Hás de morrer no meu olhar,
quando eu fechar os olhos cansados
de reter os meus versos,
igualmente diferentes,
ainda teus,
tão teus,
tão profundamente teus
que os amo
antes de os escrever,
antes até pensar que me era possível
escrevê-los.
Hei de morrer de não te ver.
Apunhalado por um vazio perfeito,
o mais significativo vazio,
representado na grande antologia dos vazios.
Morremos ambos de lonjura
e solidão.
Ceguinhos um do outro.
Habituados
à luz escura desta
ideia.
Joaquim Pessoa
(o Poeta com olhos de pássaro.
E todos os pássaros se calaram muito antes de anoitecer.)