primeiro foi a tua roupa interior,
depois levaste os vestidos,
as blusas, a escova de penteares os cabelos após o duche.
depois levaste o corpo que vestias e que despias,
os cabelos, os olhos, finalmente.
depois a casa ficou mais fria,
como um remoinho de coisa nenhuma,
onde tudo se esgota inexoravelmente para o vazio.
depois, mesmo depois de teres ido,
abandonou-me o cheiro que deixaste nos lençóis.
lentamente, vai-se a alma que aqui morava,
e definha a que me habita.
depois levaste os vestidos,
as blusas, a escova de penteares os cabelos após o duche.
depois levaste o corpo que vestias e que despias,
os cabelos, os olhos, finalmente.
depois a casa ficou mais fria,
como um remoinho de coisa nenhuma,
onde tudo se esgota inexoravelmente para o vazio.
depois, mesmo depois de teres ido,
abandonou-me o cheiro que deixaste nos lençóis.
lentamente, vai-se a alma que aqui morava,
e definha a que me habita.
Miguel Tiago
6 comments:
Às vezes só com muita coragem se consegue seguir em frente.
Um abraço,
mário
Muito triste...mas bonito!
Abraço
quanta dor...
beijinho
Elsa
O Miguel Tiago é mesmo um excelente poeta!
Passei e deixo as minhas saudações amigas e tudo de bom
Poesia de Alvaro Cunhal sob o nome de Miguel Tiago. Quanta sensibilidade nas suas palavras. Abraço a norte.
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