Canto e lamentação na cidade ocupada, poema 6
Pelo silêncio na planície pela tranquilidade em tua voz
pelos teus olhos verdes estelares pelo teu corpo líquido de bruma
pelo direito de seguir de mãos dadas na solidão nocturna
lutaremos meu Amor
Pela infância que fomos pelo jardim escondido que não teve o nosso amor
pelo pão que nos recusam pela liberdade sem fronteiras
pelas manhãs de sol sem mácula de grades
lutaremos meu Amor
Pela dádiva mútua da nossa carne mártir
pela alegria em teu sorriso claro pelo teu sonho imaterial
pela cidade escravizada pela doçura de um beijo à despedida
lutaremos meu Amor
Pelos meninos tristes suburbanos
contra o peso da angústia contra o medo
contra a seta de fogo traiçoeira cravada em nosso coração aberto
lutaremos meu Amor
Na aparência sozinhos multidão na verdade
lutaremos meu Amor
(Daniel Filipe)
in) A invenção do amor e outros poemas
Qué vida la que vivimos
en estos años de muerte!
(Nicolás Guillén)
Monday, June 30, 2008
Friday, June 20, 2008
No tabuleiro da Baiana
No tabuleiro da Baiana tem
Vatapá, Carurú, Mungunza tem Ungu pra io io
Se eu pedir você me da
o seu coração, seu amor de ia ia
No coração da Baiana também tem
Sedução, cangerê, ilusão, candonblé
Pra você
Juro por Deus, pelo Senhor do Bonfim
quero você Baianinha inteirinha pra mim
E depois o que será de nós dois?
Seu amor é tão fugaz enganador
Tudo já fiz, fui até no cangerê
Pra ser feliz, meus trapinhos juntar com você
E depois vai ser mais uma ilusão
no amor que governa o coração
(Dorival Caymmi / Ary Barroso)
Me aguardem, tô chegando...
(eu vou acolá. depois eu volto...)
Thursday, June 19, 2008
Parabéns Chico!
Jorge Maravilha
E nada como um tempo após um contratempo
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando, até quando, não, não, não
E como já dizia Jorge Maravilha
Prenhe de razão
Mais vale uma filha na mão
Do que dois pais voando
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Ela gosta do tango, do dengo, do mengo, domingo e de cócega
Ela pega e me pisca, belisca, petisca, me arrisca e me enrosca
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
E nada como um dia após o outro dia
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando até quando, não, não, não
E como já dizia Jorge Maravilha
Prenhe de razão
Mais vale uma filha na mão do que dois pais sobrevoando
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
(Julinho da Adelaide - Pseudónimo de Chico Buarque no tempo da ditadura)
Porque me apetece Joaquim Pessoa
Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo
nem fazer explodir a madrugada nos teus olhos.
Eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo.
Soltar os teus seios.
Despir as tuas ancas.
Apunhalar de amor o teu ventre.
(Joaquim Pessoa)
nem fazer explodir a madrugada nos teus olhos.
Eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo.
Soltar os teus seios.
Despir as tuas ancas.
Apunhalar de amor o teu ventre.
(Joaquim Pessoa)
Wednesday, June 18, 2008
O resto é silêncio
Tuesday, June 17, 2008
Monday, June 16, 2008
Em silêncio
Sunday, June 15, 2008
Porque me lembrei de Bobby Sands, a propósito do resultado do referendo na Irlanda...
Modern Times
It is said we live in modern times,
In the civilised year of 'seventy nine,
But when I look around, all I see,
Is modern torture, pain, and hypocrisy.
In modern times little children die,
They starve to death, but who dares ask why?
And little girls without attire,
Run screaming, napalmed, through the night afire.
And while fat dictators sit upon their thrones,
Young children bury their parents' bones,
And secret police in the dead of night,
Electrocute the naked woman out of sight.
In the gutter lies the black man, dead,
And where the oil flows blackest, the street runs red,
And there was He who was born and came to be,
But lived and died without liberty.
As the bureaucrats, speculators and presidents alike,
Pin on their dirty, stinking, happy smiles tonight,
The lonely prisoner will cry out from within this tomb,
And tomorrow's wretch will leave its mother's womb!
(Bobby Sands)
It is said we live in modern times,
In the civilised year of 'seventy nine,
But when I look around, all I see,
Is modern torture, pain, and hypocrisy.
In modern times little children die,
They starve to death, but who dares ask why?
And little girls without attire,
Run screaming, napalmed, through the night afire.
And while fat dictators sit upon their thrones,
Young children bury their parents' bones,
And secret police in the dead of night,
Electrocute the naked woman out of sight.
In the gutter lies the black man, dead,
And where the oil flows blackest, the street runs red,
And there was He who was born and came to be,
But lived and died without liberty.
As the bureaucrats, speculators and presidents alike,
Pin on their dirty, stinking, happy smiles tonight,
The lonely prisoner will cry out from within this tomb,
And tomorrow's wretch will leave its mother's womb!
