Wednesday, December 31, 2008
Para os amigos dos dois lados do Atlântico
É doce morrer no mar
(Dorival Caymmi)
É doce morrer no mar,
Nas ondas verdes do mar
A noite que ele não veio foi,
Foi de tristeza pra mim
Saveiro voltou sozinho
Triste noite foi pra mim
É doce morrer no mar,
Nas ondas verdes do mar
Saveiro partiu de noite, foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito
Sereia do mar levou.
É doce morrer no mar,
Nas ondas verdes do mar
Nas ondas verdes do mar, meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de noivo
No colo de Iemanjá
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Tuesday, December 30, 2008
AO MORRER...
Ao morrer, nada mais me importará.
Por antecipação, nem já me importa.
Com consciência, pois, do paradoxo,
é que ouso dizer com bonomia
que até quem se incomode a acompanhar-me
o corpo hirto, inerte, a apodrecer,
ao cemitério sossegado e claro,
o fará com desgosto meu actual.
Nunca gostei de incomodar ninguém.
Mas quem não quero lá, fique isto assente,
são padres, charlatães, capitalistas,
para nem morto suportar ofensas.
Armindo Rodrigues
Por antecipação, nem já me importa.
Com consciência, pois, do paradoxo,
é que ouso dizer com bonomia
que até quem se incomode a acompanhar-me
o corpo hirto, inerte, a apodrecer,
ao cemitério sossegado e claro,
o fará com desgosto meu actual.
Nunca gostei de incomodar ninguém.
Mas quem não quero lá, fique isto assente,
são padres, charlatães, capitalistas,
para nem morto suportar ofensas.
Armindo Rodrigues
Monday, December 29, 2008
Espero-te
Sunday, December 28, 2008
Já não choro
Já não choro, já não tenho lágrimas,
secaram com o vento que ondula as searas
Tenho apenas esta enorme angústia
no peito na garganta no estômago,
disseste que estarias comigo
e a meu lado só o frio dos lençóis
e da tua ausência tão fortemente presente
Mas eu que sou terra e fogo e mar
hei-de erguer a bandeira dos não vencidos
e entrarei com ela, novamente,
pela enorme, e sempre aberta, porta da vida!
Saturday, December 27, 2008
Thursday, December 25, 2008
Charles Chaplin, eterno!
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara muitas vezes”!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante.
Charles Chaplin
(este post é exactamente igual ao que coloquei aqui no ano passado, mas não quero, nem posso, deixar passar esta data em branco...)
Nos beirais...
Sabes o que o silêncio me diz?
As estradas desertas cheias de pó?
Os pedaços de gente pobre e infeliz
Nos beirais da cidade mais que só…
Passam sacos inundados de plástico e vazio
Nos sorrisos de um tempo que não existe
Cada um reclama para si um calor em tons de frio
Nos beirais da cidade mais que triste…
Dizem que é Natal. Evidentemente.
Façamos então uma roda numa mão que aperta
Cantemos o futuro, que o passado é presente
E a cidade, coitada, mais que deserta…
Chovem palavras ocas… sem que o remetente sorria
Caem no cesto das prendas, sem ver nem apalpar
Rasgos de um não acontecer em noite que arrepia
Nos beirais da cidade… onde se perde o segredo do olhar…
Voamos? Saltamos? Gritamos? VEMOS? Quem sabe
Amanhã tudo passa e voltarão os turnos naturais
Porque hoje, consoada de um amor que não nos cabe
Perdemo-nos na cidade, adormecidos nos seus beirais!
Pedro Branco
(poema inédito)
(imagem de olhares.aeiou)
Wednesday, December 24, 2008
Natal, e não Dezembro
Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
Monday, December 22, 2008
PORQUE É NATAL
"Queridas amigas e amigos,
O que eu gostava mesmo era de ser o Pai Natal. O verdadeiro. O autêntico. O que desce pelas chaminés e leva uma prenda a cada menino. E, já agora, a cada adulto.
Sei que já não há chaminés por onde possa escorregar um Pai Natal que se preze. Teria de aprender outros truques para entrar na casa de cada um.
Mas havia de levar prendas daquelas que não são compradas à pressa. Nem precisam de muitos laços e fitas. Prendas com prendas dentro. Das que ficam muito tempo a fazer ninho no coração das pessoas.
Levava sorrisos. Sobretudo sorrisos. Não daqueles que se acendem a medo, de espinhela dobrada, “com-licença-faz-favor”. Mas sorrisos fortes como os dos homens que são capazes de olhar de frente a vida e dar a volta aos tropeços do destino.
Levava palavras. Palavras escritas devagarinho e com todas as letras. Palavras fraternas e limpas como as pedrinhas que se apanha à beira mar. Cada uma escolhida de propósito para cada pessoa.
Levava livros também. Daqueles que nos oferecem muitas horas de viagens verdadeiras, de alegria, de espanto, de maravilha, de medo, de ternura. Daqueles que nos fazem conhecer outras pessoas, com outros desejos, outras dores e outros sonhos. Livros que nos ajudam a saber que cada um de nós não é o centro do mundo e nos permitem a festa estender pontes daqui para ali, do nosso peito para o longe do universo.
Talvez não consiga levar-vos tudo isto pessoalmente. Mas segue um abraço dado com toda a força e o desejo de muita luz neste Natal."
José Fanha
Este post foi totalmente "surripiado" do
Queridas Bibliotecas, do José Fanha
Sunday, December 21, 2008
Sinto-me assim...
Vôo
Saturday, December 20, 2008
Friday, December 19, 2008
Thursday, December 18, 2008
Obrigada
Dás-me tanto todos os dias sempre que leio as tuas palavras
Que chegando de mãos vazias as levo cheias de abraços
Trago-te bem dentro de mim do lado esquerdo, no coração
Que é o lugar mais bonito para guardar um filho, um irmão
Rebento-me por dentro, no peito do sufoco, do pranto, do grito
Abro a janela e soltas-te em rio de dentro de mim, até ao infinito.
(imagem da net)
Parabéns, Patrícia!
Wednesday, December 17, 2008
Liberdade
Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Armindo Rodrigues
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Armindo Rodrigues
Tuesday, December 16, 2008
Chega-te cá
Chega-te cá e ouve o que te digo
são muitas as águas que hão-de correr
são tantos os rios que se encolhem nas margens
são imensos os mares que temos por navegar
Chega-te cá e olha-me nos olhos
diz-me o que quero ouvir para renascer
diz-me que a esperança se renova em todas as paisagens
e que não tarda o tempo de te amar...
