ILHA
Tu vives — mãe adormecida —
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem…
Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
— os sonhos dos teus filhos —
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!
Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
— terra dura —
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
Amílcar Cabral
Praia, Cabo Verde, 1945
8 comments:
Assassinado há 40 anos, em Conakry.
Pelos do costume.
excelente Memória...
beijo, Maria
Há mortos que não morrem
(bela a homenagem)
Ah sôdade!! Tenho de ir, depressa...
quem luta por causas justas é sempre
trucidado pelos poderosos
saudações amigas
Porque nos orgulhamos de ter MEMÓRIA grande, que cobre de carinho e admiração os nossos desaparecidos?
Bjinho, Maria-ilha
Duas pérolas
para que nunca se esqueça...
brisas doces**
Post a Comment