De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.
De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.
De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.
Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
expressão da multidão que está comigo.
José Carlos Ary dos Santos
6 comments:
Um dos belos poemas de Ary!
Abraço
"erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência."
Que assim seja, poeta
Que assim seja, Maria
Sempre novo, sempre a reinventar-se, o Ary!
grande Ary dos Santos - poesia viva!
beijo
Um poema mesmo a propósito...
Beijos.
A falta que ele faz...
Abraço*
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