Sem pressa

A lua espreita
e entra indiscreta
pela janela da sala
nem percebe
que não nos importamos
que nos veja
porque
o amor é muito forte
e o beijo que damos
e a raiva do abraço
e o desespero da ternura
são apenas
o princípio do amor
É tarde
e não temos pressa
e ali
no canto do quarto
onde tu me amaste
já nada importa
porque as estrelas vieram
do céu
para nos cobrir...

Vem comigo

Vem comigo
naquele barco
ao fundo da praia
Vamos navegar
até onde os nossos
olhares se percam
Vem comigo
jogar à bola
ou ao pião
da nossa infância
Vem comigo
e abraça-me
deixa-me pousar
a cabeça no teu
colo
Ama-me e
deixa-me amar-te
Vem comigo
Porque eu vou
contigo
até ao fim do mundo

Para que?

Para quê mais palavras
se o que eu quero dizer
não me sai da garganta
Para quê mais poemas
se os guardo todos
cá dentro no estômago
Para quê dizer-te o que já sabes
que te amo que te quero que te desejo
que sem ti nada mais faz sentido
Vem e abraça-me como na
primeira vez em que nos amámos
deixa-me dormir assim
porque é bonito sonhar contigo

Dentro de mim

Lá em baixo o mar está calmo
há nuvens no céu e o sol
já se pôs. Quero amar-te
queremos amar
Olho esse olhar maroto, de
menino, e apetece-me brincar contigo
Tu acordas-me o amor que,
de tão sossegado, estava esquecido
E é então que eu te amo
e te bebo todo inteiro
e te trago comigo,
dentro de mim,
donde não quero que saias.

Para o Zeca, Sempre!

Balada do Outono

Águas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão acordar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ràs bandas do mar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Adormeço

Tu entras lentamente
dentro de mim
e eu abraço-te
numa tentativa vã de
parar o tempo
e assim ficarmos
num vai e vem doce
e bonito
e quase desesperado.
É o amor que nos
chama
É o amor que nos
une e nos invade
os corpos suados
cansados
e tão únicos que,
mesmo depois quando
nos separamos
e tu vais dormir,
eu levo-te comigo ainda
dentro de mim.
O teu cheiro envolve-me
e então eu adormeço.

A tua voz

Não sei o que foi
razão forte incapacidade raiva?!
que não me faz
esquecer a tua voz doce
mergulho no desconhecido
e meu peito palpita
só da recordação
do que foi
a nossa noite
de amor

Vem, amor

Vem amor
viver em mim
todo o tempo
em que nos perdemos
Vem beber em mim
e colher a rosa
vermelha do
meu ventre
Vem comigo
põe as asas de condor
e voa até ao infinito:
é lá que eu estou.
A noite é quente
e o mar está calmo

Fizemos amor e
caímos da face
oculta da lua...

Da violencia

Do rio que tudo arrasta

se diz que é violento;

Mas ninguém diz violentas

as margens que o comprimem...


(Bertolt Brecht)
(imagem tirada da net)

Vem

Dá-me a tua mão
e vem comigo
colhe uma flor
no meu jardim
de cactos
Leva-me o
sorriso de criança
e o balão
com que brincámos
na infância
Vamos correr
Lá em baixo
no cais
há um barco
que nos espera
para irmos onde
o amor é possível
onde as gaivotas
ainda voam e
o sol ainda brilha.
Vem amar-me.

E este o amor

É este o amor que eu quero
assim vivido e assim viver
intenso profundo
tão cheio de ternura
É este o refúgio de mim
dos meus medos
e incertezas e angústias
É este o mar onde o amor
no seu vai e vem
de carinho
nos vai tapando
e adormecendo
aos poucos...

Margem sul - Seixal

tão frágil a membrana do medo

tão íntima a certeza das coisas
que os homens romperam
sombras
e cantaram

in) José Manuel Mendes

Sou...

Sou terra, tu és ar,
e eu preciso de ti para
respirar!
És fogo, eu sou água
e acalmo-te sempre
com amor, neste mar...

No dia 11 de Fevereiro

Porque adoro crianças, eu voto SIM!

O amor inevitavel...

Perde-te em mim
Vive em mim
Aperta-me
para eu ter a certeza
de que estou acordada
de que este amor não
é apenas uma ilusão
mas fruto de um doce e
terno sentimento
que ambos desconhecíamos
mas que surgiu inevitável
como inevitável
será o seu fim.

Gaivota

Gaivota
leva-me contigo
abre as asas
e deixa-me voar
até onde
estiver o amor

Por fim, vieste!

Por fim
tu vieste
Num pôr de sol
que ainda me
aquecia
num barco
que velejava ao vento
numa onda
que saltou a rocha
Por fim
tu vieste
e o amor que
fizemos
foi paixão
foi ternura
e foi tão calmo
e quase violento
como calma e
violenta é
a onda que
se espraia na
areia
e a possui

Para a Leonor, do lado esquerdo da vida

Consegues ver lá ao fundo, mesmo ao fundo, a Ilha?
Espera por ti...

Como eu queria

Como eu queria
que estivesses aqui
comigo
partilhar esta calma
este cheiro a mar
este som das gaivotas
e este fim de tarde
tão bonito
em que nos amámos
um ao outro
em pensamento
Como eu queria
que tu gostasses
deste mar
como eu queria
que tu viesses
ter comigo
e me amasses
aqui mesmo
com esta brisa
a cobrir-nos como
se fosse um lençol.

Tenho para ti

Tenho para te dar
todo este mar
imenso
toda esta ilha
que amo
todo o azul do céu
até ao infinito
Quero-te aqui
Desejo-te aqui
Tenho para te dar
um vôo de gaivota
um sorriso de criança
e um amor
para navegares
até ao fim do mundo