Saturday, January 30, 2010

Música para o fim-de-semana



Bandolins

Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins...

E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim

Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim

E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim...

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim

Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins...

Oswaldo Montenegro

Friday, January 29, 2010

Porque me apetece Ary dos Santos... e não só...


Aos mortos vivos do Tarrafal


Ao cabo de Cabo Verde
dobrado o cabo da guerra
quando o mar sabia a sede
e o sangue sabia a terra
acabou por ser mais forte
a esperança perseguida
porque aconteceu a morte
sem que se acabasse a vida.
Ao cabo de Cabo Verde
no campo do Tarrafal
é que o futuro se ergue
verde-rubro Portugal
é que o passado se perde
na tumba colonial,
ao cabo de Cabo Verde
não morreu o ideal.
Entre o chicote e a malária
entre a fome e as bilioses
os mártires da classe operária
recuperam suas vozes.
E vêm dizer aqui
do cabo de Cabo Verde
que não morreram ali
porque a esperança não se perde.
Bento Gonçalves torneiro
ainda trabalhas o ferro
deste povo verdadeiro
sem a ferrugem do erro.
Caldeira de nome Alfredo
fervilham no teu caixão
contra o ódio e contra o medo
gérmens de trigo e de pão.
E tu também Araújo
e tu também Castelhano
e também cada marujo
que morreu a todo o pano.
Todos vivos! Todos nossos!
vinte trinta cem ou mil
nenhum de vós é só ossos
sois todos cravos de Abril!
No campo do Tarrafal
no sítio da frigideira
hasteava Portugal
a sua maior bandeira.
Bandeira feita em segredo
com as agulhas das dores
pois o tempo do degredo
mudava o sentido às cores:
o verde de Cabo Verde
o chão da reforma agrária
e o Sol vermelho esta sede
duma água proletária.
Do cabo de Cabo Verde
chegam tão vivos os mortos
que um monumento se ergue
para cama dos seus corpos.
Pois se o sono é como o vento
que motiva um golpe de asa
é a vida o monumento
dos que voltaram a casa.


José Carlos Ary dos Santos
(poema feito aquando da trasladação para Portugal dos restos mortais dos 32 resistentes assassinados no Tarrafal)


(poema lido na Homenagem a Militão Ribeiro, no dia 27 de Janeiro de 2010. ver mais informação aqui)

Wednesday, January 27, 2010

M.

Há experiências que se têm apenas uma vez na vida. Ou porque não se proporciona termos outras parecidas, ou porque não as queremos repetir.
Acabo de sair de uma experiência que para mim foi uma espécie de 'prova de fogo'. Pela situação, pelas emoções. Sou uma mulher muito mais rica depois destes dias que me pareceram meses. Quando começava a vacilar e a pensar que não aguentava ele sorria-me e aquele sorriso de menino dava-me força para eu continuar, quando quem estava dorido e quase em desespero era ele.
Trabalhámos em conjunto as horas que foram possíveis, nos dias que foram possíveis, e eu sei que um dia, daqui a um tempo, vou ouvir falar dele. Porque ele é muito especial e determinado, e vai conseguir ser aquilo que quer.
No último dia, o da 'despedida', cheguei-me ao pé dele e disse-lhe 'vamos fazer um texto' e ouvi como resposta 'querias!!!'. Tive que sorrir. E dei-lhe uma caixa dos chocolates de que ele mais gosta. Sorriu-me com um olhar maroto...
Um dia destes irei à escola para o ver. Sei que me irá estender a mão ao jeito de 'dá-me cinco'...

Tuesday, January 26, 2010

LEVES SÃO AS ALMAS


Por muito que a terra gema
não se consegue calar o poema
em gritos desorientados pela aflição.

Doem-me os dedos pelas palavras tristes,
doem-me os olhos pelo sangue que escorre.

Desespera-se por um tempo vagabundo
onde o caminho se instala em cada olhar.

Carrega-se a vida dorida nas lágrimas
que assentam pesadas nos ombros
dos que ficaram.

Entorna-se assim o mar imenso em cada onda
de morte … como um pesadelo.

Leves são as almas que chegam ao céu, sem asas

... porque não houve tempo.

Vanda Paz
(daqui)

Monday, January 25, 2010

Barquinho de papel


Passeio-me pela margem do rio em direcção à foz. De tão límpidas, as águas pedem que mergulhe. Resisto. No meio dos canaviais e dos chorões está um grupo de crianças que brinca. Avanço em direcção a elas para ver o que fazem. Entre outras brincadeiras, lançam ao rio um barquinho de papel que, de tão pequeno, mal se vê. Mas segue rio abaixo, com a corrente. Corro um pouco para acompanhar o barquinho, olho-o, e invento-te lá dentro. É então que me sorris...

