Monday, July 13, 2009

Remeto-me ao silêncio

Remeto-me ao silêncio. Nenhuma palavra se diz em vão. Não gosto da palavra ironia, não gosto da palavra ódio. Não sei o que é. O mais que consigo sentir é indiferença, talvez desprezo quando me magoam forte e sem razão.
Remeto-me ao silêncio. Assumo erros, os que faço. Nunca os que não faço. Assumo tudo o que digo, nunca o que pensam que digo. Sou assim. E não quero ser de outra maneira. Não tenho raiva de ninguém.
Remeto-me ao silêncio. Tenho pena, às vezes. E ter pena de alguém é o pior sentimento que se pode ter. Porque é um sentir que não se pode fazer mais nada, uma sensação de impotência frustrante. Da condição humana.
Por isso me remeto ao silêncio. Mais uma vez. As que forem precisas. Porque eu não falo! Também não sei o que é a ira. Por isso não entendo as palavras que te jorram pelos dedos. Nem as que vomitas para o papel.
Remeto-me ao silêncio. Quando o sangue ferve é aconselhável lavar as mãos com água fria. Para acalmar. Porque cabeça quente não pensa bem. E quando se fala sem pensar fala-se errado. E com ódio. Que é uma palavra de que não gosto, nem sei sentir.
Hoje, remeto-me ao silêncio!

39 comments:

Pedro Branco said...

Sabes das palavras todas. Das repetidas. Das caladas. Gritadas. Mudas... Sabes desses silêncios presos nas memórias. Dos olhares e das traições. Dos sonhos e das pegadas. Sabes do vento e das tempestades. Dos abandonos e das secretas passagens. Dos pedaçoes todos de um só corpo. Que tu sabes. Mesmo assim, eu sei que sabes e é por isso também que te espero sempre. Porque da tua voz só pode sair a ternura do teu sentir...

Um beijo meu.

Luis Eme said...

beijinho Maria.

bettips said...

Abraço Maria - tanto silêncio, que não para nós, que seja acre para alguém.

simplesmenteeu said...

Sei desse desespero de "dar murro em ponta de faca" continuamente...
Conheço essa necessidade de silêncio. Mas sei que é temporaria, porque o que cimentamos por aqui acaba por ser mais forte e trazer-nos de volta.

Fico contigo
no abraço forte e carinhoso de Sempre

Delfim Peixoto said...

E nesse silêncio já disseste tanto.....
Jnhs

Branca said...

Um grande beijinho para ti.
Silêncio sensato, Maria, o único possível em muitas circunstâncias.
Abraço-te.
Branca

Luis Neves said...

ESQUERDA
Temos razão, a razão que assiste a quem propõe que se construa um mundo melhor antes que seja demasiado tarde, porém, ou não sabemos transmitir às pessoas o que é substantivo nas nossas ideias, ou chocamos com um muro de desconfianças, de preconceitos ideológicos ou de classe que, se não conseguem paralisar-nos completamente, acabam, no pior dos casos, por suscitar em muitos de nós dúvidas, perplexidades, essas sim paralisadoras. Se o mundo alguma vez conseguir ser melhor, só o terá sido por nós e connosco. Sejamos mais conscientes e orgulhemo-nos do nosso papel na História. Há casos em que a humildade não é boa conselheira. Que se pronuncie bem alto a palavra Esquerda. Para que se ouça e para que conste.

Escrevi estas reflexões para um folheto eleitoral de Esquerda Unida de Euzkadi, mas escrevi-as pensando também na esquerda do meu país, na esquerda em geral. Que, apesar do que está passando no mundo, continua sem levantar a cabeça. Como se não tivesse razão.
José Saramago (Março 2009 Blog)

Gosto muito do Saramago
Ás vezes não tem razão nenhuma, como nós todos , não podemos acertar sempre. Se mudasse para um candidato melhor... Mas para o Costa ,..., fica a muitas léguas de distancia do Ruben de Carvalho.
Talvez o Saramago devesse rever o seu Ensaio sobre a Cegueira. Pois ou não viu o que este PS andou a fazer neste país nos últimos 14 anos porque é distraido , ou então foi atingido subitamente pela doença que cega.
Abraço para a Maria

Paula Barros said...

Maria, eu não tenho essa sensatez, muitas vezes não dá tempo de esfriar o sangue.

Se todos conseguissem essa serenidade, se teria menos violência. No entanto a indiferênça é para mim uma grande violência, e mostra que sempre podemos ofender o outro, com palavras ou sem palavras.

abraços

Cristina Caetano said...

Um abraço apertado e dois beijos.

E quando eu crescer quero ser assim como tu, porque quando meu sangue ferve não há água fria que dê jeito. ;)

Muitos beijinhos

Carminda Pinho said...

Para este desabafo, deve ter contribuído coisa feia, Maria.
Como não sei do que falas, nada mais posso dizer.
Deixo-te um abraço solidário.

