Adoro esse teu ar quando me tocas.
Começas por ficar transfigurada
para, depois de unir as nossas bocas,
te tornares uma fera não domada.
Mordes-me o peito, os ombros, o pescoço.
As tuas coxas nas minhas mãos são abraço
tão forte e perigoso que não posso
responder a seguir pelo que faço.
Enlouqueço. Também sou uma fera
há dias sem comer, à tua espera
pra poder devorar-te e saciar-me.
A luta assim é própria de quem ama.
Se eu tiver de morrer, seja na cama
a vir-me nos teus braços e a passar-me.
Joaquim Pessoa
in Sonetos Eróticos & Irónicos & Sarcásticos & Satíricos
& de Amor & Desamor & de Bem e de Maldizer
(post pré-programado)