![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpWWk8OFOiR35gQMIhYtrKuE_l4vvd7e5qF5VsQU-M0IuV9W22_dY0qjk3oJekvzaCN3l0ImlxSx0UnnH_WctnoQ-SZK0lXXjWzGxJfc0htRtb2owRdnOVh8-C-mWx44RfqVbA/s400/P8250019.B.jpg)
Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
(David Mourão Ferreira)