Sunday, September 11, 2011

Há 38 anos, no Chile de Allende


Para que nunca se esqueça



HOMENAGEM AO POVO DO CHILE

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro

Nas suas almas abertas
traziam o sol da esperança
e nas duas mãos desertas
uma pátria ainda criança

Gritavam Neruda Allende
davam vivas ao Partido
que é a chama que se acende
no Povo jamais vencido
– o Povo nunca se rende
mesmo quando morre unido

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.

Alguns traziam no rosto
um ricto de fogo e dor
fogo vivo fogo posto
pelas mãos do opressor.
Outros traziam os olhos
rasos de silêncio e água
maré-viva de quem passa
Uma vida à beira-mágoa.

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.

Mas não termina em si próprio
quem morre de pé. Vencido
é aquele que tentar
separar o povo unido.
Por isso os que ontem caíram
levantam de novo a voz.
Mortos são os que traíram
e vivos ficamos nós.

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que nasceram para o Chile
morrendo de corpo inteiro.

José Carlos Ary dos Santos


18 comments:

samuel said...

Hoje os Inti-Illimani estão de serviço... :-)))
Muito, muito bem acompanhados pelo Zé Carlos!

Abreijo.

Sérgio Ribeiro said...

Vê lá tu!

Um beijo grande

Rosa dos Ventos said...

Uma data a não esquecer mas parece, para alguma comunicação social, que só houve o 11 de Setembro de 2001!

salvoconduto said...

Este é o outro 11 de Setembro que teimam em esconder.

Abreijos.

João P. said...

Maria:

há que séculos que não ouvia os inti ilimani

E o texto do Ary também existe em audio. Certo? tinha uma força a forma como ele o dizia!

Beijo

João P.

GR said...

Ao ouvir o Inti-Illimani sinto um aperto no coração, o 11 de Setembro que muitos querem que esqueçamos.

BJS,

GR

Elvira Carvalho said...

Uma data de que hoje ninguém fala. A memória humana é curta. Hoje fala-se de 2001. Provavelmente daqui por 20 ou 50 anos ninguém já falará desta também. Mas a história da humanidade sempre coloca as coisas no seu devido lugar.
Um abraço e bom Domingo

Fernando Samuel said...

Vê lá tu!: também me lembrei disto tudo, hoje...

Um beijo grande.

trepadeira said...

Honrá-lo-emos continuando o caminho.

Um abraço,
mário

Paula Barros said...

Aqui vou entrando em contato com mais um pouco da história e da poesia, sempre me acrescentando saberes. beijo

Isamar said...

Recordei este 11 de Setembro na minha página do facebook. A morte de Salvador Allende, a morte de milhares de chilenos, sem conta, encontrados em valas comuns, mortos por ordem desse monstro de nome Augusto Pinochet. Não o esquecerei nem aos outros, iguais a ele,que mataram tantas famílias injustamente, barbaramente, para que não sejam esquecidos e não voltem a erguer-se outros iguais.
Este poema também consta na minha página no dia de ontem, como nota.
Faz-nos falta este poeta, que eu tive a felicidade de conhecer. A canção será sempre que o homem quiser uma arma.

Bem-hajas!

Beijinho

mfc said...

Esté É UM DIA para não mais esquecer!

Duarte said...

Uma das grandes crueldades.
Não conhecia este poema. Gostei.
O que melhor conheço e tenho mais á mão e do Victor Jara.
Um grande abraço

Manuel Veiga said...

beijo, com saudades de futuro!

Rogério G.V. Pereira said...

Hoje naveguei num mar de indecisões... Talves tivesse feito bem em romper com formalidades editoriais. A data merecia... Não é?, Maria. (mas alguèm fez o trabalho por mim - e bem feito - com Ary a seu jeito)

Paula Barros said...

Hoje estou a escutar e ver os videos. abraço

bettips said...

(à bala, enchiam os campos de futebol, fogo sobre a democracia de que tanto enchem a boca...)
Não há vergonha, de tantos mortos em guerras esquecidas, ontem, hoje.
Os arrepios são antigos.
Bjinho

Branca said...

Muito lindo este post, poema, tema e memória. Falei no dia 11 em diversos comentários sobre o 11 de Setembro de 1973, lembrando os inúmeros mortos e desaparecidos que provocou, não só naquele dia, mas ao longo dos anos da ditadura militar no Chile. E poucos parecem lembrar e parece impossível que os meios de comunicação ignorem assim essa parcela da história de um povo, que marcou a história da humanidade.

Enquanto cá estivermos havemos de lembrar, sempre.

Beijos
Branca