Saturday, June 29, 2013
Monday, June 24, 2013
Dia 360
Saboreio a vida de modo diferente, hoje. Porque o meu corpo também já não é jovem nem insaciável. Mas também não é cobarde e a vida ensinou-me tanto. Vivo a calma que me dá a idade que tenho. Há dias em que os pássaros me vêm buscar e voo com eles. Volto tarde na noite e nada importa. Apenas tu, que me esperas...
Saturday, June 22, 2013
Hino de Caxias
HINO DE CAXIAS
Longos corredores nas trevas percorremos
Sob o olhar feroz dos carcereiros
Mas nem a luz dos olhos que perdemos
Nos faz perder a fé nos companheiros
Vá camaradas mais um passo
Já uma estrela se levanta
Cada fio de vontade são dois braços
E cada braço uma alavanca
Oiço ruírem os muros
Quebrarem-se as grades de ferro da nossa prisão
Treme, carrasco que a morte te espera
Na aurora de fogo da libertação
Como da noite irrompe a madrugada
Como uma flor rasgando o chão da escolha
A nossa voz nas celas soterrada
Já faz no céu a estrela da vitória
Cortam o sol por sobre os nossos olhos
Muros e grades fecham horizontes
Mas nós sabemos onde a vida passa
E a nossa esperança é o mais alto dos montes
Podem rasgar meu corpo à chicotada
Podem calar meu grito enrouquecido
Para viver de alma ajoelhada
Vale bem mais morrer de rosto erguido
(Depois de 11 jovens da JCP serem presos esta noite, no Porto, por estarem a pintar um mural, é só isto que posso deixar aqui. Porque eles andam à solta. à espera que a gente se distraia. E hoje já senti arrepios como no tempo da outra senhora...)
Monday, June 17, 2013
Sempre esperei por ti
Sempre esperei por ti. Pelos sonhos que queríamos sonhar.
No meu leito o silêncio e o frio.
Sempre esperei por ti. Pela vida que queríamos viver.
Nos meus braços a ausência e a saudade.
Sempre esperei por ti. Pelos beijos e pelo amor, que era nosso.
Em mim a dor do impossível.
Sempre esperei por ti. Tenho o teu nome em cada flor e em cada janela.
Mas não te tenho a ti.
No entanto, sempre esperei por ti...
Saturday, June 15, 2013
Música para o fim-de-semana
Esta jovem tem um não-sei-quê que me deixa arrepiada quando a oiço.
Espero que gostem.
Monday, June 10, 2013
O cinzento dos dias
É o cinzento dos dias e a humidade no corpo que nos faz ficar assim. O frio que não escolhe e nos encolhe. A distância que de repente fica mais distante ainda, a uma lonjura difícil de chegar. O mar que deixou de ser azul e nestes dias se pinta de castanho. As ondas que se atiram contra nós em vez de rebentarem suavemente... em espuma de mel.
São dias de fome. E de sede.
São noites de silêncio em que nos ouvimos em gritos calados. São as palavras a rebentarem o peito e a ficarem aprisionadas nos dedos. É o sim e o não sem sabermos porquê.
Abro uma garrafa de tinto antigo, deixo-o aquecer até aos 17 graus. Já cheira a pão quente. O doce de abóbora ainda está morno. Falta o requeijão de Seia. E faltas tu.
Sunday, June 09, 2013
Saturday, June 08, 2013
Monday, June 03, 2013
Palavras
Saturday, June 01, 2013
Música para o fim-de-semana
Recado a Helena
Do frio da cela do forte
Do lado norte por sobre o rio
Por sobre o rio do lado norte
A mão acena por Helena.
Do lado do sul do rio
Na negra pena por Helena:
À rua deitado jaz vazio e frio
O corpo apagado de Helena.
Salgado rio de pranto
Jorrando entre mágoa e mágoa
E uma cidade de espanto
No perfilado recorte
Espelhado no fundo de água
Pára o Tejo à beira-morte
À beira-morte de Helena
E à beira-cela do forte
Onde ainda a mão acena.
Do lado do sul do rio
À rua deitado jaz vazio e frio
O grito em vida amordaçado
No corpo delgado de Helena.
Mão de aceno gradeado
É por nossa condição
Gente de foice e arado
Homens de cais pescadores
Mais os que como nós são
Nos escritórios e fábricas
Dia a dia os construtores
Dos dias desta nação
É por nós que a mão acena
Da beira-morte de Helena
Contra a mão que nos condena.
Para que a morte de Helena
Não venha a ser nossa sorte
Ao sul e ao norte a mão acena
Fechando o punho ao sul e ao norte.
Salgado rio de pranto
Jorrando entre mágoa e mágoa
E uma cidade de espanto
No perfilado recorte
Espelhado no fundo de água
Pára o Tejo à beira-morte
À beira-morte de Helena
E à beira-cela do forte
Onde agora um punho acena.
Do frio da cela do forte
Do lado norte por sobre o rio
Por sobre o rio do lado norte
A mão acena por Helena.
Para que a morte de Helena
Não venha a ser nossa sorte
Ao sul e ao norte a mão acena
Fechando o punho ao sul e ao norte.
Manuel da Fonseca
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