Monday, December 15, 2008
Regresso
Quando é que as camélias estão em flor?
diz-me em que mês, para eu arrancar as outras folhas do calendário
as que faltam até ao mês das camélias
Quando voltará o vento a soprar ameno, se nem chegou ainda
o inverno de todos os ventos?
Não quero deixar de sonhar, e não podendo escolher os sonhos
faço deles uma forma de luta
da luta que me fará regressar a mim
um dia
para me ter, de novo, inteira!
Sunday, December 14, 2008
Agradecendo desafios e desafiando...
Fui desafiada pela Filoxera (Escrito a quente) e pela Tulipa (http://jardins-proibidos-tulipa.blogspot.com/) a responder a um desafio, o que faço abaixo, pedindo desculpa pelo atraso em fazê-lo.
Consiste este desafio em escolher um cantor ou grupo e, escolhendo dez cantigas deste cantor ou grupo, responder às perguntas que se seguem.
O meu escolhido é Chico Buarque, porque é um dos meus Eternos!
Então aqui vai:
1. És homem ou mulher? A Ilha
2. Descreve-te: Tanto Mar
3. O que é que as pessoas acham de ti? Amigo é pra essas coisas
4. Como descreves o teu último relacionamento? O Meu Amor
5. Descreve o estado actual da tua relação: Atrás da porta
6. Onde querias estar agora? Tororó
7. O que pensas a respeito do amor? Tanta saudade
8. Como é a tua vida? Cálice
9. O que pedirias se pudesses ter um desejo? Pedaço de mim
10. Escreve uma fase sábia: Vence na Vida quem diz Sim
Como as regras existem para serem quebradas, não vou nomear ninguém. Quem quiser pode pegar no desafio e levá-lo…
Obrigada Filoxera, obrigada Tulipa. Beijos.
**********************
Também o Jorge, do Vagabundices, me desafiou para “me confessar”, quase há 15 dias.
Desculpa o atrazo, Jorge, mas houve alguns percalços entretanto…
Já não me sei confessar (desaprendi com a idade) mas de qualquer foma vou tentar reponder.
Primeiro as regras:
1 - Linkar quem te ofereceu a distinção.
2 - Editar no blog as respectivas regras.
3 - Mencionar seis ou mais coisas acerca de ti.
4 - Distinguir cinco pessoas e divulgar os repectivos links.
5 - Deixar um comentário nos blogs dos visados avisando-os da distinção.
6 - Avisar quem te distiguiu que já foi dado o respectivo seguimento.
E pronto, lá vão as minhas confissões, embora ache que ninguém vai ficar surpreendido:
1 – Amo o mar, preciso dele para viver
2 – Adoro ler e ouvir música
3 – Sou amiga dos meus amigos e solidária com os menos favorecidos
4 – Detesto a injustiça, a hipocrisia, a mentira, a arrogância, a prepotência
5 – Defenderei a liberdade e lutarei por um mundo melhor até ao fim
6 – Preciso muito de “fugir daqui”…
Mais uma vez quebro as regras, e não desafio ninguém.
Está aqui tudo, sabem como se faz, levem, por favor!
Obrigada, Jorge. Beijos para ti.
(quando voltas?)
Consiste este desafio em escolher um cantor ou grupo e, escolhendo dez cantigas deste cantor ou grupo, responder às perguntas que se seguem.
O meu escolhido é Chico Buarque, porque é um dos meus Eternos!
Então aqui vai:
1. És homem ou mulher? A Ilha
2. Descreve-te: Tanto Mar
3. O que é que as pessoas acham de ti? Amigo é pra essas coisas
4. Como descreves o teu último relacionamento? O Meu Amor
5. Descreve o estado actual da tua relação: Atrás da porta
6. Onde querias estar agora? Tororó
7. O que pensas a respeito do amor? Tanta saudade
8. Como é a tua vida? Cálice
9. O que pedirias se pudesses ter um desejo? Pedaço de mim
10. Escreve uma fase sábia: Vence na Vida quem diz Sim
Como as regras existem para serem quebradas, não vou nomear ninguém. Quem quiser pode pegar no desafio e levá-lo…
Obrigada Filoxera, obrigada Tulipa. Beijos.
**********************
Também o Jorge, do Vagabundices, me desafiou para “me confessar”, quase há 15 dias.
Desculpa o atrazo, Jorge, mas houve alguns percalços entretanto…
Já não me sei confessar (desaprendi com a idade) mas de qualquer foma vou tentar reponder.
Primeiro as regras:
1 - Linkar quem te ofereceu a distinção.
2 - Editar no blog as respectivas regras.
3 - Mencionar seis ou mais coisas acerca de ti.
4 - Distinguir cinco pessoas e divulgar os repectivos links.
5 - Deixar um comentário nos blogs dos visados avisando-os da distinção.
6 - Avisar quem te distiguiu que já foi dado o respectivo seguimento.
E pronto, lá vão as minhas confissões, embora ache que ninguém vai ficar surpreendido:
1 – Amo o mar, preciso dele para viver
2 – Adoro ler e ouvir música
3 – Sou amiga dos meus amigos e solidária com os menos favorecidos
4 – Detesto a injustiça, a hipocrisia, a mentira, a arrogância, a prepotência
5 – Defenderei a liberdade e lutarei por um mundo melhor até ao fim
6 – Preciso muito de “fugir daqui”…
Mais uma vez quebro as regras, e não desafio ninguém.
Está aqui tudo, sabem como se faz, levem, por favor!
Obrigada, Jorge. Beijos para ti.
(quando voltas?)
Saturday, December 13, 2008
Friday, December 12, 2008
"faz de conta... és poeta!"
quero ler
- avó, quero ler!
diz com a sua sacola
- mas não sabes as letras,
ainda não foste à escola
- eu já sei o A e já sei o O
- mas não sabes juntar
e isso é preciso,
para palavas formar
- sei o Fê e o Mê
e sei juntar com o A
essas letras já vi
uma é Fá outra Má
- muito bem, diz a avó
- e se for com o O?
- também sei juntar essas,
uma é Fó outra Mó
- para ler é preciso
mais letras saber
quando fores crescidita
vais para a escola aprender
- e agora, tu contas?
ou conta a mamã?
eu gosto de histórias
conta esta da rã.
