Wednesday, March 03, 2010

Porque me apetece José Fanha

ASAS

Nós nascemos para ter asas, meus amigos.
Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós
nascemos para ter asas.
No entanto, em épocas remotas, vieram com dedos
pesados de ferrugem para gastar as nossas asas como
se gastam tostões.
Cortaram-nos as asas para que fôssemos apenas
operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingénuos
de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.
Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas
transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem
mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas,
de novo voltam a ser.
Aceitemos esta hipótese, apesar não termos dela
qualquer confirmação prática.
Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.

José Fanha

22 comments:

Paula Barros said...

Maria, me emocionei, sorri..e lembrei,mesmo sem nunca ter lido José Fanha que escrevi algo parecido.

Quando fui a Brasília escrevi que tinham arrancado as minhas asas, mas eu ia andar, andar, andar...e esperar as asas crescerem de novo.

Maria, o que eu andei em Brasília não está para brincadeira, até hoje não lavei o tênis direito, só para olhar e ver o vermelho do solo de Brasília e lembrar das andanças, das descobertas de mim...

E no final voei como há muito não voava...foi lindo os meus voos...

Adorei ler José Fanha, em seu blog.

beijo

João Paulo Proença said...

Maria:

Vou imprimir e afixar.

Já conhecia do blogue dele, mas hoje apetece-me ainda mais

Beijo

João

samuel said...

Muito bom!

Abreijo.

Laurent said...

Lindíssimo!

Abraços! :D

Ana said...

As asas que nos cortam e que voltam a crescer quando abrimos as janelas e deixamos entrar o azul. Mesmo que os dias continuem cinzentos e a alma chore à espera de uma primavera que tarda... ou nem virá!
Lindíssimo poema de esperança, Maria.

Obrigada pelo teu comentário. És sempre a primeira, Maria. Às vezes , até penso que estás aqui atrás de mim à espera que escreva o post :-) E é tão bom sentir a tua companhia!
Um beijo com amizade.

Anonymous said...

Maria!

Eu sou daquelas que quando cortam as asas elas voltam com muito mais força para voar...não sei viver de outra forma.

Adorei!

Um beijo

zmsantos said...

Grande Fanha!
Belíssima Maria!

Beijos.

viajantes said...

diria mais... Grande Fanha!
Obrigada Maria!

Justine said...

Texto encantador!
Abramos então as janelas...
Beijinhos, já no ar!

Licínia Quitério said...

E apeteceu-te muito bem!

Beijinhos.

Rosa dos Ventos said...

Está a chover, mas vou sair mesmo assim!
Obrigada pelo poema que desconhecia...

Abraço

vieira calado said...

Obrigado pelos seus votos no meu blog.

Vamos a ver se no Sábado não chove...


Beijoca

Fernando Samuel said...

É a força das asas - a invencível força das asas...

Um beijo grande.

Agulheta said...

Maria. Adorei ler o Fanha,podem cortar as assas ao homem,e voltar a cortar,mas à raíz do pensamento nunca.
Beijinho Lisa

Manuela Freitas said...

Olá Maria,
Gosto muito do Fanha, mas depois de uma certa época de grande actividade, silenciou!?...
Estive a ver o programa do Clube Literário para Domingo e eles têm programas desde as 11.30 até às tantas...o que vais lá exactamente ver, a que horas?
Os teus comentários não trazam mail!...
Beijinhos,
Manuela

João Paulo Proença said...

Olá:

Peço desculpa de me intrometer...

O Fanha anda cheio de actividades por aqui:

http://queridasbibliotecas.blogspot.com/

cumprimentos

João P.

ausenda hilário said...

José Fanha escreve ternura, tudo o que dele leio sabe-me a ternura!
Este texto é uma prova disso, a ilusão do nosso voo...que nunca a percamos!!

Beijo

BlueShell said...

pena que as minhas asas demorem para crescer de novo...

mas é um poema de esperança e isso é sempre bom...ter esoerança.

Bj

Bshell

Oliva verde said...

Ao tempo que o não ouço e o não leio!
Obrigada por mo lembrares.
Um abraço

Pitanga Doce said...

E a quem o dizes. Uma gaivota teimosa como eu!

beijos Maria

Cristina Caetano said...

Sem asas eu não vivo, me angustia a falta de liberdade, a de pensamento, a da palavra, a física. Já pensei em tatuar umas asinhas nas costas, algo discreto, quem sabe? ;)

E que engraçado... eu jurava ter deixado um comentário ontem aqui (minha cabeça não está boa). :)

Beijos, querida Maria.

Anonymous said...

sempre desconfiei que por muito que me "cortem" as asas eu acabo sempre por sair pela janéla.
Costumo dizer-te que fizeste uma boa escolha, ou que está excelente, ou que era mesmo isto que eu precisava ler, digo costumo dizer-te porque é o que sinto.
HOJE digo-te foi bom demais chegar aqui e voltar a ver uma janéla.
Tu ENTENDES-ME.
Beijos Muitos.

Acho que te vou "roubar" estas palavras... tanto me dizem...