Saturday, January 23, 2010

Música para o fim-de-semana



S`na mundo tem mornas e mornas dedicód
Tónt morna bô te mereçê
S`beleza ta trazê inspiração
Esse bô beleza, ê más cum belo horizonte
Infeitód cum bom pôr do sol
Ô um arco-íris mut bem d`stacód.
Amim djam cria ser poeta
Pám fazê um mar di poesia
Pám cumpará que`ss bô beleza d`natureza
Parsem nem mar, nem lua cheia
Nem sol brilhante, nem noit serena
Ta cumpará q`bô formosura e bô corpo.
Pombinha mansa di odjos meigos sem maldade
Bô corpo formoso mas sem vaidade
T`armá quess bô sorriso inocente
Sorriso doce qui ta espertá alguem ambição
Nem q`for d`box tud humilhação
`m crê comquistá bô coração.


(Um beijo especial para ti, zm!)

Friday, January 22, 2010

Desafios... (mais vale tarde do que nunca)

A Manuela e a Filoxera lançaram-me um desafio para falar de cinco manias que tenho.
Tenho muitas, felizmente, mas continuo fiel à primeira vez que respondi a este desafio (creio que ainda em 2006). Mantenho-as... por isso são mesmo manias.

E então aqui vai:

1ª mania : Andar descalça
2ª mania : Lavar o chão mais do que uma vez por dia, para poder andar descalça (não gosto de encontrar "tarolos")
3ª mania : Perder a noção do tempo quando estou a ver o mar
4ª mania : Acreditar que ainda é possível um mundo melhor
5ª mania : Ligar o Mac assim que me levanto, mesmo que não vá utilizá-lo

Deveria indicar agora dez blogues amigos para seguirem com este desafio. Mas as regras existem exactamente para serem quebradas. Assim, convido todos que aqui passarem, e quiserem, a levar o desafio para os vossos cantos...

Obrigada, Manuela. Obrigada, Filoxera. Dois beijos.




Também a Carmen me desafiou para completar as frases que se seguem:

Eu já tive... menos anos do que tenho agora. :)

Eu nunca... deixarei de lutar por aquilo em que acredito.

Eu sei... que tenho ainda muito para aprender.

Eu quero... deixar um Mundo melhor para as crianças que aí estão...

Eu sonho... SEMPRE!

Aqui deveria igualmente indicar blogues para darem continuidade a este desafio.
Pois bem, sintam-se em vossa casa e 'sirvam-se'...

Obrigada, Carmen. Um beijo para ti.

Thursday, January 21, 2010

Assim me sinto hoje



Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas
Como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas, como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que eu penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio
comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância

Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais
do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada

Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

Wednesday, January 20, 2010

Soubesse eu


Soubesse eu aliviar as tuas angústias e seria rio onde pudesses matar a sede da saudade. Soubesse eu entender tudo o que sentes e seria mar para recolher todas as tuas lágrimas. Soubesse eu do toque, do toque, do toque... e cantaria para ti uma cantiga de embalar...



Tuesday, January 19, 2010

Recordando Elis Regina



Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

(Milton Nascimento)
(17.Março.1945 - 19.Janeiro.1982)

Monday, January 18, 2010

Porque Ary dos Santos nos faz falta...

SONETO ESCRITO NA MORTE DE TODOS OS ANTIFASCISTAS ASSASSINADOS PELA PIDE

Vararam-te no corpo e não na força
e não importa o nome de quem eras
naquela tarde foste apenas corça
indefesa morrendo às mãos das feras.

Mas feras é demais. Apenas hienas
tão pútridas tão fétidas tão cães
que na sombra farejam as algemas
do nome agora morto que tu tens.

Morreste às mãos da tarde mas foi cedo.
Morreste porque não às mãos do medo
que a todos pôs calados e cativos.

Por essa tarde havemos de vingar-te
por essa morte havemos de cantar-te:
Para nós não há mortos. Só há vivos.


José Carlos Ary dos Santos
(7 de Dezembro de 1937 - 18 de Janeiro de 1984)

Sunday, January 17, 2010

Recordando Miguel Torga

Rendição

Vem, camarada, vem
render-me neste sonho de beleza!
Vem olhar doutro modo a natureza
e cantá-la também

Ergue o teu coração como ninguém;
Fala doutro luar, doutra pureza;
Tens outra humanidade, outra certeza:
Leva a chama da vida mais além!

Até onde podia, caminhei.
Vi a lama da terra que pisei,
e cobri-a de versos e de espanto.

Mas, se o facho é maior na tua mão,
vem camarada irmão,
erguer sobre os meus versos o teu canto.

Miguel Torga

(12.Agosto.1907 — 17.Janeiro.1995)

Música para um domingo



Saturday, January 16, 2010

LEMBRAM-SE DAS HONDURAS?