(Bobby Sands)
Saturday, June 14, 2008
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus
(Eugénio de Andrade)
Sunday, June 08, 2008
Chamamento
Toda a noite me chamaste
As algas dos teus cabelos estendem-se à ponta
dos teus dedos e abraças-me
Mergulhas-me neste azul transparente
e invades o corpo que é teu
Toda a noite me chamaste
Cala o grito que não oiço e não me chames mais. Eu vou.
Sou rocha onde te deitas e as estrelas cobrem-nos
num eterno manto azul de espuma e poesia.
Hoje vais dormir nos meus braços...
(vou ali, depois eu volto)
Saturday, June 07, 2008
Desafio e agradecimentos
Recebi de vários bloguistas alguns desafios que andam por aí na net.
Vou responder aos mesmos sem, no entanto, cumprir as nomeações ou dar justificações. É a liberdade que tenho de não fazer o que dizem as regras dos desafios.
Assim, a Blue Velvet desafiou-me para dizer seis coisas a que não dou importância. Aqui vão:
1. Não dou importância a comentários insultuosos nos blogues
2. Não dou importância aos kilómetros que faço para estar com amigos
3. Não dou importância ao que possam dizer ou pensar sobre mim
4. Não dou nenhuma importância ao dinheiro
Indico apenas 4 “coisas”, porque me importa quase tudo o resto na vida…
************************
Ainda da Blue Velvet recebi outro desafio sobre “as oito coisas que gostaria de fazer antes de morrer”.
Confesso que não sei responder a este desafio da forma como me é pedido.
Direi apenas que, antes de morrer, gostaria de saber que já existe uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais igualitária, onde a fome tivesse sido erradicada completamente.
************************
Da Agulheta, da Sunshine e do Eduardo Aleixo recebi um outro desafio, neste caso para indicar “seis ódios de estimação”.
Tenho a maior dificuldade em responder, porque não conheço o que é o sentimento do “ódio”. Nunca o senti. O máximo que sinto por pessoas é uma completa indiferença.
Mas há coisas que detesto, sim. E são já do vosso conhecimento.
De qualquer maneira, aqui vão:
- detesto a mentira e a hipocrisia
- detesto que continue a haver fome no Mundo
- detesto que as crianças sejam abusadas e exploradas a vários níveis
- detesto esperar quando estou no sítio à hora marcada
- detesto o consumismo
- detesto a ausência de vergonha, a todos os níveis
Obrigada a todos, não vou nomear ninguém. Quem quiser pode dar continuidade a estes desafios.
*****************************************
Da Blue Velvet recebi este prémio:
Obrigada, Blue Velvet.
Da Blue Velvet e da Momento recebi este:
Obrigada, Blue Velvet e Mi.
Da Momento recebi mais uma bicicleta florida
Obrigada, Mi.
Vou responder aos mesmos sem, no entanto, cumprir as nomeações ou dar justificações. É a liberdade que tenho de não fazer o que dizem as regras dos desafios.
Assim, a Blue Velvet desafiou-me para dizer seis coisas a que não dou importância. Aqui vão:
1. Não dou importância a comentários insultuosos nos blogues
2. Não dou importância aos kilómetros que faço para estar com amigos
3. Não dou importância ao que possam dizer ou pensar sobre mim
4. Não dou nenhuma importância ao dinheiro
Indico apenas 4 “coisas”, porque me importa quase tudo o resto na vida…
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Ainda da Blue Velvet recebi outro desafio sobre “as oito coisas que gostaria de fazer antes de morrer”.
Confesso que não sei responder a este desafio da forma como me é pedido.
Direi apenas que, antes de morrer, gostaria de saber que já existe uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais igualitária, onde a fome tivesse sido erradicada completamente.
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Da Agulheta, da Sunshine e do Eduardo Aleixo recebi um outro desafio, neste caso para indicar “seis ódios de estimação”.
Tenho a maior dificuldade em responder, porque não conheço o que é o sentimento do “ódio”. Nunca o senti. O máximo que sinto por pessoas é uma completa indiferença.
Mas há coisas que detesto, sim. E são já do vosso conhecimento.
De qualquer maneira, aqui vão:
- detesto a mentira e a hipocrisia
- detesto que continue a haver fome no Mundo
- detesto que as crianças sejam abusadas e exploradas a vários níveis
- detesto esperar quando estou no sítio à hora marcada
- detesto o consumismo
- detesto a ausência de vergonha, a todos os níveis
Obrigada a todos, não vou nomear ninguém. Quem quiser pode dar continuidade a estes desafios.
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Da Blue Velvet recebi este prémio:
Obrigada, Blue Velvet.
Da Blue Velvet e da Momento recebi este:
Obrigada, Blue Velvet e Mi.
Da Momento recebi mais uma bicicleta florida
Obrigada, Mi.
