Wednesday, April 30, 2008

A poesia de Abril VI

Grito


De ti que inventaste
a paz
a ternura
e a paixão
o beijo
o beijo fundo intenso e louco
e deixaste lá para trás
a côncava do medo
à hora entre cão e lobo
à hora entre lobo e cão.

De ti que em cada ano
cada dia cada mês
não paraste de acender
uma e outra vez
a flor eléctrica
do mais desvairado
coração.

De ti que fugiste à estepe
e obrigaste
à ordem dos caminhos
o pastor
a cabra e o boi
e do fundo do tempo
me chamaste teu irmão.

De ti que ergueste a casa
sobre estacas
e pariste
deuses e linguagens
guerras
e paisagens sem alento.

De ti que domaste
o cavalo e os neutrões
e conquistaste
o lírico tropel
das águas e do vento.

De ti que traçaste
a régua e esquadro
uma abóboda inquieta
semeada de nuvens e tritões
santidades e tormentos.

De ti que levaste
a volupta da ambição
a trepar erecta
contra as leis do firmamento.

De ti que deixaste um dia
que o teu corpo se cansassse
desta terra de amargura e alegria
e se espalhasse aos quatro cantos
diluido lentamente
no mais plácido
silente
e negro breu.

De ti
meu irmão
ainda ouço
o grito que deixaste
encerrado
em cada pétala do céu
cada pedra
cada flor.

O grito de revolta
que largaste à solta
e que ficou para sempre
em cada grão de areia
a ressoar
como um pálido rumor.

O grito que não cansa
de implorar
por amor
e mais amor
e mais amor.

José Fanha
(Breve tratado das coisas da arte e do amor)

Amizade

O Delfim Peixoto, do Baú de Poemas, linkado na barra lateral, atribuiu-me esta distinção. O selinho é este:


Quem aqui passar e quiser pode levá-lo, e distribuí-lo. Basta que copie o selo aqui no blog ou no Gospel Gifs (http://gospel-gifs.zip.net), nomeie 10 blogs amigos e visite cada um deles avisando da nomeação.

Muito obrigada, Delfim, pela Amizade com que me distingues.
Um beijo para ti.

Tuesday, April 29, 2008

A poesia de Abril V

Eu vim de longe


Quando o avião aqui chegou
Quando o mês de maio começou
Eu olhei para ti
Então entendi
Foi um sonho mau que já passou
Foi um mau bocado que acabou

Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha na outra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não hesitei
E os hinos cantei
Foram feitos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão

Quando a nossa festa se estragou
E o mês de Novembro se vingou
Eu olhei pra ti
E então entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou

Tinha esta viola numa mão
Coisas começadas noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a espingarda se virou
Foi pra esta força que apontou

E então olhei à minha volta
Vi tanta mentira andar à solta
Que me perguntei
Se os hinos que cantei
Eram só promessas e ilusões
Que nunca passaram de canções

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

Quando finalmente eu quis saber
Se ainda vale a pena tanto crer
Eu olhei para ti
Então eu entendi
É um lindo sonho para viver
Quando toda a gente assim quiser

Tenho esta viola numa mão
Tenho a minha vida noutra mão
Tenho um grande amor
Marcado pela dor
E sempre que Abril aqui passar
Dou-lhe este farnel para o ajudar

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

E agora eu olho à minha volta
Vejo tanta raiva andar a solta
Que já não hesito
Os hinos que repito
São a parte que eu posso prever
Do que a minha gente vai fazer

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei prá aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

(José Mário Branco)

Monday, April 28, 2008

Falo-te


Falo-te de paz. E de amor
de solidariedade e compreensão
Falo-te dos caminhos de luta que pisamos
e das certezas que um dia o serão.
Falo-te da amizade. E de nós
e dos que depois de nós virão.
Falo-te de Abril e dos frutos por colher
e de Maio esperança a chegar à nossa mão...

Sunday, April 27, 2008

A poesia de Abril IV

Somos Livres


Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.

Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.

Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".

Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.

Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

(Ermelinda Duarte)

Saturday, April 26, 2008

Ainda o Vozes de Abril...

