Sunday, September 24, 2023

Foi há 50 anos

República da Guiné-Bissau celebra 50 anos de existência

A 24 de Se­tembro de 1973, nasceu a Re­pú­blica da Guiné-Bissau, pro­cla­mada ainda du­rante a luta ar­mada de li­ber­tação contra o co­lo­ni­a­lismo por­tu­guês. O PCP saudou na al­tura a his­tó­rica de­cisão do povo gui­ne­ense com di­men­sões e al­cance in­ter­na­ci­o­nais.

Nas­cida em plena luta ar­mada de li­ber­tação na­ci­onal contra o co­lo­ni­a­lismo por­tu­guês, a Re­pú­blica da Guiné-Bissau fes­teja 50 anos de exis­tência no pró­ximo do­mingo, 24.

Foi a 24 de Se­tembro de 1973, na re­gião li­ber­tada do Boé, no leste da Guiné, que a As­sem­bleia Na­ci­onal Po­pular – o par­la­mento gui­ne­ense, cujos de­pu­tados ti­nham sido eleitos an­te­ri­or­mente – pro­clamou o pri­meiro Es­tado e a in­de­pen­dência do país.

Como previu Amílcar Ca­bral, di­ri­gente da luta in­de­pen­den­tista en­ca­be­çada pelo PAIGC, «da si­tu­ação de co­lónia que dispõe de um mo­vi­mento de li­ber­tação e cujo povo já li­bertou em 10 anos de luta ar­mada a maior parte do seu ter­ri­tório na­ci­onal», a Guiné-Bissau passou «à si­tu­ação de um país que dispõe do seu Es­tado e que tem uma parte do seu ter­ri­tório na­ci­onal ocu­pado por forças ar­madas es­tran­geiras».

Na al­tura, o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, na clan­des­ti­ni­dade, saudou a de­cisão do povo gui­ne­ense, com «di­men­sões e al­cance in­ter­na­ci­o­nais». O Avante!, na sua edição de Ou­tubro de 1973, des­ta­cava na pri­meira pá­gina que «a pro­cla­mação da in­de­pen­dência não é, como os fas­cistas por­tu­gueses pro­pa­gan­de­aram al­guns dias de­pois, um acto formal e gra­tuito. Foi uma de­cisão ma­du­ra­mente pre­pa­rada e ba­seada nos êxitos mi­li­tares e po­lí­ticos do PAIGC».

In­for­mava o jornal que a As­sem­bleia Na­ci­onal Po­pular gui­ne­ense apro­vara «a cons­ti­tuição do novo Es­tado e os seus ór­gãos de so­be­rania» e que ele­gera Luís Ca­bral para pre­si­dente do Con­selho de Es­tado e Fran­cisco Mendes para li­derar o Con­selho dos Co­mis­sá­rios de Es­tado (go­verno), «mi­li­tantes des­ta­cados do PAIGC na frente de com­bate e na or­ga­ni­zação po­lí­tica e mi­litar».

Na mesma edição, o Avante! pu­bli­cava uma men­sagem do PCP, subs­crita por Álvaro Cu­nhal em nome do Co­mité Cen­tral do Par­tido, e en­viada a Aris­tides Pe­reira, Se­cre­tário-Geral do PAIGC, e aos di­ri­gentes eleitos à frente dos novos ór­gãos es­ta­tais.

«Por mo­tivo da pro­cla­mação da Re­pú­blica da Guiné-Bissau, en­viamo-vos as mais ca­lo­rosas fe­li­ci­ta­ções do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês. Es­tamos certos de tra­duzir os sen­ti­mentos dos tra­ba­lha­dores e das forças pro­gres­sistas de Por­tugal, sau­dando este acto his­tó­rico que cons­titui um novo e im­por­tante passo no ca­minho da li­ber­tação com­pleta do vosso povo da ex­plo­ração e do do­mínio ca­pi­ta­lista», afir­mava a men­sagem.

Álvaro Cu­nhal es­crevia mais, an­te­ci­pando o fu­turo: «Ne­nhuns in­te­resses ou ob­jec­tivos se­param e muito menos opõem o povo por­tu­guês e o povo da Guiné-Bissau. As lutas dos dois povos são so­li­dá­rias e di­rigem-se contra os mesmos ini­migos. Es­tamos certos de que os laços de ami­zade hoje exis­tentes entre os nossos dois Par­tidos, os sen­ti­mentos de fra­ter­ni­dade exis­tentes entre os nossos dois povos, se tra­du­zirão um dia, quando o co­lo­ni­a­lismo por­tu­guês for fi­nal­mente der­ro­tado e quando Por­tugal for li­ber­tado do fas­cismo e da sub­missão ao im­pe­ri­a­lismo, numa co­o­pe­ração fra­ternal entre os nossos dois países li­vres e iguais».

E fi­na­li­zava a men­sagem do PCP: «Hoje, como sempre, po­deis contar com a nossa ac­tiva so­li­da­ri­e­dade. Es­tais certos de que não pou­pa­remos es­forços nem sa­cri­fí­cios para de­sen­volver em Por­tugal a luta contra a cri­mi­nosa guerra co­lo­nial, pelo re­co­nhe­ci­mento da in­de­pen­dência da vossa Pá­tria».

Avante nº 2599 de 21.9.2023

1 comment:

Parapeito said...

Infelizmente foi cedo de mais.
Ele parecia adivinhar, quando disse : Se alguém me fizer mal, será quem está entre nós .
Abraço ***