Saturday, January 16, 2010

LEMBRAM-SE DAS HONDURAS?

É aquele país onde, em Junho de 2009, um golpe militar fascista - organizado e concretizado com a cumplicidade dos EUA - destituiu o Presidente eleito, Manuel Zelaya e instaurou uma ditadura. Um golpe que foi condenado por quase todos os governos do mundo - com algumas excepções, entre elas a do Governo de Obama, que aqui iniciou a sua prática de apoiar fingindo condenar...

É aquele pais onde, em Novembro passado, os golpistas realizaram «eleições» à velha maneira estadunidense, de que saiu «vencedor» um tal Porfírio Lobo, homem de mão dos EUA e do fascista Micheletti - eleições fraudulentas e como tal consideradas pela quase totalidade dos governos do mundo - com algumas excepções, entre elas a do Governo de Obama que as considerou «livres e justas».

É aquele país onde a resistência ao golpe - encabeçada pela Frente Nacional de Resistência contra o Golpe - assumiu expressões grandiosas, com o povo nas ruas em múltiplas manifestações pela democracia e pela liberdade - manifestações regra geral brutalmente reprimidas pelos golpistas instalados no poder.

É aquele país sobre o qual os média dominantes de todo o mundo fizeram cair um espesso manto de silêncio - silêncio que é, de facto, um inequívoco apoio desses média ao golpe fascista.

É aquele país onde, após a farsa das eleições de Novembro, a repressão tem vindo a acentuar-se, com as forças golpistas a cumprirem um plano de liquidação física de dirigentes da Frente Nacional de Resistência.

É aquele país donde nos chegam notícias concretas das consequências dessa repressão: em Dezembro, os golpistas assassinaram a tiro, numa rua nos arredores de Tegucigalpa, cinco jovens ligados à Resistência: Roger Aguilar, de 22 anos; Kennet Rosa, de 23 anos; Marcos Acosta, de 39 anos; Gabriel Zelaya, de 34 anos e Isaac Coello, de 24 anos.
Ainda no mês de Dezembro, foi preso e assassinado dez dias depois da prisão, Walter Trochez.
Outro resistente, Santos Corrales, foi preso, torturado e uns dias depois encontrado decapitado.
Um terceiro, Carlos Turcios, foi levado de casa no dia 16 de Dezembro e encontrado decapitado e sem mãos no dia seguinte.

É aquele país onde o Congresso Nacional - depois de ter designado Micheletti como «deputado vitalício» pelos seus «esforços a favor da democracia»... - se prepara para aprovar uma amnistia que abrangerá todos os golpistas - amnistia cujo conteúdo está a ser discutido entre Micheletti, Porfírio Lobo e... Hugo Llores, embaixador dos EUA.

É aquele país onde Porfírio Lobo se prepara para tomar posse com o apoio do Governo de Obama assim explicitado pelo embaixador Hugo Llores:
«Apoiamos tudo o que Porfírio Lobo está a fazer; apoiamos o seu esforço para fortalecer a democracia nas Honduras».

É aquele país onde a resistência do povo continua: a Frente Nacional de Resistência - a funcionar na clandestinidade - anunciou uma série de acções a levar a cabo nas próximas semanas.

É aquele país
É aquele povo
É aquela resistência,
aos quais temos o dever imperativo de manifestar a nossa total SOLIDARIEDADE.

(retirado do Cravo de Abril)

8 comments:

maré said...

não é só esse. é só mais um dos povos a quem temos que dar continuidade à capacidade de lutar e resistir...

beijo

Sandra said...

PASSEI POR AQUI PARA CONHECER ESTE SEU BLOG. MUITO PRAZER SOU A CURIOSA. VOLTAREI.
AMIZADE SE FAZ ASSIM, CONHECENDO E INDO AO ENCONTRO.
UM BOM FINAL DE SEMANA PARA VC.
SANDRA

isabel said...

sempre atenta. sempre solidária. um beijo

Filoxera said...

Só mesmo tu...
:-)
Um beijo abraçado.

Maria said...

Muito obrigada a quem passou por aqui e comentou. Aos que passaram sem comentar, e passaram a correr, sem ler. Aos que passaram e leram, sem comentar.
Foram 124 os que passaram aqui, nestas 24 horas. Muito obrigada!

Fernando Samuel said...

Então, conta lá mais um...

Um beijo grande.

zmsantos said...

E mais outro...

Beijos.

bettips said...

E outro... Todo lido e pensado: de como as democracias se apodrecem, de fora para dentro!
Logo num furacão, num desastre as ajudas - o povo precisa mas a que preço?
O que não foi feito antes?
Um beijo, Maria.