Pois é, não passaram... Eu adivinhava.... (vidé resposta a comentários no post de 5 de Abril).
O espectáculo foi gravado no Coliseu no passado dia 4, há excatamente 3 semanas, e a RTP1 acabou de o passar. Só que se "esqueceu" de passar uma simples frase de Carlos Carranca que, antes de cantar a "Trova do vento que passa" disse apenas "dedico esta canção a todos os professores do meu País". E cantou, a seguir....
E eu pergunto a quem incomoda esta frase? Ou será que foi porque o Coliseu "quase veio abaixo" de tantas palmas que a frase provocou?
E porque é que a RTP1 também censurou a canção que Paxti Andión cantou depois do "El Maestro", que se chama "Verde que te quiero verde", em homenagem a Federico García Lorca, que foi objecto de um post neste blog?
Até parece que estamos noutro tempo...
Temos que reagir. Não podemos calar. Este post é mais do que um desabafo. Porque estou VIVA! E não posso permitir que me amordacem, muito menos que me tirem a alegria de estar viva....
Vivemos em Liberdade? Vivemos. Com o Governo a mandar na RTP, que todos nós pagamos. E quando aparece uma pequena vírgula que não lhes agrada, mandam cortar. Como é que se chama isto? Censura! E depois dizem que nós é que temos mau feitio.....

Friday, April 25, 2008

A poesia de Abril III


As Portas que Abril abriu…


Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.

Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação
uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.

Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.

Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.

Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.

Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.

Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
– pode nascer um país
do ventre duma chaimite.

Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.

E então por vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
desceram homens sem medo
marujos soldados «páras»
que não queriam o degredo
dum povo que se separa.

E chegaram à cidade
onde os monstros se acoitavam
era a hora da verdade
para as hienas que mandavam
a hora da claridade
para os sóis que despontavam
e a hora da vontade
para os homens que lutavam.

Em idas vindas esperas
encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras
arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua
com sete pedras na mão
e uma pedra de lua
no lugar do coração.

Dizia soldado amigo
meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama
temos a mesma ração
dormimos na mesma cama
comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo
soldadinho ou capitão
este povo está contigo
a malta dá-te razão.

Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.

Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril
fez Portugal renascer.

E em Lisboa capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.

Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
onde um povo se curvava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.

Essas portas que em Caxias
se escancararam de vez
essas janelas vazias
que se encheram outra vez
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez
que espreitavam como espias
todo o povo português.

Agora que já floriu
a esperança na nossa terra
as portas que Abril abriu
nunca mais ninguém as cerra.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.

Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.

E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

E então operários mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.

A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam.

Porém cantar é ternura
escrever constrói liberdade
e não há coisa mais pura
do que dizer a verdade.

E uns e outros irmanados
na mesma luta de ideais
ambos sectores explorados
ficaram partes iguais.

Entretanto não descansavam
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam
silêncios boatos murmúrios
risinhos que se calavam
palácios contra tugúrios
fortunas que levantavam
promessas de maus augúrios
os que em vida se enterravam
por serem falsos e espúrios
maiorais da minoria
que diziam silenciosa
e que em silêncio fazia
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo
e com ordenados régios
o alvor do socialismo
e o fim dos privilégios.

Foi então se bem vos lembro
que sucedeu a vindima
quando pisámos Setembro
a verdade veio acima.

E foi um mosto tão forte
que sabia tanto a Abril
que nem o medo da morte
nos fez voltar ao redil.

Ali ficámos de pé
juntos soldados e povo
para mostrarmos como é
que se faz um país novo.

Ali dissemos não passa!
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça
odeia a quem desgraçou.

Foi a força do Outono
mais forte que a Primavera
que trouxe os homens sem dono
de que o povo estava à espera.

Foi a força dos mineiros
pescadores e ganhões
operários e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
que deu o poder cimeiro
a quem não queria patrões.

Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
— cumpriu-se a revolução.

Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções.

Por isso o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos.

E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.

Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha.

E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal.

Os tais homens que sentiram
que um animal racional
opõe àqueles que o firam
consciência nacional.

Os tais homens que souberam
fazer a revolução
porque na guerra entenderam
o que era a libertação.

Os que viram claramente
e com os cinco sentidos
morrer tanta tanta gente
que todos ficaram vivos.

Os tais homens feitos de aço
temperado com a tristeza
que envolveram num abraço
toda a história portuguesa.

Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
– Não havia estado novo
nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.

Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram

das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.

Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.

E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
dum país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser

pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.

No Minho com pés de linho
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho
na Beira com requeijão
e trocando agora as voltas
ao vira da produção
no Alentejo bolotas
no Algarve maçapão
vindimas no Alto Douro
tomates em Azeitão
azeite da cor do ouro
que é verde ao pé do Fundão
e fica amarelo puro
nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo
o povo deita-lhe a mão!

É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de que nós temos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução.