O sonho concretizou-se e o livro da Luísa Azevedo é lançado amanhã, às 15.00 horas, na FNAC de Alfragide.
É lá que vou estar...
Thursday, December 11, 2008
Quem me mandou resistir?
A terra onde moro tem de tudo prédios onde mora gente decente vivendas ilegais com piscina e tudo sem autorização de construção iluminações de natal e muitos carros.
A terra onde moro é ao pé do mar e ao pé do rio tem um estádio a que chamam nacional piscinas olímpicas e tudo o resto. E um frio a percorrer-me o corpo.
Ou tem nada. Tem apenas pessoas. Que trabalham. A terra onde moro é quase um dormitório tirando os senhores das vivendas que têm sempre gente.
Na terra onde moro há assaltos e tiros e grandes vivendas de gente importante. E grandes jogos de futebol e ténis e outros desportos. Na terra onde moro há tudo. Ou nada. E um frio a percorrer-me o corpo.
E como na terra onde moro há tudo, há também assaltos a casas e a pessoas, por esticão ou outra coisa qualquer. E vivendas e cães e gente importante e outras pessoas, novos e mais velhos. Na terra onde moro o rio acaba e o mar começa. E lambe-me os pés quando me passeio pelo areal. E quando há assaltos as pessoas fecham-se em casa com medo! E um frio a percorrer-me o corpo.
Na terra onde moro há velhos que são assaltados por jovens quase miúdos que fazem disto uma forma de vida. Organizados. Em carros roubados ou não. Mas organizados!
A terra onde moro é a minha outra terra. E é azul e verde. E tem areia dourada. E carros. E vivendas com gente e cães. Na terra onde moro há assaltos como nas outras terras. E um frio a percorrer-me o corpo.
E se sobrevivermos aos assaltos para podermos contar como foi devemos agradecer a quem nos assaltou por terem sido bonzinhos porque os maus tratos foram apenas porque resistimos. Quem me mandou resistir? E um frio a percorrer-me o corpo.
Na terra onde moro há vizinhos solidários. São pessoas. Na terra onde moro as pessoas vêm às janelas quando ouvem gritos muitos gritos. Na terra onde moro e vivo há gente que se fecha nas vivendas e há pessoas solidárias. E isso é o que importa... E um frio a percorrer-me o corpo.
A terra onde moro é ao pé do mar e ao pé do rio tem um estádio a que chamam nacional piscinas olímpicas e tudo o resto. E um frio a percorrer-me o corpo.
Ou tem nada. Tem apenas pessoas. Que trabalham. A terra onde moro é quase um dormitório tirando os senhores das vivendas que têm sempre gente.
Na terra onde moro há assaltos e tiros e grandes vivendas de gente importante. E grandes jogos de futebol e ténis e outros desportos. Na terra onde moro há tudo. Ou nada. E um frio a percorrer-me o corpo.
E como na terra onde moro há tudo, há também assaltos a casas e a pessoas, por esticão ou outra coisa qualquer. E vivendas e cães e gente importante e outras pessoas, novos e mais velhos. Na terra onde moro o rio acaba e o mar começa. E lambe-me os pés quando me passeio pelo areal. E quando há assaltos as pessoas fecham-se em casa com medo! E um frio a percorrer-me o corpo.
Na terra onde moro há velhos que são assaltados por jovens quase miúdos que fazem disto uma forma de vida. Organizados. Em carros roubados ou não. Mas organizados!
A terra onde moro é a minha outra terra. E é azul e verde. E tem areia dourada. E carros. E vivendas com gente e cães. Na terra onde moro há assaltos como nas outras terras. E um frio a percorrer-me o corpo.
E se sobrevivermos aos assaltos para podermos contar como foi devemos agradecer a quem nos assaltou por terem sido bonzinhos porque os maus tratos foram apenas porque resistimos. Quem me mandou resistir? E um frio a percorrer-me o corpo.
Na terra onde moro há vizinhos solidários. São pessoas. Na terra onde moro as pessoas vêm às janelas quando ouvem gritos muitos gritos. Na terra onde moro e vivo há gente que se fecha nas vivendas e há pessoas solidárias. E isso é o que importa... E um frio a percorrer-me o corpo.
Tuesday, December 09, 2008
Relembrando...
(videos retirados do Canhotices)
............
Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.
Chama-se FMI.
Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...
É o internacionalismo monetário!
...........
Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!
FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI
Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!
FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui
Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!
FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...
Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three
FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...
Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com o José Cacila que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio 'Roulant' preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?
FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...
Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma 'Graciv Morn' (??) de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...
Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...
Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.
Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.
José Mário Branco
(eu vou ali. depois volto, logo.)
Monday, December 08, 2008
Junquilhos
Nessa tarde mimosa de saudade
Em que eu te vi partir, ó meu amor,
Levaste-me a minh'alma apaixonada
Nas folhas perfumadas duma flor.
E como a alma, dessa florzita,
Que é minha, por ti palpita amante!
Oh alma doce, pequenina e branca,
Conserva o teu perfume estonteante!
Quando fores velha, emurchecida e triste,
Recorda ao meu amor, com teu perfume
A paixão que deixou e qu'inda existe...
Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde,
Que venha aquecer-se ao brando lume
Dos meus olhos que morrem de saudade!
Florbela Espanca
(in "A Mensageira das Violetas")
(8 de Dezembro de 1894 - 8 de Dezembro de 1930)
(foto de Maria Dias, retirada da net)
Sunday, December 07, 2008
A medida
Saturday, December 06, 2008
Friday, December 05, 2008
Nasci para te amar
Thursday, December 04, 2008
O meu abraço
Se te disser que o céu ainda é azul
e que as nuvens podem ser brancas,
nos dias de sol que te aquecem
ou escuras, quando te choram
Se te mostrar os rios correndo para a foz
desaguando no mar em espuma orgasmo
e o vento a dançar com as folhas
caídas dos plátanos do nosso jardim
Saberás que as rugas que me sulcam o rosto
são momentos intensamente vividos e não cansaço.
Estremeço-me só de pensar em ti. És a minha casa
onde te espera sempre, no regresso, o meu abraço.
Wednesday, December 03, 2008
Soneto à maneira de Camões
Tão mesquinha e tão vil, tu que pariste
As normas do estatuto do docente,
Não tens nada de humano, não és gente,
Nada mais que injustiças produziste.
Se lá nesse poleiro aonde subiste
O estado do ensino tens presente,
Repara como és incompetente,
Como a classe docente destruíste.
