Friday, October 16, 2015

Memória da voz da ternura


Soneto a Adriano

Não era só a voz o som a oitava
que ele queria sempre mais acima
nem sequer a palavra que nos dava
restituída ao tom de cada rima.


Era a tristeza dentro da alegria
era um fundo de festa na amargura
e a quase insuportável nostalgia
que trazia por dentro da ternura.


O corpo grande e a alma de menino
trazia no olhar aquele assombro
de quem quer caber e não cabia.


Os pés fora do berço e do destino
alguém o viu partir de viola ao ombro.
Era Outubro em Avintes. E chovia.


Manuel Alegre

2 comments:

Manuel Veiga said...

beijo, Maria.

uma excelente escolha. grato pela partilha.

Delfim Peixoto said...

Gostei de ler... Bj.