Quem a fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.

Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.

Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

(Ary dos Santos)
Lisboa, Julho-Agosto de 1975

Thursday, April 24, 2008

Há 34 anos foi assim

A PRIMEIRA SENHA


E depois do adeus

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza enfim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

(Emissores Associados de Lisboa)
22.55



A SEGUNDA SENHA


Grândola

Grândola vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

... o poema lido aos microfones...

(Rádio Renascença)
00.20



PRIMEIRO COMUNICADO DO MFA


"Aqui Posto de Comando das Forças Armadas
As Forças Armadas portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem manter com a máxima calma.
Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal, para o que apelamos para o bom senso do Comando das Forças Militares no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas.
Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais, que enlutariam e criariam divisões entre portugueses, o que há que evitar a todo o custo.
Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua acorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração, que se deseja sinceramente desnecessária."

(Lido por Joaquim Furtado)
(Rádio Clube Português)
04.20

Wednesday, April 23, 2008

A poesia de Abril II

Canto Moço


Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca.

(Zeca Afonso)

Tuesday, April 22, 2008

A poesia de Abril I

Queixa das Almas Jovens Censuradas


Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prêmio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crânios ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
conosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

(Natália Correia)

Campanha da Amizade

A Nanda, do blog "Ilhas do mar", http://ilhasdomar.blogspot.com, nomeou-me para este prémio, criado pelos blogs Rota das Hortênsias e Geocrusoe.
O selo é o que aqui fica:

Não me é possível nomear apenas 10 blogs. Quem aqui passar e quiser pode levá-lo, e distribuí-lo conforme as regras que aqui deixo:

Copie o selo aqui no blog ou no Gospel Gifs (http://gospel-gifs.zip.net), nomeie 10 blogs amigos e visite cada um deles avisando da nomeação. Se foi nomeado por alguém, passe adiante e visite os outros nove blogs que foram nomeados junto com você. Ao passar a campanha, pode copiar o texto acima ou criar o seu próprio texto. O importante é não esquecer de avisar onde se encontra o selo e de nomear os seus 10 blogs amigos.

Muito obrigada, Nanda, por esta demonstração de Amizade. Um beijo para ti.

Monday, April 21, 2008

Vou...


Nos teus olhos feitos água
um sorriso de menino
que me estende a mão.
E eu vou...

Sunday, April 20, 2008

Desculpem lá...

Estava o engenheiro Sócrates em campanha pelo Alentejo, quando se
depara com um alentejano a descansar. Decide então impingir-lhe a
lenga-lenga do seu discurso de campanha. Os dois ficam ali a trocar
palavras, até que Sócrates lhe pergunta:

- Se tivesse que trabalhar para o PCP, quantas horas por dia faria ?
- Para o PCP ? Nem uma.
O engenheiro todo contente - este ao menos não é comuna, pensava para si.
- E para o CDS-PP, quantas horas faria ?
- Bom, para esses talvez umas 3, 4 horas diárias.
- E para o PSD ?
- Ah, para esses já trabalhava umas 8, vá lá, 10 horas.
- E aqui para o meu PS ?
- Oh engenheiro, trabalharia as horas que fossem necessárias. 24 sem parar.
Sócrates ficou impressionado pela dedicação que o homem mostrava.
- Assim é que é, compadre. Esforço e empenho é o que precisamos.
Diga-me já agora, qual é mesmo a sua profissão ?
- Sou coveiro.

(Acabei de a receber e não resisti... Tinha preparado outro post, que fica para amanhã...)
Boa semana a todos.

Saturday, April 19, 2008

Descomprimindo, outra vez...


Pois, foi recebido ontem, ao final da tarde.....
E com este tempo apetece ficar em casa, à lareira, com boa música, boa companhia, um livro, um bom vinho, um pãozinho e um queijinho (sempre bom para criar "lastro").

Bom fim de semana a todos.

Friday, April 18, 2008

Abril!


Abril flor Abril cravo Abril amor
Abril alegria Abril poema Abril força
Abril vontade Abril luta Abril certeza
Abril coração Abril futuro Abril esperança
Abril materno Abril parido Abril criança
Abril fome de Maio Abril aqui Abril Sim!

Thursday, April 17, 2008

Em dia de Aviso Geral


Idiotas, palhaços e bandidos,
enfatuados, ocos, ignorantes,
do capital humildes servidores,
ante os trabalhadores majestosos,
melífluos, devotos, afectados,
hipócritas, sem escrúpulos, grosseiros,
no apetite à solta insaciáveis
na total desvergonha sem remédio,
agiotas vorazes para os pobres,
para os ricos mãos rotas sem medida,
impávidos na asneira triunfal,
relapsos no logro e na mentira,
useiros e vezeiros na traição,
são os que nos governam e eu desprezo.

