Saturday, July 31, 2010
Música para o fim-de-semana
Caçador de mim
Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Friday, July 30, 2010
Porque me faltam as palavras, e tu mereces tanto...
Poema à Mãe
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade, in "Os Amantes Sem Dinheiro"
Thursday, July 29, 2010
Wednesday, July 28, 2010
Outra música que me faz arrepiar...
Caicó
Ó, mana, deixa eu ir
ó, mana, eu vou só
ó, mana, deixa eu ir
para o sertão do Caicó
Ó, mana, deixa eu ir
ó, mana, eu vou só
ó, mana, deixa eu ir
para o sertão do Caicó
Eu vou cantando
com uma aliança no dedo
eu aqui só tenho medo
do mestre Zé Mariano
Mariazinha
botou flores na janela
pensando em vestido branco
véu e flores na capela
Ó, mana, deixa eu ir
ó, mana, eu vou só
ó, mana, deixa eu ir
para o sertão do Caicó
Ó, mana, deixa eu ir
ó, mana, eu vou só
ó, mana, deixa eu ir
para o sertão do Caicó
Eu vou cantando
com uma aliança no dedo
eu aqui só tenho medo
do mestre Zé Mariano
Mariazinha
botou flores na janela
pensando em vestido branco
véu e flores na capela
Ó, mana, deixa eu ir
ó, mana, eu vou só
ó, mana, deixa eu ir
para o sertão do Caicó
Monday, July 26, 2010
Levo-te ou trago-te?
Levo-te, cheio de ti, em todas as cores
Trago-te as minhas mãos cheias de tantos amores
Levo-te com o vento voando sem destino
Trago-te numa nuvem azul em desalinho
Levo-te na nortada, maré de ir e vir
Trago-te no sudoeste sempre a sorrir
Levo-te nas asas do pássaro da paixão
Trago-te quando os teus passos forem solidão
Levo-te num campo de trigo seara à espera
Trago-te numa papoila ceifada à terra amarela
Levo-te mar adentro com cheiro a sargaço
Trago-te, por fim, sempre no meu abraço.
Saturday, July 24, 2010
Thursday, July 22, 2010
E tu aqui tão perto...
Deixa-me entrar em ti como sempre fiz. Que importam as tentativas de nos afastarem se sempre estivemos juntos. Porque fecham a porta por onde te quero possuir se a minha vontade é superior a tudo. Pobres inúteis, não sabem que este amor tem séculos e nada pode acabar com ele.
Sim, deixo-te entrar em mim permanentemente. Para que eu viva. Deixo que me vás lambendo as margens até vir a onda de vida. Sabes que sempre dormimos de mãos dadas, e assim iremos continuar. Não importa onde, desde que continues a entrar em mim. Sem ti morro lentamente.
E tu aqui tão perto...
Wednesday, July 21, 2010
A Festa e os artistas na Festa de 2010
Foram ontem divulgados os artistas que estarão presentes na Festa do Avante deste ano, no Palco 25 de Abril e no Auditório 1º de Maio:
A Naifa
Abrunhosa & Comité Caviar
Adriana
Ana Laíns
António Chaínho com Isabel de Noronha e Pedro Moutinho
Baile Popular
Bernardo Sassetti Trio
Brigada Victor Jara
Bunnyranch
CACIQUE’97
Camba Tango
Catarina dos Santos
Claud
Dany Silva e Celina Pereira
Dazkarieh
Demian Cabaud Quarteto com Leo Genovese
Deolinda
Diabo na Cruz
Dias da Raiva
Eina
Expensive Soul
Janita, Filipa Pais, Ritinha Lobo, Yami
La Rumbé
Luísa Basto
Monte Lunai
Orquestra de Jazz de Matosinhos com Kurt Rosenwinkel
Peste & Sida
Ricardo Pinheiro Sexte
Roberto Pla All Stars
Sebastião Antunes e Quadrilha
Stonebones & Badspaghetti
The Flawed Cowboys
Tim e Companheiros de Aventura
Tornados
Us & Them
daqui
Tuesday, July 20, 2010
*
Com voz trémula pergunto-te o que é ser feliz
Com uma lágrima de alegria refugio-me nas tuas palavras
Com emoção sinto-te carregado de todas as dores
Respiro-te. Estilhaço-me. Perco-me. Abraço-te.
E recolho-me, juntando todos os meus amores...
Com uma lágrima de alegria refugio-me nas tuas palavras
Com emoção sinto-te carregado de todas as dores
Respiro-te. Estilhaço-me. Perco-me. Abraço-te.
