Thursday, December 25, 2008

Nos beirais...


Sabes o que o silêncio me diz?
As estradas desertas cheias de pó?
Os pedaços de gente pobre e infeliz
Nos beirais da cidade mais que só…

Passam sacos inundados de plástico e vazio
Nos sorrisos de um tempo que não existe
Cada um reclama para si um calor em tons de frio
Nos beirais da cidade mais que triste…

Dizem que é Natal. Evidentemente.
Façamos então uma roda numa mão que aperta
Cantemos o futuro, que o passado é presente
E a cidade, coitada, mais que deserta…

Chovem palavras ocas… sem que o remetente sorria
Caem no cesto das prendas, sem ver nem apalpar
Rasgos de um não acontecer em noite que arrepia
Nos beirais da cidade… onde se perde o segredo do olhar…

Voamos? Saltamos? Gritamos? VEMOS? Quem sabe
Amanhã tudo passa e voltarão os turnos naturais
Porque hoje, consoada de um amor que não nos cabe
Perdemo-nos na cidade, adormecidos nos seus beirais!

Pedro Branco

(poema inédito)


(imagem de olhares.aeiou)

22 comments:

MisteriosaLua said...

Amiga, por uma vez, consigo ser a primeira a comentar um post teu!...
Vim deixar-te um beijinho grande, espero que tenhas passado esta noite em boa companhia!

mfc said...

Dizem que é Natal?!
Então façamo-lo!

lisse said...

Adormecemos em beirais onde as telhas são só a marca.Ou por detrás de janelas sem vidro e sem alma.
Casas de silêncio e paredes rachadas, onde o Natal se foi esquecendo de entrar.

Reconfortante é sempre a ternura de te encontrar.

Abraço forte e carinhoso

Heduardo Kiesse said...

FELIZ NATAL!!

Anonymous said...

Belo blog, belas palavras d`além mar. Continue no caminho menina, ajeite as velas, consulte a bússula que a rota das especiarias você já sabe.

Abraços de um fã brasileiro da Mui heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Filoxera said...

Deixo-te um abraço. Depois falamos.
Beijos.

DE-PROPOSITO said...

BOAS FESTAS
e muitas felicidades.
MANUEL

Fernando Samuel said...

E é bonito!...

Um beijo grande.

Leticia Gabian said...

Grande Pedro Branco!!!!!

Obrigada, Maroca, pelo ínédito!


Beijos enormes, aos dois!

SMA said...

Gosto da tua coerencia
gosto
e mesmo nela
digo
uma Feliz Primaver de Afectos. Natal.
um Bom 2009
aqui estou e estarei
.
.
.
bjo doce

GR said...

Um poema muito bonito.

Continuação de Boas Festas.

Bjs,

GR

meus instantes e momentos said...

Ilumine o Natal com esperança de amor, esperança de dias melhores. Ilumine um olhar, com cumprimentos de felicidades e paz. Ilumine seus dias, para que deles sejam lembrados, os melhores instantes e momentos de alegria. Ilumine sua família, para que não esqueçam que a base de tudo é amor e compreensão. Ilumine seu natal, para que não seja mais uma festa, e sim uma lembrança de uma época inesquecível e abençoada. Feliz Natal!!!
Maurizio

rosa dourada/ondina azul said...

Neste silêncio feito poema,
desejo que passes estes dias
de Festas, feliz e
bem acompanhada!

Bejinho,

Pondé said...

Maria, um feliz natal pra vc!! No dia 23 minha mãe transmite o meu abraço pessoalmente!

FERNANDINHA & POEMAS said...

Olá querida Maria... Magnífico poema de Pedro Branco e um inédito, fico feliz pelos dois...O Pedro fez tu publicas-te... Parabéns aos dois... Um grande abraço de carinho e ternura,
Fernandinha

Unknown said...

Subscrevo as palavras da Fernanda. Parabéns.Abraço. Eduardo

Ana said...

Pra você que me acompanha...
AQUELE ABRAÇO!

E um beijinho

BF said...

É Maria ...
solitários vagueares com que nos cruzamos na cidade.

Bonitas palavras e maravilhosa a janela escolhida.

Um Beijinho
BF

BlueVelvet said...

Fabuloso este poema.
É por estes e outros que gosto tanto de ler o Pedro.
Beijinhos

Anonymous said...

A importância extrema e absurda que se dá ás embalagens... onde deveria estar o amor, amizade os afectos estão compras e laços...

e só quem está nos beirais de coração aberto consegue ver a cidade vazia cheia de gente que nã se vê.

Lindo o poema, um Beijo enorme em Ti e no Pedro.

bsh said...

E quão bela é a vista dos beirais...

http://desabafos-solitarios.blogspot.com/

mariam [Maria Martins] said...

Maria,
belo e sentido poema,
dualismo no sentir o que me aconteceu agora, contente por ler «Pedro» mas triste, por não lê-lo mais, lá... obrigada p'la partilha

um grande abraço
mariam