Se pensas que esta gente está domada,
Te aceita a ti, ao Valter e ao Pedreira,
Estás perfeitamente equivocada:
Em breve encontraremos a maneira
De vos correr p'ra longe à cacetada,
Limpando a educação de tanta asneira!
(recebido por mail. não resisti...)
As normas do estatuto do docente,
Não tens nada de humano, não és gente,
Nada mais que injustiças produziste.
Se lá nesse poleiro aonde subiste
O estado do ensino tens presente,
Repara como és incompetente,
Como a classe docente destruíste.
Se pensas que esta gente está domada,
Te aceita a ti, ao Valter e ao Pedreira,
Estás perfeitamente equivocada:
Em breve encontraremos a maneira
De vos correr p'ra longe à cacetada,
Limpando a educação de tanta asneira!
(recebido por mail. não resisti...)
Tuesday, December 02, 2008
Porque hoje me apetece Ary dos Santos
O Futuro
Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente.
Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente.
Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.
O que é preciso é termos confiança
se fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.
(José Carlos Ary dos Santos)
Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente.
Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente.
Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.
O que é preciso é termos confiança
se fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.
(José Carlos Ary dos Santos)
Sunday, November 30, 2008
Saturday, November 29, 2008
Lembrando Alves Redol
QUADRAS
Se me vires de pau e manta,
não cuides que sou pastor:
sou da vila de Samora,
das Lezirias guardador.
(Samora Correia)
Não m'importo ser soldado,
contando que o batalhão
traga sempre na bandeira
bordado o teu coração.
(Benavente)
O meu amor disse à mãe
que me havia de deixar.
Agora deixo-o eu;
tome lá, vá-se gabar!
(Samora Correia)
Alves Redol
(29 de Dezembro de 1911 - 29 de Novembro de 1969)
(Cancioneiro do Ribatejo)
Se me vires de pau e manta,
não cuides que sou pastor:
sou da vila de Samora,
das Lezirias guardador.
(Samora Correia)
Não m'importo ser soldado,
contando que o batalhão
traga sempre na bandeira
bordado o teu coração.
(Benavente)
O meu amor disse à mãe
que me havia de deixar.
Agora deixo-o eu;
tome lá, vá-se gabar!
(Samora Correia)
Alves Redol
(29 de Dezembro de 1911 - 29 de Novembro de 1969)
(Cancioneiro do Ribatejo)
Friday, November 28, 2008
Hoje, outra vez!
Ao meu Partido
Deste-me a fraternidade para com o que não conheço.
Acrescentaste à minha a força de todos os que vivem.
Deste-me outra vez a pátria como se nascesse de novo.
Deste-me a liberdade que o solitário não tem.
Ensinaste-me a acender a bondade, como um fogo.
Deste-me a rectidão de que a árvore necessita.
Ensinaste-me a ver a unidade e a diversidade dos homens.
Mostraste-me como a dor de um indivíduo morre com a vitória de todos.
Fizeste-me edificar sobre a realidade como sobre uma rocha.
Tornaste-me adversário do malvado e muro contra o frenético.
Fizeste-me ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria.
Tornaste-me indestrutível, porque, graças a ti, não termino em mim mesmo.
(Pablo Neruda)
Thursday, November 27, 2008
SPARTACUS
Em cada hora
Em cada dia
Século após século
os homens arremessam o teu nome ao vento
e dele saem dardos, punhais, espadas
e dele saem pombas e flores ensanguentadas
De cada letra um filho
De cada som um eco
Teu nome-profecia
Teu nome vinho-novo
que ao terceiro dia há-de ressuscitar
nas veias do meu povo
Teu nome
que mil vezes tem sido agrilhoado
Teu nome sangue-mel
nos lábios do carrasco uma esponja de fel
Teu nome-escravo
Teu nome-espectro
fantasma de terror na noite de algozes
temido como as vozes que clamam no deserto
Teu nome-salmo
escrito em cada corpo morto
em cada cruz erguida
Teu nome-espiga
que se transforma em pão
Teu nome-pedra
da construção do mundo
que será o fruto do teu gesto
Teu nome
em cada gesto do esvoaçar das asas
da gaivota presa
Teu nome
vela-acesa na catedral da esperança
do altar-homem
Teu nome
em cada grito
em cada mão
Teu nome-sinfonia
que há-de explodir com a alegria
de um átomo liberto
Spartacus!
Teu nome-irmão.
Maria Eugénia Cunhal
(retirado do Cravo de Abril)
Em cada dia
Século após século
os homens arremessam o teu nome ao vento
e dele saem dardos, punhais, espadas
e dele saem pombas e flores ensanguentadas
De cada letra um filho
De cada som um eco
Teu nome-profecia
Teu nome vinho-novo
que ao terceiro dia há-de ressuscitar
nas veias do meu povo
Teu nome
que mil vezes tem sido agrilhoado
Teu nome sangue-mel
nos lábios do carrasco uma esponja de fel
Teu nome-escravo
Teu nome-espectro
fantasma de terror na noite de algozes
temido como as vozes que clamam no deserto
Teu nome-salmo
escrito em cada corpo morto
em cada cruz erguida
Teu nome-espiga
que se transforma em pão
Teu nome-pedra
da construção do mundo
que será o fruto do teu gesto
Teu nome
em cada gesto do esvoaçar das asas
da gaivota presa
Teu nome
vela-acesa na catedral da esperança
do altar-homem
Teu nome
em cada grito
em cada mão
Teu nome-sinfonia
que há-de explodir com a alegria
de um átomo liberto
Spartacus!
Teu nome-irmão.
Maria Eugénia Cunhal
(retirado do Cravo de Abril)
Wednesday, November 26, 2008
*
Tuesday, November 25, 2008
Algas
Monday, November 24, 2008
Flor
Sunday, November 23, 2008
Meu último filho
Este é o meu último filho,
um filho feito como os outros.
Com o conhecimento
de duas almas.
Com paixão...
Com a união da poesia
Este é o meu último filho,
um filho feito de palavras,
como o nosso amor.
Um filho feito
da habilidade dos sentimentos
com o calor de um peito
afogueado.
Com duas mãos quentes
húmidas de desejo.
Este é o meu último filho,
um filho gerado como os outros.
É menino,
chama-se Poema... e é teu.