E recolho-me, juntando todos os meus amores...
Monday, July 19, 2010
A tua mão poeta
A tua mão poeta
atravessou os oceanos até mim
A tua mão poeta
encontrou-me sentado na ilha África
levantada no coração de Lisboa
A tua mão poeta
partiu de mim para mim pela tua voz
pela voz angustiada da meia-noite nos muceques
pela tua voz ritmada das enxadas
nos terrenos adubados pelo sangue da sujeição
pela tua voz milhões de vozes fraternidade
amor
situadas para lá das algemas para lá das grades
sempre livres sempre fortes sempre grito sempre riso
A tua mão poeta
um poema de amor
escrito com os cinco dedos de África
sobre a ânsia humana de amizade e paz
A tua mão poeta
sonorizando o batuque liberdade
entre as cubatas escravas da vida
Tenho-a na minha mão
e através dela
oferto-me à nossa África
Agostinho Neto
atravessou os oceanos até mim
A tua mão poeta
encontrou-me sentado na ilha África
levantada no coração de Lisboa
A tua mão poeta
partiu de mim para mim pela tua voz
pela voz angustiada da meia-noite nos muceques
pela tua voz ritmada das enxadas
nos terrenos adubados pelo sangue da sujeição
pela tua voz milhões de vozes fraternidade
amor
situadas para lá das algemas para lá das grades
sempre livres sempre fortes sempre grito sempre riso
A tua mão poeta
um poema de amor
escrito com os cinco dedos de África
sobre a ânsia humana de amizade e paz
A tua mão poeta
sonorizando o batuque liberdade
entre as cubatas escravas da vida
Tenho-a na minha mão
e através dela
oferto-me à nossa África
Agostinho Neto
Saturday, July 17, 2010
Música para o fim-de-semana
Funeral de um lavrador
Esta cova em que estás com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo te sentirás largo
Porém mais que no mundo te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada, não se abre a boca.
(vou ali ao lado...)
Thursday, July 15, 2010
Fome
A minha fome é insaciável. Também o é a minha sede.
Tenho fome das tuas mãos a percorrerem-me o corpo e da tua saliva a cobrir-me como uma segunda pele. Tenho fome dos teus beijos misturados com os meus e das palavras que as nossas línguas trocavam. Das noites das madrugadas do amor. Do teu calor. Do teu cheiro. A minha fome é do tamanho da Terra.
Tenho sede de todos os rios e de ser novamente fonte e descer montanhas e correr vales desenfreadamente rasgando a terra em busca do caminho até à foz. Tenho sede das margens que em mim fazias com o teu olhar. Da verdade que somos. Do futuro que seremos. A minha sede é do tamanho de todos os Mares.
Tenho fome do teu abraço. E tenho sede do teu sorriso...
Tenho fome das tuas mãos a percorrerem-me o corpo e da tua saliva a cobrir-me como uma segunda pele. Tenho fome dos teus beijos misturados com os meus e das palavras que as nossas línguas trocavam. Das noites das madrugadas do amor. Do teu calor. Do teu cheiro. A minha fome é do tamanho da Terra.
Tenho sede de todos os rios e de ser novamente fonte e descer montanhas e correr vales desenfreadamente rasgando a terra em busca do caminho até à foz. Tenho sede das margens que em mim fazias com o teu olhar. Da verdade que somos. Do futuro que seremos. A minha sede é do tamanho de todos os Mares.
Tenho fome do teu abraço. E tenho sede do teu sorriso...
Tuesday, July 13, 2010
Deixa que me perca
Deixa que me perca em ti uma só vez
Que deste fogo me quero libertar
Devolve-me a frescura da pele ardente
Em que adormeceste e me fizeste sonhar
Com dias e noites de um desejo quente
E fomos rio juntos correndo para o mar
Deixa que me perca em ti mais uma vez
Que das noites de amor me quero libertar
Falaste ao meu peito com a tua voz quente
Deste-me as mãos e beijaste-me o olhar
Como queres que te esqueça ao sol poente
Se tudo de mim levaste no nosso amar...
Monday, July 12, 2010
Para descontrair... em tempo de férias...
SER PORTUGUÊS É:
Levar arroz de frango para a praia.
Guardar as cuecas velhas para polir o carro.
Lavar o carro na rua, ao domingo.
Ter pelo menos duas camisas traficadas da Lacoste e uma da Tommy (de cor amarelo-canário e azul-cueca).
Passar o domingo no shopping.
