Friday, May 09, 2008

Setembro de 1973, no Chile. Porque sim!


Manifesto

Yo no canto por cantar
ni por tener buena voz,
canto porque la guitarra
tiene sentido y razón.
Tiene corazón de tierra
y alas de palomita.
Es como el agua bendita,
santigua glorias y penas.
Aquí se encajó mi canto
como dijera Violeta;
guitarra trabajadora
con olor a primavera,
Que no es guitarra de ricos,
ni cosa que se parezca,
mi canto es de los andamios
para alcanzar las estrellas.

Que el canto tiene sentido
cuando palpita en las venas
del que morirá cantando
las verdades verdaderas.
No las lisonjas fugaces
ni las famas extranjeras,
sino el canto de una lonja
hasta el fondo de la tierra.
Ahí donde llega todo
y donde todo comienza,
canto que a sido valiente
siempre será canción nueva.

(Victor Jara)

38 comments:

Elvira Carvalho said...

Mais um belo poema. A não desmerecer do anterior.
Um abraço

Fernando Samuel said...

Porque sim!
E porque há por aí uns vermes que nos enojam...

Maria said...

elvira carvalho

Às vezes temos que nos lembrar, a sério, de como foi...

Um abraço

Maria said...

fernando samuel

"na mouche"! é mesmo por causa dos vermes...

BlueVelvet said...

Pois, e é por causa dos ditos vermes que também me estão atravessados, que ando a forjar um post sobre este senhor e as suas " cinco mil manos", já que o outro nojento teve a coragem de debochar da tortura do Vitor Jara.
Ai que raiva!
Olha, cá ficam os meus solidários beijinhos

lua prateada said...

Muito lindo Maria...
Saboreando com meu olhar
Este imenso rio
Sinto seu cheiro,
Sua grandeza, imensidão
Sua pureza...quando enche ...desvastidão
Mas como é bom saborear com o olhar
Toda esta imensa natureza e
Sua grande beleza.
Vamos todos este fim de semana saboreá-lo e que seja óptimo...
Beijinho prateado
SOL

samuel said...

Que é que se pode "responder" a um texto assim de Victor Jara? Hoje, será com um pequeno excerto de uma já antiga cantiga da minha lavra...

"Que não se pense
que estou decidido
a mudar de canções
Estamos na mira
das bocas famintas
dos mesmos canhões
Que já aqui nos feriram
mas que não matámos
e hoje só esperam
uma sentinela
que durma no posto de luta
e os deixe lançar-nos ao chão..."

Abreijo

Ana said...

Que nunca se esqueça... que o canto tem sentido. Por mais tempo que passe. Porque sim!
Um beijo, Maria.

O Sibarita said...

Oi dona moça! kkk

Relembrar é viver, é não deixar o passado morrer...

Belo poema!

E a tuga? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

bjs
O Sibarita

isabel said...

beijo

companheira da noite

Carminda Pinho said...

Maria
dedicado ao tal verme...aqui deixo para o último poema de Vitor Jara.

Somos cinco mil
nesta pequena parte da cidade.
Somos cinco mil.
Quantos seremos no total,
nas cidades e em todo o país?
Somente aqui, dez mil mãos que semeiam
e fazem andar as fábricas.

Quanta humanidade
com fome, frio, pânico, dor,
pressão moral, terror e loucura!

Seis de nós se perderam
no espaço das estrelas.

Um morto, um espancado como jamais imaginei
que se pudesse espancar um ser humano.

Os outros quatro quiseram livrar-se de todos os temores
um saltando no vazio,
outro batendo a cabeça contra o muro,
mas todos com o olhar fixo da morte.

Que espanto causa o rosto do fascismo!

Colocam em prática seus planos com precisão arteira,
sem que nada lhes importe.

O sangue, para eles, são medalhas.

A matança é ato de heroísmo.

É este o mundo que criaste, meu Deus?
Para isto os teus sete dias de assombro e trabalho?

Nestas quatro muralhas só existe um número
que não cresce,
que lentamente quererá mais morte.

Mas prontamente me golpeia a consciência
e vejo esta maré sem pulsar,
mas com o pulsar das máquinas
e os militares mostrando seu rosto de parteira,
cheio de doçura.

E o México, Cuba e o mundo?

Que gritem esta ignomínia!
Somos dez mil mãos a menos
que não produzem.

Quantos somos em toda a pátria?

O sangue do companheiro Presidente
golpeia mais forte que bombas e metralhas.

Assim golpeará nosso punho novamente.

Como me sai mal o canto
quando tenho que cantar o espanto!

Espanto como o que vivo
como o que morro, espanto.

De ver-me entre tantos e tantos
momentos do infinito
em que o silêncio e o grito
são as metas deste canto.

