Monday, February 04, 2013

Havemos de voltar


Às casas, às nossas lavras
às praias, aos nossos campos
havemos de voltar.

Às nossas terras
vermelhas do café
brancas de algodão
verdes dos milharais
havemos de voltar.

Às nossas minas de diamantes
ouro, cobre, de petróleo
havemos de voltar.

Aos nossos rios, nossos lagos
às montanhas, às florestas
havemos de voltar.

À frescura da mulemba
às nossas tradições
aos ritmos e às fogueiras
havemos de voltar.

À marimba e ao quissange
ao nosso carnaval
havemos de voltar.

À bela pátria angolana
nossa terra, nossa mãe
havemos de voltar.

Havemos de voltar
À Angola libertada
Angola independente.


Agostinho Neto

3 comments:

Rogério G.V. Pereira said...

in, página 183, "Almas que não foram fardadas"

A resposta dada por Minha Alma ao guerreiro negro:

Foram tantos os quinhentos anos de posse
Deu para tanto,
escravatura, fome, ignorância, pranto
Fechámos vossas almas, cercámos vossas virtudes
Libertámos vossos vícios e somamos-lhes os nossos
Impusemos nossas atitudes
Ao nosso modo de viver impedimos vosso acesso, gozo e uso
Fizemos, de cada um de vós,
na vossa própria terra, um intruso
Ensinamos a vingança e a desconfiança
Impusemos nossas crenças. Dividimos para reinar
ensinámos-vos a imitar a nossa forma de ser e de mandar
Não se volta ao que se era
depois de interrompida, sem glória
a marcha da história
Sabes?
Se semeámos futuros de ódio, de tribalismo e de guerra
haverá colheita de horrores e de mais miséria
A independência é apenas o regresso
é tão só e apenas o assegurar de um recomeço
Faz o que tens de fazer
Teu povo o irá agradecer
Mas será ainda longa a sua luta.

(página 184)

OUTONO said...

...esperançar, também é lutar!
Beijo!

Manuel Veiga said...

havemos ser donos do Futuro...
beijo