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Dia 225.
Necessito de mim mais do que de ninguém. Mas mentiria se não confessasse o quanto preciso de ti. Tu és o meu vinho e a minha ressaca. A minha árvore e a minha floresta. O meu cavalo. A minha casa, o meu mar, o meu coral. A minha teimosia e a minha lucidez. O meu pássaro de chuva e o meu pássaro de fogo. A minha distância, o meu abismo, a minha fuga. A minha sombra e o meu túnel. O atalho para o outro lado de mim.
Tu és a minha estrela e o meu guia. A minha porta, o meu clarão, a minha injúria. O meu grão, o meu vento, o meu moinho. O meu sortilégio. O fim da festa e o meio-dia. O meu carnaval, o meu brinquedo, o meu dia santo. O meu pecado, a minha penitência. O ouro, a ofensa, o desvario. És o meu hábito e o meu monge. A minha espiga e o meu pão. A minha irmã branca, a minha irmã negra, a minha irmã de novas latitudes. A minha amante e a minha mãe, o meu abraço e as minhas margens. A minha prostituta, o meu combate, o meu sorriso. Tu és o meu cálice. O meu elixir e o meu veneno. O vinho que dá coragem às medusas.
Necessito de ti mais do que de ninguém. Mas mentiria se não te confessasse o quanto preciso de mim.
2 comments:
Fiquei mais animada, ao perceber que os comentários tem de ter aprovação :)
Saudades do Joaquim Pessoa.
Gosto muito deste poema.
" Necessito de ti...
Mas mentiria se não te confessasse o quanto preciso de mim"
Abraço e brisas doces **
Os comentários não têm de ter aprovação, Parapeito.
Só nos posts que já estão publicados há mais de 10 dias, por causa dos comentários 'spam'.
Abraço
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