Vanda Paz
(http://www.nectardaspalavras.blogspot.com)
Conheço a Vanda desde (antes de ser) bebé. Lança hoje o primeiro livro, de que deixo o poema acima, e espero que seja o primeiro de outros, não digo muitos, mas de outros livros que se seguirão a este.
Parabéns, Vanda, pelo sonho concretizado.
Até já!
Saturday, November 22, 2008
Friday, November 21, 2008
Arame
Que nunca se cale a ternura das palavras
e nunca se desfaçam os sonhos que trazes nas mãos
que das lágrimas que te escorrem se façam sementes
que ao cairem no chão possam ser fecundadas
pelas águas dos rios que te trespassam
e de novo possam surgir as árvores de verde folhagem
para abrigarem todos os pássaros quando chegar a primavera
não haverá mais gritos nem medos nem espadas
todas as crianças voltarão a brincar nas ruas
e a Natureza voltará em todo o seu esplendor
como se nunca tivesse havido um arame…
Thursday, November 20, 2008
Arre porra que é teimosa!
Obrigada, Licínia
Beira-Mar
Os olhos das mulheres
cavalgam as praias desertas
e a acalmia das ondas.
Ficam verdes os olhos das mulheres
no seu afã de adivinhar os peixes.
Águas-marinhas crescem-lhes nos dedos
longos, longos.
Há estrelas-do-mar a rematar
as tranças de meninas
que chegaram do longe, longe.
Debruçam-se serenas
sobre a caligrafia andarilha das gaivotas
a ler histórias que os netos lhes contaram.
Antes que a tarde as envelheça,
acendem nas areias fogos altos
e pintam as cores do sol poente
e cantam líquidas melopeias
e cantam e cantam
as mulheres da beira-mar.
Licínia Quitério
(in De Pé Sobre o Silêncio)
Os olhos das mulheres
cavalgam as praias desertas
e a acalmia das ondas.
Ficam verdes os olhos das mulheres
no seu afã de adivinhar os peixes.
Águas-marinhas crescem-lhes nos dedos
longos, longos.
Há estrelas-do-mar a rematar
as tranças de meninas
que chegaram do longe, longe.
Debruçam-se serenas
sobre a caligrafia andarilha das gaivotas
a ler histórias que os netos lhes contaram.
Antes que a tarde as envelheça,
acendem nas areias fogos altos
e pintam as cores do sol poente
e cantam líquidas melopeias
e cantam e cantam
as mulheres da beira-mar.
Licínia Quitério
(in De Pé Sobre o Silêncio)
Wednesday, November 19, 2008
Debaixo da pele
Tenho na garganta um nó que me sufoca e que eu desfaço
quando a tua voz me sussurra ao ouvido
palavras tão bonitas e tão suaves
como são as palavras de amor que me dizes
Tenho nos olhos um mar imenso, azul e profundo
onde tu mergulhas sempre que eu quiser
depois de um chuto na bola ou de uma corrida
na praia e vens molhado ter comigo
Tenho nos braços e no peito uma enorme ternura
e um grande amor para te dar. Em troca, só quero
agora esse beijo salgado que me prometeste
e onde escondes todo o desejo que eu te adivinho
debaixo da pele.
Tuesday, November 18, 2008
Percorri todos os caminhos
Percorri todos os caminhos de todos os cheiros de todas as cores
palmilhados em tempos idos nos tempos de todos os amores
Percorro-te outra vez num sim e não de todas as forças abandonada
e de todos os poros me sai a solidão de nada ter e me teres rasgada
Percorro-me em todo o teu corpo decorado como um mapa de mim
sei-te como mais ninguém. És sopro que caminha a meu lado, sim!
Monday, November 17, 2008
Para descontrair.....
AULAS DE SUBSTITUIÇÃO?
A Ministra da Educação entra na clínica onde tinha marcado uma consulta de cardiologia.
Após cerca de uma hora de espera é chamada ao consultório, dizendo-lhe o médico de imediato:
- Por favor dispa-se e abra as pernas.
Espantada, a Ministra da Educação responde:
- Mas, Sr. Dr. ... eu marquei uma consulta de cardiologia.
E o médico esclarece-a de imediato:
- Eu sei, minha senhora, mas eu sou o médico de substituição e sou ginecologista.
(recebida, fresquinha, por mail...)
Boa semana a todos!
A Ministra da Educação entra na clínica onde tinha marcado uma consulta de cardiologia.
Após cerca de uma hora de espera é chamada ao consultório, dizendo-lhe o médico de imediato:
- Por favor dispa-se e abra as pernas.
Espantada, a Ministra da Educação responde:
- Mas, Sr. Dr. ... eu marquei uma consulta de cardiologia.
E o médico esclarece-a de imediato:
- Eu sei, minha senhora, mas eu sou o médico de substituição e sou ginecologista.
(recebida, fresquinha, por mail...)
Boa semana a todos!
Sunday, November 16, 2008
Procuro-me
Saturday, November 15, 2008
Música para o fim de semana
Sabiam que o famoso My Way cantado por Sinatra foi feito a partir desta cantiga?
Bom fim-de-semana!
Friday, November 14, 2008
Para bom entendedor...
"O Tubarão queria devorar peixe. Os peixes, por seu lado, sabendo das intenções do Tubarão, rapidamente se organizaram em cardume e assim se mantiveram em movimentos constantes. O Tubarão ficou baralhado pois só via uma enorme "massa" a movimentar-se, não lhe sendo possível distinguir nenhum peixe que pudesse caçar. Os peixes, inteligentemente, nunca se separaram, pois sabiam no que momento em que o fizessem todos passariam a ser alvos fáceis do Tubarão. Os peixes sabiam que, enquanto estivessem assim organizados e unidos, estariam em segurança e que o Tubarão acabaria por ir para outros mares."
(recebido por e-mail, e não resisti...)
(logo, logo eu volto)
Tuesday, November 11, 2008
Porque me apetece Joaquim Pessoa
Amor Combate
Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.
Amor-país.
Quero cantar-te. Como quem diz:
O nosso amor é sangue. É seiva. É sol. É Primavera.
Amor intenso. amor imenso. amor instante.
O nosso amor é uma arma. É uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.
O nosso amor é pássaro voando. Mas à toa.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa.
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.
Deixa-me soltar estas palavras amarradas
para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade
Joaquim Pessoa
(eu vou ali. depois volto logo, logo)
Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.
Amor-país.
Quero cantar-te. Como quem diz:
O nosso amor é sangue. É seiva. É sol. É Primavera.
Amor intenso. amor imenso. amor instante.