O que vejo nunca vi,
o que tenho sentido e o que sinto
fará brotar o momento..."

(Victor Jara, Estádio de Chile, Setembro 1973).


Desculpa é extenso, mas o bom nome do poeta merece-o.

Beijos

amigona avó e a neta princesa said...

Senti assim uma tristeza! Beijos, amiga...

Anonymous said...

A Liberdade será Sempre uma Canção Nova.
Kiss em Liberdade

Maria P. said...

Porque sim!

Beijinho Maria*

Lúcia said...

A canção é uma arma. Cada vez mais...

Justine said...

Nem que seja só para combater o asco, obrigada pelo poema, Maria. Vitor Jara merece ser lembrado em qualquer altura.

L * E said...

Muito bem.

Era uma vez...dois
Começou, será feliz o final?!...

O Profeta said...

Porque não devemos calar...


Doce beijo

Berta Helena said...

És incansável, Maria.
Obrigada por nos recordar Abril de tantas formas, algumas até já um pouco esquecidas.
E esta é muito especial.

Beijos.

Anonymous said...

Viva o Povo Chileno e tudos os oprimidos do Mundo.

Carla said...

aqui voltei, porque sabia que havia palavras cheia de sentido para serem lidas
beijos

Anonymous said...

achei muito lindo, mas transmite algo de triste tamb�m.
beijos e um fim de semana com muita paz e amor em seu cora�o.
amiga apare�a em meu blog, te aguardo.beijinhos.

Deusaodoya.

MIMO-TE said...

Muito lindo e que toca!!!

Bjo kida
Mimo-te

Filoxera said...

Esta bela homenagem vem, mais uma vez, mesmo a propósito.
Lindas, também, as flores com que nos tens recebido aqui.
Beijos.

Belzebu said...

A liberdade está sempre a passar por aqui! Porque sim!

Aquele abraço infernal!

Huckleberry Friend said...

Poucos se lembram do trágico 11 de Setembro, que não de 2001! Mas não podemos esquecê-lo. Deixo aqui dois-ovos-dois para que o fascismo não regresse. Abraços e bom fim-de-semana!

Adriana said...

Só sobra dizer:que lindo!

Licínia Quitério said...

Contra os vermes sempre se erguerá a canção nova!

Beijinho.

Manuel Veiga said...

"Que el canto tiene sentido
cuando palpita en las venas
del que morirá cantando
las verdades verdaderas"...

belo,quarida amiga.

poemas assim contribuem para nos manter vivos.

Agulheta said...

Maria
Sempre com grande força nos trazes aqui belos poemas,não desfazendo dos outros claro este é belo pelo simbolismo da data.
Beijinho e bfs Lisa

Machado de Carlos said...

Pássaro Encantado
Machado de Carlos
http://ilove.terra.com.br/autores/TEXTO.ASP?idpi=204

Amanhã verei a menina bonita?!
- Vem minha sabiá, dê-me tua coragem
Liberta-me. Seguiremos viagem...
Até quando pagarei esta vindita?

Preciso tanto de tuas asas benditas
Vencerei esta neve. Chegarei à margem
Meu pranto agora se fez mensagem
Até quando esta provação prescrita?

Como criança choro pelo teu amor
Como a planta clama ao sol pela cor.
- Não sei voar por esta noite calma.

Fito a tua foto, aumenta a solidão
Lembro os tempos azuis - Dói coração!
- Volte pássaro. Meu encanto. Minha Alma!...

Carlos

Ribeirão Preto, janeiro de 2002

Sal said...

Olá Maria.

Aquele verme teve o único condão de nos despertar outra vez e com mais força para a figura de Victor Jara.

E quanta actualidade nas suas palavras. (infelizmente)

Beijinhos poéticos

Oris said...

Como é bom passar por aqui, para que a memória continue viva.

Beijitos, Maria

Anonymous said...

POESIA MUITO BOA. PARABÉNS PELA ESCOLHA

jorge esteves said...

Foi o tempo em que choveu em Santiago...

abraços!

FERNANDINHA & POEMAS said...

Olá querida Maria, mais um belo poema, todos tem sido maravilhosos... Beijinhos de carinho,
Fernandinha

Cristina Caetano said...

Vivo en un país libre cual solamente puede ser libre. En esta tierra, en este instante y soy feliz porque soy gigante...

Desculpas à minha ignorância por não me lembrar de que país é o autor de Pequeña Serenata Diurna... mas sempre que penso em liberdade, aqui deste lado do Atlântico, é essa poesia que me vem à mente.

Beijinhos e bom fim de semana

Sunshine said...

Porque devemos recordar os erros do passado para que não estejamos sempre a cometer os mesmos erros! A história recente do Chile, por razões pessoais, toca-me de um modo especial.
Beijinhos