É aquele país onde, em Junho de 2009, um golpe militar fascista - organizado e concretizado com a cumplicidade dos EUA - destituiu o Presidente eleito, Manuel Zelaya e instaurou uma ditadura. Um golpe que foi condenado por quase todos os governos do mundo - com algumas excepções, entre elas a do Governo de Obama, que aqui iniciou a sua prática de apoiar fingindo condenar...

É aquele pais onde, em Novembro passado, os golpistas realizaram «eleições» à velha maneira estadunidense, de que saiu «vencedor» um tal Porfírio Lobo, homem de mão dos EUA e do fascista Micheletti - eleições fraudulentas e como tal consideradas pela quase totalidade dos governos do mundo - com algumas excepções, entre elas a do Governo de Obama que as considerou «livres e justas».

É aquele país onde a resistência ao golpe - encabeçada pela Frente Nacional de Resistência contra o Golpe - assumiu expressões grandiosas, com o povo nas ruas em múltiplas manifestações pela democracia e pela liberdade - manifestações regra geral brutalmente reprimidas pelos golpistas instalados no poder.

É aquele país sobre o qual os média dominantes de todo o mundo fizeram cair um espesso manto de silêncio - silêncio que é, de facto, um inequívoco apoio desses média ao golpe fascista.

É aquele país onde, após a farsa das eleições de Novembro, a repressão tem vindo a acentuar-se, com as forças golpistas a cumprirem um plano de liquidação física de dirigentes da Frente Nacional de Resistência.

É aquele país donde nos chegam notícias concretas das consequências dessa repressão: em Dezembro, os golpistas assassinaram a tiro, numa rua nos arredores de Tegucigalpa, cinco jovens ligados à Resistência: Roger Aguilar, de 22 anos; Kennet Rosa, de 23 anos; Marcos Acosta, de 39 anos; Gabriel Zelaya, de 34 anos e Isaac Coello, de 24 anos.
Ainda no mês de Dezembro, foi preso e assassinado dez dias depois da prisão, Walter Trochez.
Outro resistente, Santos Corrales, foi preso, torturado e uns dias depois encontrado decapitado.
Um terceiro, Carlos Turcios, foi levado de casa no dia 16 de Dezembro e encontrado decapitado e sem mãos no dia seguinte.

É aquele país onde o Congresso Nacional - depois de ter designado Micheletti como «deputado vitalício» pelos seus «esforços a favor da democracia»... - se prepara para aprovar uma amnistia que abrangerá todos os golpistas - amnistia cujo conteúdo está a ser discutido entre Micheletti, Porfírio Lobo e... Hugo Llores, embaixador dos EUA.

É aquele país onde Porfírio Lobo se prepara para tomar posse com o apoio do Governo de Obama assim explicitado pelo embaixador Hugo Llores:
«Apoiamos tudo o que Porfírio Lobo está a fazer; apoiamos o seu esforço para fortalecer a democracia nas Honduras».

É aquele país onde a resistência do povo continua: a Frente Nacional de Resistência - a funcionar na clandestinidade - anunciou uma série de acções a levar a cabo nas próximas semanas.

É aquele país
É aquele povo
É aquela resistência,
aos quais temos o dever imperativo de manifestar a nossa total SOLIDARIEDADE.

(retirado do Cravo de Abril)

Friday, January 15, 2010

Porque me apetece Jacques Brel!



Bien sûr il y a les guerres d'Irlande
Et les peuplades sans musique
Bien sûr tout ce manque de tendres
Il n'y a plus d'Amérique
Bien sûr l'argent n'a pas d'odeur
Mais pas d'odeur me monte au nez
Bien sûr on marche sur les fleurs
Mais voir un ami pleurer!

Bien sûr il y a nos défaites
Et puis la mort qui est tout au bout
Nos corps inclinent déjà la tête
Étonnés d'être encore debout
Bien sûr les femmes infidèles
Et les oiseaux assassinés
Bien sûr nos coeurs perdent leurs ailes
Mais mais voir un ami pleurer!

Bien sûr ces villes épuisées
Par ces enfants de cinquante ans
Notre impuissance à les aider
Et nos amours qui ont mal aux dents
Bien sûr le temps qui va trop vite
Ces métro remplis de noyés
La vérité qui nous évite
Mais voir un ami pleurer!

Bien sûr nos miroirs sont intègres
Ni le courage d'être juifs
Ni l'élégance d'être nègres
On se croit mèche on n'est que suif
Et tous ces hommes qui sont nos frères
Tellement qu'on n'est plus étonnés
Que par amour ils nous lacèrent
Mais voir un ami pleurer!

É para ti esta canção. Abraço-te, tanto...

Wednesday, January 13, 2010

de longe...

