De corpo inteiro. Não te esqueças que todos os rios desaguam no mar. Não importa quanto tempo levam, mas é no mar que desaguam. Onde eu te espero, rio que és. No mar onde o silêncio é interrompido pelas ondas que se desfazem no areal. Que posso ser eu, ou tu. Ou todos nós.
Percorri todos os cais e não te vi. Talvez tivesse passado a desoras. Mas foi o meu tempo. Vento meu onde respiro. Não me inquietam as ausências. Inquietam-me as presenças. As ausências são suaves, as presenças são sangue fervente que me corre (ainda) nas veias. As noites são a minha companhia, manto de estrelas que recolho a cada madrugada. Deixo fluir as águas de mim que correm como ribeiro e um dia serão rio e chegarão ao mar. É lá que pouso o meu olhar, sempre. É no mar que te vejo, que te sinto, que te amo. É no mar que me devolvo a vida. Numa chegada de ficar. Para sempre.

Monday, June 17, 2013

Sempre esperei por ti


Sempre esperei por ti. Pelos sonhos que queríamos sonhar.
No meu leito o silêncio e o frio.
Sempre esperei por ti. Pela vida que queríamos viver.
Nos meus braços a ausência e a saudade.
Sempre esperei por ti. Pelos beijos e pelo amor, que era nosso.
Em mim a dor do impossível.
Sempre esperei por ti. Tenho o teu nome em cada flor e em cada janela.
Mas não te tenho a ti.
No entanto, sempre esperei por ti...

Monday, June 10, 2013

O cinzento dos dias



É o cinzento dos dias e a humidade no corpo que nos faz ficar assim. O frio que não escolhe e nos encolhe. A distância que de repente fica mais distante ainda, a uma lonjura difícil de chegar. O mar que deixou de ser azul e nestes dias se pinta de castanho. As ondas que se atiram contra nós em vez de rebentarem suavemente... em espuma de mel.

São dias de fome. E de sede.

São noites de silêncio em que nos ouvimos em gritos calados.
 São as palavras a rebentarem o peito e a ficarem aprisionadas nos dedos. É o sim e o não sem sabermos porquê.

Abro uma garrafa de tinto antigo, deixo-o aquecer até aos 17 graus. Já cheira a pão quente. O doce de abóbora ainda está morno. Falta o requeijão de Seia. E faltas tu.