Wednesday, April 28, 2010

Abril é Ary III


Os bonzinhos e os malvados

Dum lado os bonzinhos
com o seu ar sisudo
andando aos passinhos
dentro do veludo.

Do outro os malvados
cabelos ao vento
de fatos coçados
por bom e mau tempo.

Dum lado os bonzinhos
gordinhos, gulosos
comendo pratinhos
muito apetitosos.

Do outro os malvados
a ferrar o dente
em grandes bocados
de chouriço ardente.

Dum lado os bonzinhos
com muito cuidado
a dar beijinhos
com dia aprazado.

Do outro os malvados
a fazer amor
sem dias marcados
com frio ou calor.

Dum lado os bonzinhos
muito estudiosos
dizendo versinhos
em salões ranhosos.

Do outro os malvados
gritando na rua
que os braços estão dados
que a esperança está nua.

Dum lado os bonzinhos
metidos na cama
tomando chazinhos
molhando o pijama.

Do outro os malvados
os que dormem nus
sonhando acordados
com feixes de luz.

Dum lado os bonzinhos
batendo nos tectos
sempre que os vizinhos
são mais incorrectos.

Do outro os malvados
que fazem barulho
despreocupados
ao som do vasculho.

Devo ter por certo
os gostos trocados
detesto os bonzinhos
adoro os malvados.

11 comments:

Paula Barros said...

É por aqui parece que os malvados vivem melhor.

abraço

anamar said...

Abraço Naria...
foi pena não te ter visto no desfile....
:))

salvoconduto said...

Ary era mesmo um grande malvado.

Abreijos.

Anonymous said...

Eu como o Ary também adoro os "malvados"...


Um beijo

zmsantos said...

E cantada pelo Fernando Tordo é ainda melhor.

Beijos

Fernando Samuel said...

Os bonzinhos são uma autêntica praga...

Um beijo grande, com Maio no coração.

Manuela Freitas said...

Olá Maria,
Os bonzinhos, são uns egoistas, uns ambiciosos e uns chatos...de facto os maus (esses) são muito melhor companhia!...
Beijinhos,
Manulea

Cristina Caetano said...

Faço parte dos malvados... :)

Beijinhos, Maria

João Paulo Proença said...

Fabuloso Maria, Fabuloso!

obrigado

João

Ava said...

Mais um poema fabuloso e cheio de ironia, e tal como o Ary eu também adoro os malvados...

Um beijo com cheiro a madrugada, Ava.

Ana said...

Extraordinário poema que desconhecia.

Beijinho