(Armindo Rodrigues)

Friday, April 11, 2008

Porque Abril está aqui

Verde

Verde que te quiero verde, ¡ay!
verde que te quiero verde.
Verde que te quiero verde, ¡ay!
verde que te quiero verde.

Los toros se han revelado,
la impotencia llora y llama,
y desde un río de sangre
hay una voz que reclama, ¡ay!
hay una voz que reclama
la importancia de un amigo,
poeta de cien mil lunas,
garganta dura y hombruna,
gitano de profesión, ¡ay!
por quien hoy rompo yo la voz.

Verde que te quiero verde, ¡ay!
verde que te quiero verde.

Se te escapó la mañana
por detrás de la alcazaba,
caminando ya sin prisas,
amaestrando sonrisas, ¡ay!
amaestrando sonrisas;
y se tiñeron los campos
verdes de la primavera
cuando la nación entera
cabalgó sobre tu llanto ¡ay!
Tú poeta, y ellos tantos...

Verde que te quiero verde, ¡ay!
verde que te quiero verde.

Hoy el verso me reclama
una luz y una llamada,
un canto de cuerpo y alma
como el que el tuyo cantaba, ¡ay!
como el que el tuyo cantaba.

Y el pueblo llora la calma,
y canta porque se ahorca,
y hace tu muerte inmortal
cada vez que alguien te nombra
Federico García Lorca.

Patxi Andión


(vou ali e depois venho. quase logo logo)

Thursday, April 10, 2008

Renascer


A saudade que te tenho não tem medida
Na medida do tempo que já me falta
E na tempestade que enraivece eu fico
Porque da tempestade hás-de vir, eterno e nu
E sei-te da transparência do teu olhar
E adivinho-te dos braços onde descanso
Mergulhamos neste mar que é só nosso
E de onde um dia renasceremos, eu e tu

Tuesday, April 08, 2008

Já te disse


Ai este mar que me traz ausente de ti
mas que afaga o meu corpo
como se fossem as tuas mãos
Ai este sol que me arde
mas que te cobre de beijos
como se fosse a minha boca
Já te disse que todos os dias
quando as ondas rebentam
quando o sol me aquece
quando os pássaros cantam
e uma criança chora, ou ri,
Eu grito
Amo-te Vida!

Monday, April 07, 2008

Tesouros do 1º ciclo

 Mais um mail, acabadinho de receber, que partilho convosco:

- A Bíblia dos Muçulmanos chama-se Kodak. (e Fuji, em japonês.)
- O Papa vive no Vácuo. (Era bom!)
- Antigamente, na França, os criminosos eram executados com a Gelatina. (pelo menos assim não doía tanto.)
- Em Portugal, os homens e as mulheres podem casar. A isto chama-se monotonia. (É frustrante que até na 2ª Classe já pensem assim...)
- Em nossa casa cada um tem o seu quarto. Só o papá é que tem de dormir sempre com a mamã. (Um destino terrível...)
- Os homens não podem casar com homens, porque então ninguém podia usar o vestido de noiva. (Que pena... ahh...)
- Um seguro de vida é o dinheiro que se recebe depois de se ter sobrevivido a um acidente grave. (Certo! E estas pessoas, em regra, vivem com outro nome no Brasil.)
- Os meus pais só compram papel higiénico cinzento, porque já foi utilizado e é bom para o ambiente (Que bom!)
- Adoptar uma criança é melhor! Assim os pais podem escolher os filhos e não têm de ficar com os que lhes saem. (Com os animais de estimação também funciona assim.)
- Adão e Eva viviam em Paris (Sim, sim, lá também é Paridisíaco.)
- O hemisfério Norte gira no sentido contrário do hemisfério Sul. (Viver ao longo do Equador deve ser divertido.)
- As vacas não podem correr para não verterem o leite. (Que bom saber isso...)
- Um pêssego é como uma maçã só que com um tapete por cima. (Nunca tinha pensado nisto.)
- Os douradinhos já estão mortos há muito tempo. Já não conseguem nadar! (Conseguem sim! No óleo da frigideira.)
- Eu não sou baptizado, mas estou vacinado. (Efectivamente deve ajudar mais.)
- Depois do homem deixar de ser macaco passou a ser Egípcio. (Mmm...Isto ainda não sabia!)
- A Primavera é a primeira estação do ano. É na Primavera que as galinhas põem os ovos e os agricultores põem as batatas. (Nunca mais como batatas.)
- O meu tio levou o porco para a casota e lá foi morto juntamente com o meu avô. (Bem, se o avô já lá estava...)
- Quando o nosso cão ladrou de noite a minha mãe foi lá fora amamentá-lo. Se não os vizinhos ficavam chateados. (E assim como terão ficado?)
- A minha tia tem tantas dores nos braços que mal consegue erguê-los por cima da cabeça e com as pernas é a mesma coisa. (Acho que a mim aconteceria o mesmo às pernas.)
- Um círculo é um quadrado redondo. (Também pode ser visto assim.)
- A terra gira 365 dias todos os anos, mas a cada 4 anos precisa de mais um dia e é sempre em Fevereiro. Não sei porquê. Talvez por estar muito frio. (Um génio!)
- A minha irmã está muito doente. Todos os dias toma uma pílula, mas às escondidas, para os meus pais não ficarem preocupados. (Sem comentários... ou a inocência personificada.)

