Para que nunca se esqueça
HOMENAGEM AO POVO DO CHILE
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro
Nas suas almas abertas
traziam o sol da esperança
e nas duas mãos desertas
uma pátria ainda criança
Gritavam Neruda Allende
davam vivas ao Partido
que é a chama que se acende
no Povo jamais vencido
– o Povo nunca se rende
mesmo quando morre unido
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.
Alguns traziam no rosto
um ricto de fogo e dor
fogo vivo fogo posto
pelas mãos do opressor.
Outros traziam os olhos
rasos de silêncio e água
maré-viva de quem passa
Uma vida à beira-mágoa.
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.
Mas não termina em si próprio
quem morre de pé. Vencido
é aquele que tentar
separar o povo unido.
Por isso os que ontem caíram
levantam de novo a voz.
Mortos são os que traíram
e vivos ficamos nós.
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que nasceram para o Chile
morrendo de corpo inteiro.
José Carlos Ary dos Santos
18 comments:
Hoje os Inti-Illimani estão de serviço... :-)))
Muito, muito bem acompanhados pelo Zé Carlos!
Abreijo.
Vê lá tu!
Um beijo grande
Uma data a não esquecer mas parece, para alguma comunicação social, que só houve o 11 de Setembro de 2001!
Este é o outro 11 de Setembro que teimam em esconder.
Abreijos.
Maria:
há que séculos que não ouvia os inti ilimani
E o texto do Ary também existe em audio. Certo? tinha uma força a forma como ele o dizia!
Beijo
João P.
Ao ouvir o Inti-Illimani sinto um aperto no coração, o 11 de Setembro que muitos querem que esqueçamos.
BJS,
GR
Uma data de que hoje ninguém fala. A memória humana é curta. Hoje fala-se de 2001. Provavelmente daqui por 20 ou 50 anos ninguém já falará desta também. Mas a história da humanidade sempre coloca as coisas no seu devido lugar.
Um abraço e bom Domingo
Vê lá tu!: também me lembrei disto tudo, hoje...
Um beijo grande.
Honrá-lo-emos continuando o caminho.
Um abraço,
mário
Aqui vou entrando em contato com mais um pouco da história e da poesia, sempre me acrescentando saberes. beijo
Recordei este 11 de Setembro na minha página do facebook. A morte de Salvador Allende, a morte de milhares de chilenos, sem conta, encontrados em valas comuns, mortos por ordem desse monstro de nome Augusto Pinochet. Não o esquecerei nem aos outros, iguais a ele,que mataram tantas famílias injustamente, barbaramente, para que não sejam esquecidos e não voltem a erguer-se outros iguais.
Este poema também consta na minha página no dia de ontem, como nota.
Faz-nos falta este poeta, que eu tive a felicidade de conhecer. A canção será sempre que o homem quiser uma arma.
Bem-hajas!
Beijinho
Esté É UM DIA para não mais esquecer!
Uma das grandes crueldades.
Não conhecia este poema. Gostei.
O que melhor conheço e tenho mais á mão e do Victor Jara.
Um grande abraço
beijo, com saudades de futuro!
Hoje naveguei num mar de indecisões... Talves tivesse feito bem em romper com formalidades editoriais. A data merecia... Não é?, Maria. (mas alguèm fez o trabalho por mim - e bem feito - com Ary a seu jeito)
Hoje estou a escutar e ver os videos. abraço
(à bala, enchiam os campos de futebol, fogo sobre a democracia de que tanto enchem a boca...)
Não há vergonha, de tantos mortos em guerras esquecidas, ontem, hoje.
Os arrepios são antigos.
Bjinho
Muito lindo este post, poema, tema e memória. Falei no dia 11 em diversos comentários sobre o 11 de Setembro de 1973, lembrando os inúmeros mortos e desaparecidos que provocou, não só naquele dia, mas ao longo dos anos da ditadura militar no Chile. E poucos parecem lembrar e parece impossível que os meios de comunicação ignorem assim essa parcela da história de um povo, que marcou a história da humanidade.
Enquanto cá estivermos havemos de lembrar, sempre.
Beijos
Branca
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