Que seria de nós sem os sonhos, ou o sonho maior de todos. Como não abraçar a solidão se esta se veste de versos e canções. Pegar na mão de todos os amantes e tocar a tua pele sedosa. Um frio a percorrer-nos o corpo. Um calor a subir ao peito. Um respirar ofegante. 
A praia...

Dançar na escuridão da noite até nos cansarmos. Deixar que o manto de estrelas nos cubra. Sorver o mel da tua boca e fincar-te os dedos nas costas. Beber a espuma do amor feito poema. Olhar o céu e ficarmos. Talvez se oiça uma melodia vinda de longe, de longe, de longe...



Monday, January 11, 2010

Inverno


Tenho ainda o Verão dentro do peito
Os pés na areia molhada da rebentação
Como posso trazer o Outono para o meu leito
Se o que vejo ao meu redor é solidão
Semeio olhares entre as flores do teu jardim
De onde recolho sorrisos e abraços
Serei airo, pardela, outra ave e assim
Vou marcando o compasso dos meus passos
Mas os dias vão passando em correria
E quando chegar aqui o vento norte
Talvez não seja Inverno, mas invernia
O que me espera entre esta vida e a morte

Saturday, January 09, 2010

Ainda Fausto - e Bom fim-de-semana!



Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas

Vai de roda quem quiser
E diga o que tem a dizer (Certo!)

Sonhei muitos, muitos anos por esta hora chegada
De Lisboa para a Índia vou agora de abalada
Mas em frente de Sesimbra
Logo um corsário francês
Nos atirou para Melides
Com o barco feito em três
E por Deus e por El-Rei
Que grande volta que eu dei

Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo

Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas

Ena que alegria enorme
Uns mais ou menos conforme (Certo!)

Mas que terras maravilha mais parece uma aguarela
Que eu vejo da minha barca branca, azul e amarela
A Lua dormia ali e com o Sol é tal namoro
Que as montanhas estavam prenhas e pariam prata e ouro
Com Jesus no coração faz as contas ó Fernão

Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo

Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas

Mais cuidado no bailado
Que andamos tão baralhados (Certo!)

Nunca vi bichos medonhos tão soltos e atrevidos
Que nos fomos logo a pique c'o bafo dos seus grunhidos
E todo nu sobre um penedo de mãos postas a rezar
'Té me tremiam as carnes por os não ter no lugar
'Inda por cima a chover vejam lá o meu azar

Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo

Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas

Eh valente rapazinho
A cantar ao desafio (Certo!)

Matei mouros malabares quem foi à guerra fui eu
Afundei grandes armadas nunca ninguém me venceu
Mas ao ver o cu de um mouro foi tal susto grande e forte
Qu'inté a bexiga mijei e de todo estive à morte
Siga a roda sem parar que a gente vai a voar!

Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo

(Fausto)

Wednesday, January 06, 2010

Porque de amor também se chora!


Deixa que a saudade se faça rio
Uma canção de amor ou de embalar
Um colo de ternura e de ninar
Como se fosse um eterno desafio
Porque de amor também se chora!

Deixa que o meu ventre se faça rio
Um punho erguido em luta pela rua
Um arado uma foice ou mesmo uma charrua
Como se fosse um eterno desafio
Porque de amor também se chora!

Deixa que o meu colo se faça rio
Um corpo ardente que mergulha no mar
Um carinho terno de mão a afagar
Como se fosse um eterno desafio
Porque de amor também se chora!

Monday, January 04, 2010

Ilha...

(foto de algasp)

Poema eterno que renasce quando cruzo o teu olhar...
...e o consigo tocar!



Sunday, January 03, 2010

A fuga de Peniche foi há 50 anos!


Sessão comemorativa do 50º aniversário da fuga de Peniche, que restituiu à liberdade Álvaro Cunhal e outros destacados dirigentes comunistas, pelas 15h30, no Auditório Cultural da Câmara Municipal de Peniche, em Peniche.
A Sessão será precedida de uma visita guiada sobre a fuga no Forte de Peniche.



Mais informação aqui, aqui e aqui.

Até já, para quem lá for...

Saturday, January 02, 2010

Assim, para ti

São para ti as minhas primeiras palavras deste ano. Apetece-me escrever-te, como o fiz tantas vezes noutros tempos. Preciso de falar contigo. Em silêncio. Assim, só palavras, que eu sei que sentes. Falta-me qualquer coisa e tenho tanto...
São para ti os primeiros sorrisos deste ano. De surpresa, que foi boa como o são todas as surpresas. Pudessemos nós parar o tempo e a tarde noite não terminavam. A música, a conversa, e o vinho nos copos que bebíamos em pequenos tragos...
É para ti o meu primeiro olhar. De hoje e de sempre, porque só tenho este. Transparente e azul, como o rio que és e como o mar que te recebe em seus braços. Sei que consegues ver um olhar azul nuns olhos castanhos. Porque o que importa é o que vês por dentro...