REZA, MARIA!
Suam no trabalho as curvadas bestas
e não são bestas
são homens, Maria!
Corre-se a pontapés os cães na fome dos ossos
e não são cães
são seres humanos, Maria!
Feras matam velhos, mulheres e crianças
e não são feras, são homens
e os velhos, as mulheres e as crianças
são os nossos pais
nossas irmãs e nossos filhos, Maria!
Crias morrem à míngua de pão
vermes nas ruas estendem a mão à caridade
e nem crias nem vermes são
mas aleijados meninos sem casa, Maria!
Bichos espreitam nas cercas de arame farpado
curvam cansados dorsos ao peso das cangas
e também não são bichos, Maria!
Do ódio e da guerra dos homens
das mães e das filhas violadas
das crianças mortas de anemia
e de todos que apodrecem nos calabouços
cresce no mundo o girassol da esperança.
Ah, Maria
põe as mãos e reza.
Pelos homens todos
e negros de toda a parte
põe as mãos
e reza, Maria!
José Craveirinha
(poema retirado do Cravo de Abril)
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23 comments:
Sábio poema, no mesmo dia em que o governador do Banco de Portugal tarde e más horas "admite" a crise em Portugal.
O primeiro-ministro esse encolhe os ombros e empurra com a barriga.
Reza, Maria, porque serão uma vez mais os desgraçados a sofrer com a crise.
Um beijo que este ainda to posso dar!
Os anos passam, os governos mudam, mas continuamos à mercê deles...
Beijinhos
eu disse que vinha, e vim! e de onde vim só consigo ter paz. maria
um beijo
luísa
Avisaste que o trazias para aqui... e cumpriste. Em boa hora!
Quanto mais lido for, melhor!
Abreijo
Há vozes que são intemporais. Esta é uma delas. Pela força que denota, faz crescer o girassol da esperança.
Foi muito bom lê-la aqui. Obrigada, Maria.
Um beijo.
"Do ódio e da guerra dos homens
das mães e das filhas violadas
das crianças mortas de anemia
e de todos que apodrecem nos calabouços
cresce no mundo o girassol da esperança."
Acredito no girassol.
Beijo de esperança
É a hora Maria...
Põe as mãos e reza...eu rezo contigo.
Beijos
que lindoooooo poema Maria,bjssssss de luz e paz minha querida,adorei teu blog,parabéns.
que lindoooooo poema Maria,bjssssss de luz e paz minha querida,adorei teu blog,parabéns.
Falar em Craveirinha é não esquecer Moçambique...é lembrar quanta injustiça quanta brutalidade
quanta arrogância mastiga este mundo.
Gostei muito de o reler aqui...
E no céu dos poetas, decerto ele está a rezar por todos nós.
H� olhos que se fecham propositadamente para n�o verem esta falta de humanidade. H� quem tente desviar o olhar dos outros com manobras de divertimento s� para que n�o se apercebam deste mundo podre a que ironicamente chamam "aldeia global".
beijinhos
Boa escolha de palavras que eu não conhecia.
E tanta gente pensa que é um passado distante...
Era juso e urgente que eu dissesse que venho aqui. Também que foi muito gratificante encontrá-la num outro lugar de afectos raros (a quem eu sou infinitamente grata). Lá nos voltaremos a encontrar, porque eu desisto de tudo, menos das pessoas de quem gosto. Aqui também porque nunca mais passarei em silêncio total...
beijo e dia feliz
porque o mundo continua a ser palco de inúmeras injustiças...este poema continua muito actual
beijos
Ah Maria, são tão urgentes as flores neste deserto!
Beijinh.
mais um que não conhecia...
Pois claro, o prometido é devido - e está cumprido...
Um beijo amigo.
mais um lindo poema!
Poema forte. Belo. É preciso lembrar. Rezar também. Mas lutar. E avisar a malta, como diria o Zeca.
Beijo, Maria.
Eduardo
Li alguns poemas do Craveirinha, salvo erro poeta moçambicano, que infelizmente já não é vivo. Todos os que li são excelentes e este não foge à regra.
Parabéns pela escolha e obrigado pela partilha, Maria...
Beijinhos.
não conhecia!
dramático... e infelizmente duma actualidade que assusta...
mas mesmo neste vale de aflições, não me parece que seja possível que os H/M deste país voltem a sentir o peso da "canga"... isso não!
um sorriso (algo triste) :(
não conhecia!
dramático... e infelizmente duma actualidade que assusta...
mas mesmo neste vale de aflições, não me parece que seja possível que os H/M deste país voltem a sentir o peso da "canga"... isso não!
um sorriso (algo triste) :(
Um beijinho, Maria.
Maria,
doeu ler este poema, mas imagino que fosse essa a tua intenção.
Beijinhos e veludinhos azuis
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