O nosso amor é uma arma. É uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.
O nosso amor é pássaro voando. Mas à toa.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa.
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.
Deixa-me soltar estas palavras amarradas
para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade
Joaquim Pessoa
(eu vou ali. depois volto logo, logo)
Monday, November 10, 2008
Miriam Makeba
Com Miriam Makeba (Mama Africa ou "primeira-dama da música sul-africana", como lhe chamou Nelson Mandela) também aprendi a crescer.
Voou ontem, após um concerto contra a mafia, em Itália.
Fica a sua música, e a memória de uma lutadora militante contra o apartheid na África do Sul.
Manta
Sunday, November 09, 2008
Porque a LUTA continua!
Podem dizer que não viram!
Podem dizer que não sabem!
Podem dizer o que quiserem!
Mas não podem ignorar!
POEMA "emprestado" do Cravo de Abril
O BICHO
Vi ontem um bicho
na imundície do pátio
catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
não examinava nem cheirava:
engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
não era um gato,
não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
na imundície do pátio
catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
não examinava nem cheirava:
engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
não era um gato,
não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
Saturday, November 08, 2008
Música para o fim de semana
Fala do Homem nascido - um dos melhores discos que, na minha opinião, se fez em Portugal.
(retirado do Cravo de Abril)
Friday, November 07, 2008
Inquietação
Não deixes sepultar o amor. Não podes sepultar o amor. Porque o amor, se é amor, renasce todos os dias. Quando acordas. Quando respiras. Quando choras. Quando ris.
De nada serve esconder o amor debaixo de uma qualquer pedra. O amor tem asas e não se deixa prender. O amor é livre, só assim é amor.
A minha inquietação é outra. A minha inquietação é ter tanta coisa ainda para fazer e já não ter tempo suficiente. A minha inquietação é querer que tu me entendas e eu não conseguir explicar melhor.
A minha inquietação não tem limite, nem eu me limito.
(imagem oferecida por uma amiga)
Thursday, November 06, 2008
Cântico negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!
"Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
(José Régio)
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!
"Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
(José Régio)
Wednesday, November 05, 2008
Outono
Tuesday, November 04, 2008
Violentaram-me o silêncio
Abordaram-me como quem aborda
Uma criança, rebuçado na mão
Olhos meigos e sorriso triste
E eu calei-me
Andaram por caminhos ínvios
O pensamento atravessado
Com voltas e voltas e mais voltas
E eu nada disse
Fizeram todas as perguntas
As que quiseram e as
Que tinham para fazer
E eu não respondi
Finalmente
Violentaram-me o silêncio
E isso não tem retorno.
Por isso os meus olhos estão tristes!
Uma criança, rebuçado na mão
Olhos meigos e sorriso triste
E eu calei-me
Andaram por caminhos ínvios
O pensamento atravessado
Com voltas e voltas e mais voltas
E eu nada disse
Fizeram todas as perguntas
As que quiseram e as
Que tinham para fazer
E eu não respondi
Finalmente
Violentaram-me o silêncio
E isso não tem retorno.
Por isso os meus olhos estão tristes!
Monday, November 03, 2008
Para descontrair.....
Estória de dois transfronteiriços:
Dois putos, um Português e um Espanhol.
O puto espanholito tinha a mania de chegar ao pé do Portuga e dizer-lhe:
- Eu como chocolate e tu comes broa!
O Portuga, farto de ouvir aquilo (e de comer broa), quando o espanhol chega e lhe diz novamente:
- Eu como chocolate e tu comes broa!
responde:
- Ah é ? Mas eu tenho um governo do PS e tu não tens!
O Espanholito, apanhado de surpresa, vai para casa e pergunta à mãe o que é que há-de dizer para responder ao cabrão do Tuga.
A mãe diz-lhe:
- Quando ele te disser isso, diz que não tens... Mas que vais ter!
Então, quando se encontram novamente, o puto Espanhol diz:
- A minha mãe disse-me que não temos um governo do PS mas que vamos ter!
Responde o Tuguinho:
- Ai sim ? Então vais passar a comer broa que te lixas !!!
(recebida por email, como é hábito...)
Boa semana, se possível!
Dois putos, um Português e um Espanhol.
O puto espanholito tinha a mania de chegar ao pé do Portuga e dizer-lhe:
- Eu como chocolate e tu comes broa!
O Portuga, farto de ouvir aquilo (e de comer broa), quando o espanhol chega e lhe diz novamente:
- Eu como chocolate e tu comes broa!
responde:
- Ah é ? Mas eu tenho um governo do PS e tu não tens!
O Espanholito, apanhado de surpresa, vai para casa e pergunta à mãe o que é que há-de dizer para responder ao cabrão do Tuga.
A mãe diz-lhe:
- Quando ele te disser isso, diz que não tens... Mas que vais ter!
Então, quando se encontram novamente, o puto Espanhol diz:
- A minha mãe disse-me que não temos um governo do PS mas que vamos ter!
Responde o Tuguinho:
- Ai sim ? Então vais passar a comer broa que te lixas !!!
(recebida por email, como é hábito...)
Boa semana, se possível!
Sunday, November 02, 2008
Saturday, November 01, 2008
Friday, October 31, 2008
maparipiaspas & cia.
naquela tarde de todos os encontros
a ideia gerMinou tal qual poema
voou nas folhas leves do outono
que em bando de amizade se fez gente
e no meio de todAs as palavras
daquelas ditas e pensadas
e das que poR medo se calaram
parImos um poema de ternura
que magia e amizAde conceberam;
no final dessa chuvosa tarde
refrescámos nossos coraçõeS
das palavras sangradas e caladas
Esquecidas perante as ilusões
e para além do nosso enorme abraço
sobra-nos este Calor amigo
desaguado como rio na foz,
neste porto feIto mar
e nesta vontade imensA de, de novo, te encontrar.
escrito a 4 mãos para 4 corações
Thursday, October 30, 2008
Las manos
Dos especies de manos se enfrentan en la vida,
brotan del corazón, irrumpen por los brazos,
saltan, y desembocan sobre la luz herida
a golpes, a zarpazos.
La mano es la herramienta del alma, su mensaje,
y el cuerpo tiene en ella su rama combatiente.
Alzad, moved las manos en un gran oleaje,
hombres de mi simiente.
Ante la aurora veo surgir las manos puras
de los trabajadores terrestres y marinos,
como una primavera de alegres dentaduras,
de dedos matutinos.