Friday, June 06, 2008
Abril em Junho!
Meu Camarada e Amigo
Revejo tudo e redijo
meu Camarada e Amigo.
Meu irmão suando pão
sem casa mas com razão.
Revejo tudo e redijo
meu Camarada e Amigo.
As canções que trago prenhas
de ternura pelos outros
saem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser caça
e a poesia tem de ser
como um cavalo que passa.
É por dentro desta selva
desta raiva deste grito
desta toada que vem
dos pulmões do infinito
que em todos vejo ninguém
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e amigo.
Sei bem as mós que moendo
pouco a pouco trituraram
os ossos que estão doendo
àqueles que não falaram.
Calculo até os moinhos
puxados a ódio e sal
que a par dos monstros marinhos
vão movendo Portugal
- mas um poeta só fala
por sofrimento total!
Por isso calo e sobejo
eu que só tenho o que fiz
dando tudo mas à toa:
Amigos no Alentejo
alguns que estão em Paris
muitos que são de Lisboa.
Aonde me não revejo
é que eu sofro o meu país.
(Zé Carlos Ary dos Santos)
Thursday, June 05, 2008
Hoje é dia de luta!
Wednesday, June 04, 2008
Não passarão!
Não desesperes, Mãe!
O último triunfo é interdito
aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:
Não passarão!
Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração
que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
entre o sangue vertido
e o sonho desfeito.
Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
de traição e de crime.
Só mesmo se não fosse o mundo todo
que na tua tragédia se redime.
Não passarão!
Arde a seara, mas dum simples grão
nasce o trigal de novo.
Morrem filhos e filhas da nação.
Não morre um Povo!
Não passarão!
Seja qual for a fúria da agressão,
as forças que te querem jugular
não poderão passar
sobre a dor infinita desse não
que a terra inteira ouviu
e repetiu:
Não passarão!
(Miguel Torga)
O último triunfo é interdito
aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:
Não passarão!
Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração
que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
entre o sangue vertido
e o sonho desfeito.
Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
de traição e de crime.
Só mesmo se não fosse o mundo todo
que na tua tragédia se redime.
Não passarão!
Arde a seara, mas dum simples grão
nasce o trigal de novo.
Morrem filhos e filhas da nação.
Não morre um Povo!
Não passarão!
Seja qual for a fúria da agressão,
as forças que te querem jugular
não poderão passar
sobre a dor infinita desse não
que a terra inteira ouviu
e repetiu:
Não passarão!
(Miguel Torga)
Tuesday, June 03, 2008
Tantos anos...
Veinte anos de estar juntos,
esta tarde se han cumplido,
para ti flores, perfumes
para mi...!Algunos libros!
No te he dicho grandes cosas
porque no me habrian salido,
! ya sabes cosas de viejos!
!Requemor de no haber sido!
Hace tiempo que intentamos
bonar nuestro Destino,
Tú bajabas la persiana.
Yo apuraba mi ultimo vino.
Hoy En esta noche fría
casi como ignorando el sabor
de soledad compartida,
quise hacerte una canción,
para cantar despacito,
como se duerme a los ninos.
Y ya ves solo palabras,
sobre notas me han salido.
Que al igual que tú y que yo,
se soportan amistosas,
ni se importan ni se estorban,
mas non son una canción.
...Qué helaba está esta casa.
...Será que está cerca del Rio.
...O es que entramos en invierno.
...Y están llegando...
...Están llegando los fríos.
(Patxi Andión)
Monday, June 02, 2008
Castelo
Sunday, June 01, 2008
Porque todos os dias são Dia Mundial da Criança
Neste mesmo dia do ano passado publiquei aqui os direitos da Criança, que volto a repetir hoje, para que nunca seja esquecido que o Dia da Criança é Todos os Dias.
Em 20 de Novembro de 1959, a ONU aprovou a Declaração dos Direitos da Criança, com 10 artigos:
1. A criança deve ter condições para se desenvolver física, mental, moral, espiritual e socialmente, com liberdade e dignidade.
2. A criança tem direito a um nome e uma nacionalidade, desde o seu nascimento.
3. A criança tem direito à alimentação, lazer, moradia e serviços médicos adequados.
4. A criança deve crescer amparada pelos pais e sob sua responsabilidade, num ambiente de afecto e de segurança.
5. A criança prejudicada física ou mentalmente deve receber tratamento, educação e cuidados especiais.
6. A criança tem direito a educação gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares.
7. A criança, em todas as circunstâncias, deve estar entre os primeiros a receber protecção e socorro.
8. A criança deve ser protegida contra toda a forma de abandono e exploração. Não deverá trabalhar antes de uma idade adequada.
9. As crianças devem ser protegidas contra a prática de discriminação racial, religiosa, ou de qualquer índole.
10. A criança deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade, fraternidade e paz entre os povos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_da_criança
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