Beijinhos

zmsantos said...

Beijos, minha amiga...

A CONCORRÊNCIA said...

Só uma coisa é grave na vida amiga, tudo o resto por muito que nos magoe, o tempo resolve. Espero ansiosa pelo fim do teu silêncio. Gosto das tuas palavras, e de ti.

Beijo grande

Ana said...

Um silêncio embrulhado em desabafo.
Que também é necessário...

Compreendo porque também muitas vezes o silêncio me tem sido uma barreira útil para não perder a cabeça.
E a razão...

Beijinho

Fernando Samuel said...

Nem sempre, mas às vezes o silêncio é ouro...


Um beijo grande.

Licínia Quitério said...

O teu silêncio é eloquente. Eu faço o mesmo.
Um grande abraço, Maria.

Rosa dos Ventos said...

Isto que escreveste já foi um desabafo que quebrou o silêncio, porque tu és daquelas que não calas!
Mas tens razão quando dizes que não se deve falar com a cabeça quente...
Deixa-os poisar, sejam eles quem forem!
Anda por aí muito passarão...

Abraço

LuNAS. said...

Envolves nas tuas doces mãos, coisas fortes, fartas, feias e frias.
mas tens sabedoria, Maria
beijinhos

dona tela said...

Parece tristinha, mas venha lá brindar comigo!

rosa dourada/ondina azul said...

Que esse silêncio te ajude a ultrapassar esse momento difícil...

Abraço te deixo,
com amizade e carinho,

Anonymous said...

Maria

Gostei do li. Sabes porquê?
Porque é um retrato meu, inacabado.
Vai ao blogue, porque eu acabo o retrato.


JIM

Leticia Gabian said...

Que te passa, AICeT?
Diz quem foi que eu vou lá e rodo a minha baiana!

Seja o que for, desvia o olhar e olha pra dentro de ti, pra poesia que tens aí dentro...E solta o sorriso de menina, aquele que antecede à gargalhada. Pronto. Aí, tudo se desfaz, pra se refazer logo a seguir, mas de maneira diferente.

Beijo enorme

Andreia said...

Ao longo aprendi que por vezes, nem sempre o silêncio deve ser o nosso refúgio. Sei que é preciso, mas também se deve dar o devido valor ao turbilhão de sons que por vezes habita em nós. *

utopia das palavras said...

Se o silêncio não nos sufoca, então que entremos nele, para que nos ouçam na atitude!

Respeito-te as palavras, Maria!

Um beijo

Justine said...

Não sei do que estás - ou de quem estás - a falar, mas respeito o teu quase-silêncio...

Pitanga Doce said...

Assino embaixo do que diz a amiga Justine.

PoesiaMGD said...

Tens uma bela prosa! Parabens!
Abraço

Tite said...

Respeito as tuas opções, mas sou precisamente o oposto.

Preciso de desabafar para que não se instale a indiferença, o ódio (que nunca sinto porque desabafo) a raiva e a distância tão perniciosa à amizade pura e sincera.

Respeito, como disse as tuas opções porque ninguém é igual a ninguém.

Só espero que depois de calar tudo o que sentes ainda tenhas capacidade de perdoar.

Um abraço solidário "malgré tout".

amigona avó e a neta princesa said...

E eu tenho que te respeitar e fico quietinha...mas deixo, ainda, um GRANDE abraço...

Anonymous said...

e nessas alturas o melhor mesmo é o silêncio...

Um Grande beijo e um xi.

Oris said...

Às vezes o silêncio ainda dói mais...

Beijitos, Maria

Nilson Barcelli said...

Saber calar no momento certo é uma prova de inteligência.
E eu há muito tempo que sei que és inteligente.
Querida amiga, boa semana.
Beijo.

P' said...

ESTÁ LINDO.

samuel said...

Com estrondo!

Abreijo.

Maria said...

Muito obrigada pelo carinho demonstrado nos vossos comentários.
Há situações em que me remeto ao silêncio, sim. Porque é a melhor solução...

Boa semana a todos.
Beijos

João Paulo Proença said...

Maria:

Palavras sensatas e belas

Quando os silêncios gritam é sinal de que há opções a tomar!

Excelente post

Beijo

João

Filoxera said...

Não sei o que terá estado na origem deste post, amiga, mas concordo que é o melhor a fazer nestas situações. Situações que eu tenho vivido, de vez em quando, por isso compreendo lindamente.
Beijos.

Mukanda said...

O Silêncio é ainda o melhor aplauso, minha linda Maria!
Revejo-me nas tua palavras.
Um beijo grande
Andreia Vilarinho Flórido

BF said...

Disseste tanta coisa nesse teu silêncio.
Mesmo caladas sentimos e gritamos os silêncios que nos reservamos,

Um Beijo
BF

Manuel Veiga said...

se tu o dizes, Maria. deves ter razão. para o silêncio...

beijo