Endurecidamente pobladas de sudores,
retumbantes las venas desde las uñas rotas,
constelan los espacios de andamios y clamores,
relámpagos y gotas.
Conducen herrerías, azadas y telares,
muerden metales, montes, raptan hachas, encinas,
y construyen, si quieren, hasta en los mismos mares
fábricas, pueblos, minas.
Estas sonoras manos oscuras y lucientes
las reviste una piel de invencible corteza,
y son inagotables y generosas fuentes
de vida y de riqueza.
Como si con los astros el polvo peleara,
como si los planetas lucharan con gusanos,
la especie de las manos trabajadora y clara
lucha con otras manos.
Feroces y reunidas en un bando sangriento
avanzan al hundirse los cielos vespertinos
unas manos de hueso lívido y avariento,
paisaje de asesinos.
No han sonado: no cantan. Sus dedos vagan roncos,
mudamente aletean, se ciernen, se propagan.
Ni tejieron la pana, ni mecieron los troncos,
y blandas de ocio vagan.
Empuñan crucifijos y acaparan tesoros
que a nadie corresponden sino a quien los labora,
y sus mudos crepúsculos absorben los sonoros
caudales de la aurora.
Orgullo de puñales, arma de bombardeos
con un cáliz, un crimen y un muerto en cada uña:
ejecutoras pálidas de los negros deseos
que la avaricia empuña.
¿Quién lavará estas manos fangosas que se extienden
al agua y la deshonran, enrojecen y estragan?
Nadie lavará manos que en el puñal se encienden
y en el amor se apagan.
Las laboriosas manos de los trabajadores
caerán sobre vosotras con dientes y cuchillas.
Y las verán cortadas tantos explotadores
en sus mismas rodillas.
(Miguel Hernández)
(30 de Outubro de 1910 - 28 de Março de 1942)
brotan del corazón, irrumpen por los brazos,
saltan, y desembocan sobre la luz herida
a golpes, a zarpazos.
La mano es la herramienta del alma, su mensaje,
y el cuerpo tiene en ella su rama combatiente.
Alzad, moved las manos en un gran oleaje,
hombres de mi simiente.
Ante la aurora veo surgir las manos puras
de los trabajadores terrestres y marinos,
como una primavera de alegres dentaduras,
de dedos matutinos.
Endurecidamente pobladas de sudores,
retumbantes las venas desde las uñas rotas,
constelan los espacios de andamios y clamores,
relámpagos y gotas.
Conducen herrerías, azadas y telares,
muerden metales, montes, raptan hachas, encinas,
y construyen, si quieren, hasta en los mismos mares
fábricas, pueblos, minas.
Estas sonoras manos oscuras y lucientes
las reviste una piel de invencible corteza,
y son inagotables y generosas fuentes
de vida y de riqueza.
Como si con los astros el polvo peleara,
como si los planetas lucharan con gusanos,
la especie de las manos trabajadora y clara
lucha con otras manos.
Feroces y reunidas en un bando sangriento
avanzan al hundirse los cielos vespertinos
unas manos de hueso lívido y avariento,
paisaje de asesinos.
No han sonado: no cantan. Sus dedos vagan roncos,
mudamente aletean, se ciernen, se propagan.
Ni tejieron la pana, ni mecieron los troncos,
y blandas de ocio vagan.
Empuñan crucifijos y acaparan tesoros
que a nadie corresponden sino a quien los labora,
y sus mudos crepúsculos absorben los sonoros
caudales de la aurora.
Orgullo de puñales, arma de bombardeos
con un cáliz, un crimen y un muerto en cada uña:
ejecutoras pálidas de los negros deseos
que la avaricia empuña.
¿Quién lavará estas manos fangosas que se extienden
al agua y la deshonran, enrojecen y estragan?
Nadie lavará manos que en el puñal se encienden
y en el amor se apagan.
Las laboriosas manos de los trabajadores
caerán sobre vosotras con dientes y cuchillas.
Y las verán cortadas tantos explotadores
en sus mismas rodillas.
(Miguel Hernández)
(30 de Outubro de 1910 - 28 de Março de 1942)
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Wednesday, October 29, 2008
Falo-te
Tuesday, October 28, 2008
A Galopar
Las tierras, las tierras, las tierras de España,
las grandes, las solas, desiertas llanuras,
Galopa, caballo cuatralbo, jinete del pueblo, al sol y a la luna.
¡ A galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar !
A corazón suenan, resuenan, resuenan
las tierras de España, en las herraduras.
Galopa, jinete del pueblo, caballo cuatralbo, caballo de espuma
¡ A galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar !
Nadie, nadie, nadie, que enfrente no hay nadie;
que es nadie la muerte si va en tu montura.
Galopa, caballo cuatralbo, jinete del pueblo, que la tierra es tuya.
¡ A galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar !
(Rafael Albertí)
(16.Dezembro.1902 - 28.Outubro.1999)
Agradecendo prémios...
Monday, October 27, 2008
Para descontrair.....
(imagem retirada da net)
A Branca de Neve, a Bruxa e o Pinóquio encontram-se na floresta.
- Sou a mais linda do mundo! - diz a Branca de Neve
- Sou a mais feia do mundo ! - diz a Bruxa
- Sou o maior mentiroso do mundo ! - diz o Pinóquio
E então entram, um de cada vez, na Grande Caverna, para falarem com o Sábio da Floresta, possuidor do Espelho Mágico da Verdade.
A Branca de Neve entra e sai muito feliz:
- Sou mesmo a mais linda do mundo!
A Bruxa entra também e sai toda sorridente:
- Sou mesmo a mais feia do mundo!
O Pinóquio entra por último, sai enfurecido e pergunta:
- Fosga-se !!!! Quem é o Sócrates?
(recebida por mail)
Boa semana para todos!
A Branca de Neve, a Bruxa e o Pinóquio encontram-se na floresta.
- Sou a mais linda do mundo! - diz a Branca de Neve
- Sou a mais feia do mundo ! - diz a Bruxa
- Sou o maior mentiroso do mundo ! - diz o Pinóquio
E então entram, um de cada vez, na Grande Caverna, para falarem com o Sábio da Floresta, possuidor do Espelho Mágico da Verdade.
A Branca de Neve entra e sai muito feliz:
- Sou mesmo a mais linda do mundo!
A Bruxa entra também e sai toda sorridente:
- Sou mesmo a mais feia do mundo!
