Primeiro chegaram Elas. Vinham da cidade grande com os estômagos preparados para a Alcatra. Que é feita durante três dias. Numa caçoila de barro, de preferência já muito usada. A Alcatra que afinal é acém... e o gato da vizinha não aparecia...
Vieram Elas, dizia, porque Eles viriam depois. Um trabalho de última hora que os reteve na cidade grande. E vieram todo o caminho conversando animadamente tão distraídas que iam passando a saída devida mas! a tempo lá apanharam a autoestrada que as levaria à Alcatra. Os estômagos preparados e quase a dar horas...
Já na planície doirada e porque Eles viriam mais tarde que tal um café disse uma pois com uma empada disse a outra. E lá foram às empadas e ao café. Ah, as empadas, 'aquelas' que seriam deglutidas como o melhor manjar. Porque os estômagos já pediam a Alcatra e há que enganá-los com as empadas.
Os Amigos esperavam quem vinha de lonje e a casa cheirava a canela do arroz doce ainda morno e a Alcatra que afinal é acém e que continuava lentamente ao lume. E o gato da vizinha não aparecia...
Finalmente chegou Ele. Só um. Já sabíamos que o outro não viria, contratempos que deverão ser recompensados com outra Alcatra, um dia destes.
Haja alguém que abra o vinho, para respirar. Temos de ir buscar as migas e as empadas dizia o dono da casa e lá foi com o outro. E o gato da vizinha não aparecia...
Alcatra é com massa sovada dizia a dona da casa o que é massa sovada é aquela espécie de pão que está no cesto ah pois ao pé do pãozinho alentejano tão bom para molhar...
Finalmente sentados à mesa com a Alcatra que afinal é acém à frente e a batata doce a massa sovada as migas e as 'outras' empadas. Irresistíveis. De comer uma atrás da outra. E depois a Alcatra, deliciosa, porque tudo o que é feito com amor fica delicioso. E a Alcatra foi feita com amor. E o gato da vizinha que não aparecia...
Está aqui uísque para quem quiser por mim bebo desta aguardente.
Por fim, mesmo no fim, apareceu o gato da vizinha. Não veio ao cheiro da Alcatra, não. Veio atrás do cheiro da aguardente.
O que é que o título deste post tem a ver com a Alcatra que afinal é acém e as empadas e as migas e o arroz doce e o pão de rala e a encharcada e os pastéis de nata e os queijos e tudo o resto? Nada. Ou quase nada.
Mas para digerir tudo isto não há nada como uma aguardente de Mostajeiros!
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22 comments:
Que bom, Maria!
Beijos.
!!! :)))
Querida Maria! :)... também apareceu a gata... lembras-te? :)...
agora, é esperar que passe o calor e haverá outra alcatra para os mesmos e o outro "Ele", que não pôde vir...
beijocasssss
vovó Maria
A aguardente não acabou... nem o amor.
Abreijo.
Desejei e salivei e lembrei-me do copo d'água... hehehe
Beijinhos, Maria. :)
Cris Caetano
Nem me fales no copo de água...
Se pudesses ver a tua cara...
hehehehehehehe
Beijinhos, Cris!
Hummm...segui o aroma lá de longe desta alcatra e me deliciei com teu post!
Aguçou a vontade de estar ali e beber da aguardente e provar estas iguarias...saio daqui com água na boca!
Deixo meu beijo!
Querida Vovó Maria
:)))
Para a próxima alcatra acrescento a gata...
:)))
Beijocas
Em texto tão saboroso
Até aroma se sente
No serão delicioso
Nem faltou a aguardente
:)))
Ó Maria, excelente. E que sorte ter partilhado o que tão bem cronicaste!
Agora... isso do gato-sim e da gata-não tem que se lhe diga. Será que julgaste ter visto dois gatos no lugar de um gato, quando era um casal de gatos?
Não pode ser... Aliás, posso ser testemunha - que sorte, insisto - de que não abusaste da aguardente, apesar dos elogios (bem merecidos) que lhe fazes.
Beijos e até domingo... antes do 29 de Maio
Por um momento, pensei que "o gato da vizinha" fosse o Gabriel. Mas, ele viria pela Alcatra, que é Acém, e nem tanto pela aguardente. Já se fosse o pai dele...
Hehehehe...
Beijão, AICeT
E achas que essa aguardente dá para digerir tudo, mesmo tudo?! :-)
Bela e saborosa crónica de uma encontro de amigos no Alentejo, suponho...
Com gatos e tudo!
Abraço
Muito bem, Maria. Que delícia de Crónica de uma Alcatra Anunciada.
...que afinal era acém!
E o gato, uma boa crónica tem de ter um gato. Que aparece ou não. :)))
Beijinhos.
Aguardente de Mostajeiros. Tá anotado!
O que eu perdi!...
(apesar de umas empadas, de um arroz doce e de um pão de rala que milagrosamente me chegaram..)
Um beijo grande.
Olá querida Maria,
Mas que narração tão engraçada e curiosa! Gosto muito do Alentejo e da sua comida, mas cá de nomes de pratos não percebo nada!..
Eu também ia por uma aguardente de Mostajeiros, whisky não, prefiro produtos nacionais.
Andei por aqui a fazer umas maldades, a roubar umas poesias do Ary dos Santos, não é para o blogue, é para um site onde escrevo umas coisas, só que tu como não tens index foi mais difícil, espero que não te aborreças.
Beijinhos,
Manuela
Acontece, Maria, que esta alcatra me transportou à Ilha. Onde talvez nem seja acém, mas é uma iguaria de primeira. Onde a massa sovada é uma tradição. Como o vinho dos Biscoitos, que é uma espécie de americano ou morangueiro, como se preferir...
Mais acontece que, não tendo eu ainda jantado e nem dispondo de empadas para aplacar o estômago, quanto mais da milagrosa alcatra, vou tratar de ver o que se arranja, rapidamente, muito rapidamente.
Um abraço.
Saborosa narrativa!:)
Beijinho, minha Maria*
Fiquei aqui perdida na tua história mesmo sem gostar de água ardente.
Por aqui o cheiro é a terra molhada da chuva.
O pãozinho alentejano não é de se jogar fora. hehehe
Obrigada por terem passado aqui.
Beijos a todos.
:)))
Se o meu avô Bento fosse vivo...diria.......menina....ruim de bom :))
Brisas frescas para ti***+
Parapeito
Com este calor bem preciso de brisas frescas...
:))
Alcatra é um dos pratos tradicionais da ilha Terceira, Açores. Veio com os povoadores.
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