Boa semana para todos!

Sunday, April 06, 2008

Ainda o Vozes de Abril


Deixo-vos hoje o poema que José Fanha disse ontem, no Coliseu:

Eu Sou Português Aqui

Eu sou português
aqui
em terra e fome talhado
feito de barro e carvão
rasgado pelo vento norte
amante certo da morte
no silêncio da agressão.

Eu sou português
aqui
mas nascido deste lado
do lado de cá da vida
do lado do sofrimento
da miséria repetida
do pé descalço
do vento.

Nasci
deste lado da cidade
nesta margem
no meio da tempestade
durante o reino do medo.
Sempre a apostar na viagem
quando os frutos amargavam
e o luar sabia a azedo.

Eu sou português
aqui
no teatro mentiroso
mas afinal verdadeiro
na finta fácil
no gozo
no sorriso doloroso
no gingar dum marinheiro.

Nasci
deste lado da ternura
do coração esfarrapado
eu sou filho da aventura
da anedota
do acaso
campeão do improviso,
trago as mão sujas do sangue
que empapa a terra que piso.

Eu sou português
aqui
na brilhantina em que embrulho,
do alto da minha esquina
a conversa e a borrasca
eu sou filho do sarilho
do gesto desmesurado
nos cordéis do desenrasca.

Nasci
aqui
no mês de Abril
quando esqueci toda a saudade
e comecei a inventar
em cada gesto
a liberdade.

Nasci
aqui
ao pé do mar
duma garganta magoada no cantar.
Eu sou a festa
inacabada
quase ausente
eu sou a briga
a luta antiga
renovada
ainda urgente.

Eu sou português
aqui
o português sem mestre
mas com jeito.
Eu sou português
aqui
e trago o mês de Abril
a voar
dentro do peito.
 
José Fanha
( in) Busca

Saturday, April 05, 2008

Vozes de Abril

As Bandas da Marinha, do Exército e da Força Aérea

Samuel, um cantigueiro nosso conhecido

Alípio de Freitas, esse mesmo, o da cantiga do Zeca Afonso

Queria dizer do que foi o espectáculo. Queria dizer do que senti. Queria dizer de como foi bonito. Não tenho palavras.
E porque é tão difícil escolher uma das cantigas que passaram pelo Coliseu, deixo-vos um poema do Joaquim Pessoa, dito pelo próprio.