O Pinóquio entra por último, sai enfurecido e pergunta:
- Fosga-se !!!! Quem é o Sócrates?
(recebida por mail)
Boa semana para todos!
Sunday, October 26, 2008
Saturday, October 25, 2008
Friday, October 24, 2008
Despedida
Meus amigos.
Todos vós que eu amei
E que também me amaram
Quando eu tiver partido
Para a minha verdadeira pátria
Não chorem a minha ausência.
Revivam os bons momentos
Que vivemos em conjunto
E verão que a lembrança
É também uma presença.
E eu, com o espírito livre
Do peso da matéria
Poderei percorrer o universo
E ajudar aqueles a quem amei.
Então, se estiverem tristes
Se estiverem desconsolados
Pensem em mim, chamem por mim
E logo de seguida eu estarei aí
Para vos ajudar e vos consolar
E vereis como é bom
Ter um amigo no lado de lá.
E quando a vossa vez chegar
De fazer a grande jornada
Tão pouco chorem por
Aqueles que por aqui deixam
Pois isso não será um adeus
Mas simplesmente um "até breve".
Afinal… eu lá estarei
Para vos receber.
(Yan-Rub)
Todos vós que eu amei
E que também me amaram
Quando eu tiver partido
Para a minha verdadeira pátria
Não chorem a minha ausência.
Revivam os bons momentos
Que vivemos em conjunto
E verão que a lembrança
É também uma presença.
E eu, com o espírito livre
Do peso da matéria
Poderei percorrer o universo
E ajudar aqueles a quem amei.
Então, se estiverem tristes
Se estiverem desconsolados
Pensem em mim, chamem por mim
E logo de seguida eu estarei aí
Para vos ajudar e vos consolar
E vereis como é bom
Ter um amigo no lado de lá.
E quando a vossa vez chegar
De fazer a grande jornada
Tão pouco chorem por
Aqueles que por aqui deixam
Pois isso não será um adeus
Mas simplesmente um "até breve".
Afinal… eu lá estarei
Para vos receber.
(Yan-Rub)
Thursday, October 23, 2008
… e não consigo…
Entraste devagarinho dentro de mim. E eu deixei.
Inundaste-me com a alegria de um menino. E eu sorri.
Dançámos todas as danças que havia para inventar. Estremeci
e o teu coração bateu forte, apressado.
No vai e vem das marés andámos por caminhos proibidos. E tu sabias.
Demos as mãos com a ternura do amor primeiro. O nosso.
Pintámos esse amor com o vermelho da paixão. Vivido.
Das palavras que nos dissemos só uma ficou acordada. Falo da saudade
Todas as outras adormeceram no tempo no dia na hora que não escolhemos
Vejo os teus olhos que me sorriem e tu não me vês.
Dou-te um abraço apertado que tu não sentes.
Beijo-te o corpo sem te tocar e amo-te!
Mantenho o teu cheiro, que guardo com todos os sentidos.
Vives rente ao meu coração que ainda bate descompassado, por ti.
Agora sou eu que quero sair de dentro de mim.
Estilhaçar-me em mil pedaços.
… e não consigo…
Wednesday, October 22, 2008
Fome
Tuesday, October 21, 2008
Por enquanto
Monday, October 20, 2008
Para descontrair.....
(Recebi o que se segue por e-mail, e porque já é a terceira vez que o recebo decidi partilhá-lo convosco. Aqui vai:)
Um velho árabe muçulmano iraquiano, a viver há mais de 40 anos nos EUA, quer plantar batatas no seu jardim, mas cavar a terra já é um trabalho demasiado pesado para ele.
O seu filho único, Ahmed, está a estudar em França, e o velhote envia-lhe a seguinte mensagem:
Querido Ahmed,
Sinto-me mal porque este ano não vou poder plantar batatas no jardim.
Já estou demasiado velho para cavar a terra.
Se tu estivesses aqui, todos estes problemas desapareceriam.
Sei que tu remexerias e prepararias toda a terra.
Beijos
Papá
Poucos dias depois, recebe a seguinte mensagem:
Querido pai,
Se fazes favor, não toques na terra desse jardim.
Escondi aí umas coisas.
Beijos
Ahmed
Na madrugada seguinte, aparecem no local a polícia, agentes do FBI, da CIA, os SWAT, os Rangers, os Marines, Steven Seagal, Silvester Stallone e alguns mais da elite dos EUA, bem como representantes do Pentágono, da Secretaria de Estado, do Mayor, etc.
Removem toda a terra do jardim procurando bombas, ou material para as construir, antrax, etc. Não encontram nada e vão-se embora, não sem antes interrogarem o velhote, que não fazia a mínima ideia do que eles buscavam.
Nesse mesmo dia, o velhote recebe outra mensagem:
Querido pai,
Certamente a terra já está pronta para plantar as batatas.
Foi o melhor que pude fazer, dadas as circunstâncias.
Beijos
:):):)
Um velho árabe muçulmano iraquiano, a viver há mais de 40 anos nos EUA, quer plantar batatas no seu jardim, mas cavar a terra já é um trabalho demasiado pesado para ele.
O seu filho único, Ahmed, está a estudar em França, e o velhote envia-lhe a seguinte mensagem:
Querido Ahmed,
Sinto-me mal porque este ano não vou poder plantar batatas no jardim.
Já estou demasiado velho para cavar a terra.
Se tu estivesses aqui, todos estes problemas desapareceriam.
Sei que tu remexerias e prepararias toda a terra.
Beijos
Papá
Poucos dias depois, recebe a seguinte mensagem:
Querido pai,
Se fazes favor, não toques na terra desse jardim.
Escondi aí umas coisas.
Beijos
Ahmed
Na madrugada seguinte, aparecem no local a polícia, agentes do FBI, da CIA, os SWAT, os Rangers, os Marines, Steven Seagal, Silvester Stallone e alguns mais da elite dos EUA, bem como representantes do Pentágono, da Secretaria de Estado, do Mayor, etc.
Removem toda a terra do jardim procurando bombas, ou material para as construir, antrax, etc. Não encontram nada e vão-se embora, não sem antes interrogarem o velhote, que não fazia a mínima ideia do que eles buscavam.
Nesse mesmo dia, o velhote recebe outra mensagem:
Querido pai,
Certamente a terra já está pronta para plantar as batatas.
Foi o melhor que pude fazer, dadas as circunstâncias.
Beijos
:):):)
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