Monday, October 11, 2010

Arco íris


Gostava de andar descalça. De sentir o fresco do chão e a humidade da terra. Por isso enterrava os pés quando passeava pela praia ou quando plantava flores. E gostava de andar à chuva, deixando que esta escorresse cara abaixo até os pingos entrarem na roupa e lhe molharem o corpo. Sentia-se assim parte integrante da Natureza.
No dia aprazado foi ao encontro que tinha marcado com o amado. Na ponte que atravessa o rio. Nessa ponte que os separa mas que também os une. Estiveram juntos todo o dia, fizeram o que ainda estava por fazer. Marcaram novo encontro para daqui a três meses, na mudança de estação. Voltou para casa. Começara a chuviscar e ainda teve tempo de ver o arco íris. Depois adormeceu. Em paz.

28 comments:

Manuel Veiga said...

quem faz o que deve ser feito. adormece em paz. naturalmente...

gosto do teu registo "intimista"

beijos

Fernando Samuel said...

O arco íris é assim...

Um beijo grande.

Licínia Quitério said...

Maria, a poesia anda contigo, em tudo o que escreves mesmo que se chame prosa.

Beijinho.

Ricardo Silva Reis said...

Olá Maria.
Deixa-me dizer-te que ainda me emociono com ouço (e leio...) Patxi Andion. O teu post anterior fez-me sentir de novo no meio duma época tão bonita para mim. Tantas saudades...
Quanto a este novo. Alguem já te disse que és Poetisa mesmo quando escreves em prosa. Não te conhecendo quase nada (para além do que te leio) arrisco a dizer que és Poetisa mesmo sem escreveres nada. Está-te entranhado.
Estive nas Ilhas (Açores). Acredita que pensei, ao longo dos dias, em ti. No cheiro destas ilhas maravilhosas. Conhecendo-as, fica para mim, que a tua "presença" se alia a este Mar enfeitado de verdes e novos azuis.
Ainda hoje me entram pelos olhos dentro o recorte que as ilhas fazem no mar. Soberbo!
Beijinhos Maria (com muito carinho e admiração)
Ricardo

trepadeira said...

Dorme sempre em paz quem,em consonância com a natureza,planta flores em vez de as colher.
Um abraço,
mário

Rosa dos Ventos said...

Eu bem precisava de dormir em paz!
Tenho de encontrar o arco íris...
Belo texto!

Abraço

anamar said...

belo, maria...

tivesse eu o teu mail e mandarte-ia fotos do JV..,que poderias usar a teu prazer...

o mar da figueira é assim....
abracinho

samuel said...

Três meses passam no piscar de um arco íris...

Abreijo.

Pitanga Doce said...

O arco-íris sempre a acompanhar os enamorados.

Se fossem só tres meses...

M(im) said...

AS pontes, Maria, as pontes que juntam as distâncias. «Pontes» de partida e «pontes» de chegada com lágrimas e sorrisos erráticos. No meio das pontes, Maria, mora a Senhora das Pontes, de todas as pontes: a Saudade. Porque pelas pontes passa-se. Ninguém lá fica.
Saúda-se cada regresso.Chora-se cada partida. às vezes com a mesma lágrima.
ADORO quando escreves assim, com os versos desfeitos mas feitos poesia no conteúdo.
Beijinho

mdsol said...

Beijinho, Maria

:))

Filoxera said...

Vou deixar-te o cenário no EQ.
O resto, talvez venha depois.
:-)
Beijos com sabor a paz.

Manuela Freitas said...

As pontes unem e separam, mas quando é feito o que tem que ser feito fica-se em paz!...
És uma poeta!
Bj,
Manuela

Luis Eme said...

bendita...

beijinho Maria

OUTONO said...

As pontes da vida...o outro lado da ponte...e a saudade de quem parte...ou a alegria de quem chega...
Os dois lados da ponte...traço de encontro...no meio do rio...
Os dois lados da ponte...o teu escrever e o meu ler...aqui encontrados...com marcação para o momento seguinte...
Até já!
Um beijo.

A.S. said...

Tinha que haver um arco-iris... a ponte de todas as emoções, todos os desejos!


Beijos, Maria!
AL

Justine said...

Grande texto: límpido e cintilante como um diamante!

Baila sem peso said...

E a paz se procura na lonjura
todas as cores são ternura
de um arco-íris em sinal...
poetisa com teus pés molhados
num salpicar de outonos desencontrados
na Natureza da ponte, tens a cor do teu final!

beijinhos e boa semanita

Ana said...

Ah, o Amor...

Faz falta um arco-íris, de vez em quando!

Beijinho.

É sempre um gosto ler-te assim.

clic said...

Que o arco-íris é coisa rara... :)

Agulheta said...

Maria. As pontes unem e separam,mas ternura e beleza desta prosa,fica na alma de quem lê,na minha ficou.
Beijinho boa amiga

Maria said...

Muito obrigada pela vossa passagem por aqui.

Beijos a todos.

Cristina Caetano said...

A Ana tirou daqui... subscrevo-a.

Beijinhos, Maria

margusta said...

Lindo Querida Maria !!!...

Abraço GRANDE em ti!

Paúl dos Patudos said...

O arco - íris minha amiga , está no meu Paúl dos Patudos. Quem quiser pode apanhar boleia nele e viajar onde quiser.
À algum tempo que não passava pela tua ilha, mas a minha vida está muito complicada ( o meu pai está com cancro no pancreas ) tento estar com ele o mais tempo possivel e partilhar estes seus dia até...
não tem sido fácil. Há muita dor e sofrimento, minha querida amiga.
Até um dia que eu volte a passar na tua ilha, que espero seja brevemente. até lá grande beijinho e vamos à luta dia 24. Lá estarei.

Duarte said...

Gostei imenso desta narração, sem exagerar, o que aqui escreves vivi-o em todos os pormenores... sinto-me identificado.
Sempre gostei de andar descalço, estive com o meu pai a arranjar o jardim, tive que atravessar o rio Leça pela ponte móvel de Matosinhos para ir ao encontro dela, o Leça desagua na bacia do porto de Leixões, o sitio do encontro a Quinta da Conceição... começou a chover, e muito, até saiu o arco-íris, o que me levou a ir até casa a pé... cheguei empapado.

Um grande abraço

Anonymous said...

Gosto da tua prosa poética.
Deixo-te um beijo.

Loup

Madrigal said...

Prefiro a tua prosa poética à exaltação política. É mais doce.

Abraço