"a Vasco
Gonçalves”
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias lábios, tudo ardia.
Eugénio de Andrade
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias lábios, tudo ardia.
Eugénio de Andrade
9 comments:
Bonito o Poema.
Bela escolha para lembrar o 25 Abril.
Não conhecia
Tal poesia
Nem acto tão empenhado
tão reconhecido
do meu (nosso) poeta
Bem apropriado.
Um abraço,
mário
Muito a propósito.
Um abraço e bom fim de semana
São cada vez mais actuais as palavras do Vasco Gonçalves!...
Um abraço Maria!
AL
E, no entanto, a história demora tanto tempo a erguer as palavras verdadeiras adulteradas pelo lixo da mentira!
Um abrasso da fenda do asso
Era um homem bom...
não conhecia esta homenagem a um ser humano de excepção.
beijinhos Maria
Emociono-me sempre que leio este poema de Eugénio dedicado a a um homem inteiro chamado Vasco Gonçalves, que "habitava o comum da terra"...
Obrigada, Maria
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