Saturday, October 15, 2011

No centenário do nascimento de Manuel da Fonseca



As Balas

Dá o Outono as uvas e o vinho
Dos olivais o azeite nos é dado
Dá a cama e a mesa o verde pinho
As balas dão o sangue derramado

Dá a chuva o Inverno criador
As sementes da sulcos o arado
No lar a lenha em chama dá calor
As balas dão o sangue derramado

Dá a Primavera o campo colorido
Glória e coroa do mundo renovado
Aos corações dá amor renascido
As balas dão o sangue derramado

Dá o Sol as searas pelo Verão
O fermento ao trigo amassado
No esbraseado forno dá o pão
As balas dão o sangue derramado

Dá cada dia ao homem novo alento
De conquistar o bem que lhe é negado
Dá a conquista um puro sentimento
As balas dão o sangue derramado

Do meditar, concluir, ir e fazer
Dá sobre o mundo o homem atirado
À paz de um mundo novo de viver
As balas dão o sangue derramado

Dá a certeza o querer e o concluir
O que tanto nos nega o ódio armado
Que a vida construir é destruir
Balas que o sangue derramado

Que as balas só dão sangue derramado
Só roubo e fome e sangue derramado
Só ruína e peste e sangue derramado
Só crime e morte e sangue derramado.

Manuel da Fonseca
(poemas para Adriano)

6 comments:

josé Manangão said...

Obrigado Maria por mais estes minutinhos de CULTURA.
Um Bjo

svasconcelos said...

Sempre boas partilhas! Espero que tenha sido um grande encontro no Vitória!:) beijo,

bettips said...

Defender
casa a casa, mente a mente.
Bjs

samuel said...

Faz sempre bem ouvir...

Beijo.

Paula Barros said...

A natureza nos oferta tantas maravilhas, nos oferta a vida. O homem com suas mãos pode promover a vida, pode tirar a vida.

E opta por tirar a vida, de várias maneiras, e fica o sangue derramado.

beijo

Rosa dos Ventos said...

Manuel da Fonseca e Adriano!
Uma bela e saudosa conjugação!

Abraço