CANTA

Atreve-te a julgar. Julga os outros julgando-te a ti mesmo.
A natureza das coisas é a tua natureza. Respira-te, despe-te,
faz amor com as tuas convicções, não te limites a sorrir
quando não sabes mais o que dizer. Os teus dentes
estão lavados, as tuas mãos são amáveis, mas falta-te
decisão nos passos e firmeza nos gestos.
Procura-te. Tenta encontrar-te antes que te agarre a
voracidade do tempo.
Faz as coisas com paixão. Uma paixão irrequieta,
que não te dê descanso
e te faça doer a respiração. Aspira o ar, bebe-o com força, é
teu, nem um cêntimo pagarás por ele.
Quanto deves é à vida, o que deves é a ti mesmo. Canta.
Canta a água e a montanha e o pescoço do rio,
e o beijo que deste e o beijo que darás, canta
o trabalho doce da abelha e a paciência com que crescem
as árvores,
canta cada momento que partilhas com amigos, e cada amigo
como um astro que desponta no firmamento breve do teu corpo.
E canta o amor. E canta tudo o que tiveres razão para cantar.
E o que não souberes e o que não entenderes, canta.
Não fujas da alegria. A própria dor ajuda-te a medir
a felicidade. Carrega nos teus ombros os séculos passados e
os séculos vindouros,
muito do pó que sacodes já foi vida,
talvez beleza, orgulho, pedaços de prazer.
A estrela que contemplas talvez já não exista, quem sabe,
o que te ajudou a ser vida de quantas vidas precisou. Canta!
Se sentires medo, canta. Mas se em ti não couber a alegria,
não pares de cantar.
Canta. Canta. Canta. Canta. Canta. Constrói o teu amor,
vive o teu amor,
ama o teu amor. De tudo o que as pessoas querem, o que
mais querem é o amor.
Sem ele, nada nunca foi igual, nada é igual, nada será igual
alguma vez.
Canta. Enquanto esperas, canta.
Canta quando não quiseres esperar.
Canta se não encontrares mais esperança. E canta quando a
esperança te encontrar.
Canta porque te apetece cantar e porque gostas de cantar e
porque sentes que é preciso cantar.
E canta quando já não for preciso. Canta porque és livre.
E canta se te falta a liberdade.

(in) Vou-me embora de mim)

O espectáculo vai ser transmitido pela RTP1 na noite de 25 de Abril. Não percam...

Friday, April 04, 2008

Escrito antigo


Sou rocha
onde o teu corpo feito de mar se estende
onde as tuas mãos, feitas ondas, me abraçam
Sou barco
e a tua voz em murmúrio fala palavras iguais,
nunca antes escutadas neste mar azul e prata,
que me faz perder o norte
que me leva no sonho e me traz, na última onda,
antes de amanhecer, um novo dia
Sou rocha
onde o teu corpo, pela tardinha, se estende e me possui

Thursday, April 03, 2008

Para descontrair.....

José Sócrates visita a Inglaterra e vai jantar com a rainha (antes do Sarkosy...).
Às tantas, pergunta:
- Vossa majestade, a senhora impressiona-me. Como pode estar sempre cercada de gente inteligente? Como é que a senhora faz?

Ela responde:
- É muito simples. Eu deixo-os sempre em alerta. Faço um teste de QI regularmente, só para ver se a inteligência deles ainda está bem viva.

Sócrates, surpreendido:
- E como é que a senhora faz isso?

A rainha concorda em mostrar um exemplo. Pega no telefone e liga ao Tony Blair:
- Bom dia, Tony. Tenho um pequeno teste para ti...

Tony, todo educado:
- Bom dia, Majestade. Tudo bem. Estou pronto para o teste. Pode perguntar.

- Muito bem, Tony. O teste é o seguinte:
"é filho do teu pai e da tua mãe, mas não é teu irmão nem tua irmã. Quem é?"

- Muito simples, Majestade. Sou eu mesmo...

- Bravo, Tony. Como sempre, inteligente. Até à próxima.

Sócrates fica impressionadíssimo. De volta a Portugal, decide pôr em prática a técnica que aprendeu com a rainha.
Telefona à ministra da educação Maria de Lurdes Rodrigues e pergunta:
- Maria, é o Sócrates, companheira. Tenho aqui um pequeno teste de inteligência para ti.

- Tudo bem, pergunta.

- É o seguinte: é filho da tua mãe e do teu pai, mas não é teu irmão nem tua irmã. Quem é?

- Ah, Sócrates, eu não esperava um teste assim, de repente. Tenho que pensar alguns minutos. Telefono-te depois, ok?

- Sem problemas. Até logo.

Ela de seguida liga para o Cavaco Silva, já que ele tem fama de inteligente.

Faz a mesma pergunta que lhe foi feita, ao que o Cavaco responde:
- Ora bolas Maria, sou eu mesmo, como é óbvio!...

- Muito bem, perfeito, Cavaco! Obrigado.

E volta a ligar ao Sócrates:
- Sócrates, podes repetir a tua pergunta, por favor? Creio que tenho a resposta.

- Muito bem: é filho da tua mãe e do teu pai, mas não é teu irmão nem tua irmã. Quem é?

E a ministra da educação, vitoriosa:
- Simples!!! Ora bolas, é o Cavaco Silva!!!

- Não, estúpida!!! Tens que treinar mais!!! É o Tony Blair!!!

(Acabada de receber por email...)