Tirar a cera dos ouvidos com a chave do carro ou com a tampa da esferográfica.
Viajar pró cu de Judas e encontrar outro Tuga no restaurante.
Receber visitas e ir logo mostrar a casa toda.
Enfeitar as estantes da sala com os presentes do casamento.
Exigir que lhe chamem 'Doutor'.
Exigir que o tratem por Sr. Engenheiro.
Axaxinar o Portuguex ao eskrever.
Gastar 50 mil euros no Mercedes C220 cdi, mas não comprar o kit mãos-livres, porque 'é caro'.
Já ter 'ido à bruxa'.
Filhos baptizados e de catecismo na mão, mas nunca pôr os pés na igreja.
Não ser racista, mas abrir uma excepção com os ciganos.
Conduzir sempre pela faixa da esquerda da auto-estrada (a da direita é para os camiões).
Ir de carro para todo o lado, aconteça o que acontecer, e pelo menos, a 500 metros de casa.
Cometer 3 infracções ao código da estrada, por quilómetro percorrido!!!
Ter três telemóveis.
Gastar uma fortuna no telemóvel mas pensar duas vezes antes de ir ao dentista.
Ir à bola, comprar o bilhete 'prá-geral' e saltar 'prá-central'.
Viver em casa dos pais até aos 30 anos ou mais.
Ser mal atendido num serviço, ficar lixado da vida, mas não reclamar por escrito 'porque não se quer aborrecer'.
Falar mal do Governo eleito e esquecer-se que votou nele.
Viva Portugal, carago...
(recebida por e-mail...)
Sunday, July 11, 2010
Memória de Vinicius
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega num muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá
Vinicius de Moraes
(19.10.1913 - 9.7.1980)
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Vinicius de Moraes
Saturday, July 10, 2010
Para ti...
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Hoje deixo-te linhas. Muitas linhas. Todas elas fazem parte da linha da tua vida, cheia de inquietações e medos. Sonhos, mistérios e segredos. Linhas que já percorreste, outras ainda para andar. Cada linha pode ser um afluente no rio que sempre és. Puro na nascente. Fresco a beber. Ternura refrescante quando em dias quentes mergulho em ti. Fonte solidária que me abraça, sempre que preciso.
Hoje deixo-te linhas. Tantas linhas. Algumas que quero ainda percorrer contigo, talvez no areal onde o mar nos beija os pés. Onde desaguas todos os dias, força da natureza feita sonho para saborear. Cada linha pode ser um filho parido sempre com dor. Ou talvez um amor. Quem sabe um grito. Olhar penetrante sorriso menino poeta bailarino. Fonte de ternura e inquietação presente, sempre que preciso.
Hoje deixo-te linhas. Apenas. Gravadas a fogo...
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Hoje deixo-te linhas. Muitas linhas. Todas elas fazem parte da linha da tua vida, cheia de inquietações e medos. Sonhos, mistérios e segredos. Linhas que já percorreste, outras ainda para andar. Cada linha pode ser um afluente no rio que sempre és. Puro na nascente. Fresco a beber. Ternura refrescante quando em dias quentes mergulho em ti. Fonte solidária que me abraça, sempre que preciso.
Hoje deixo-te linhas. Tantas linhas. Algumas que quero ainda percorrer contigo, talvez no areal onde o mar nos beija os pés. Onde desaguas todos os dias, força da natureza feita sonho para saborear. Cada linha pode ser um filho parido sempre com dor. Ou talvez um amor. Quem sabe um grito. Olhar penetrante sorriso menino poeta bailarino. Fonte de ternura e inquietação presente, sempre que preciso.
Hoje deixo-te linhas. Apenas. Gravadas a fogo...
Thursday, July 08, 2010
***
Amarrei-me a ti por um cabo com cheiro a sargaço e maresia. Dei um nó cego.
Agora quero sair de ti e não consigo...
Agora quero sair de ti e não consigo...
Tuesday, July 06, 2010
Espero
Anoiteço-me na angústia da tua ausência.
Mas ainda te espero.
Vazio ficou o teu lugar junto do meu corpo.
O teu cheiro permanece nos lençóis onde me deito.
Mais uma vez.
Porque ainda te espero.
Sabes que te vou esperar sempre.
Mas ainda te espero.
Vazio ficou o teu lugar junto do meu corpo.
O teu cheiro permanece nos lençóis onde me deito.
Mais uma vez.
Porque ainda te espero.
Sabes que te vou esperar sempre.
Monday, July 05, 2010
Saturday, July 03, 2010
Friday, July 02, 2010
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