Todos os dias me invade o silêncio da tua ausência todas as noites procuro um som onde reconheça a tua voz tenho as mãos calejadas de tanto te procurar e o ventre seco e o olhar baço e os lábios cheios de sede. de ti. Porque corre o rio tão longe e a terra continua seca?
A côr do meu batuque Tem o toque, tem o som Da minha voz Vermelho, vermelhaço Vermelhusco, vermelhante Vermelhão...
O velho comunista se aliançou Ao rubro do rubor do meu amor O brilho do meu canto tem o tom E a expressão da minha côr Vermelho!...
A côr do meu batuque Tem o toque, tem o som Da minha voz Vermelho, vermelhaço Vermelhusco, vermelhante Vermelhão...
O velho comunista se aliançou Ao rubro do rubor do meu amor O brilho do meu canto tem o tom E a expressão da minha côr Meu coração!...
Meu coração é vermelho Hei! Hei! Hei! De vermelho vive o coração He Ho! He Ho! Tudo é garantido Após a rosa vermelhar Tudo é garantido Após o sol vermelhecer...
Vermelhou o curral A ideologia do folclore Avermelhou! Vermelhou a paixão O fogo de artifício Da vitória vermelhou...(2x)
A côr do meu batuque Tem o toque, tem o som Da minha voz Vermelho, vermelhaço Vermelhusco, vermelhante Vermelhão...
O velho comunista se aliançou Ao rubro do rubor do meu amor O brilho do meu canto tem o tom E a expressão da minha côr Vermelho!...
A côr do meu batuque Tem o toque, tem o som Da minha voz Vermelho, vermelhaço Vermelhusco, vermelhante Vermelhão...
O velho comunista se aliançou Ao rubro do rubor do meu amor O brilho do meu canto tem o tom E a expressão da minha côr (Vermelho!) Meu coração!...
Meu coração é vermelho Hei! Hei! Hei! De vermelho vive o coração He Ho! He Ho! Tudo é garantido Após a rosa vermelhar Tudo é garantido Após o sol vermelhecer...
Vermelhou o curral A ideologia do folclore Avermelhou! Vermelhou a paixão O fogo de artifício Da vitória vermelhou...(4x)
Perco-me a olhar a ilha, vazia de mim Não sei contar quanto tempo é o tempo Desato o nó e deixo-me chorar assim Por não te ter, nem ao mar nem ao vento
Ficou comigo o teu cheiro no meu leito Desfeito pelas mãos do amor no momento Sangra ainda de dor este meu peito Por não te ter, nem ao mar nem ao vento
De tudo o que guardei e já não quero Fica o canto das ondas como um lamento Que me acolhe e leva para onde te espero Para depois te ter, seja no mar ou no vento. (vou ali e depois volto. logo)
Qualquer grito. Punho no ar ou bandeira Fonte de nós na certeza de saber Que tendo-te assim, a vida inteira Será sempre possível fazer acontecer. Qualquer dia. No tempo ou no espaço No rio de onde brota a água mais pura Que tendo-te assim, neste abraço Te sei poeta da dor, do amor e da ternura.
Amanhã é no Rossio que nos encontramos. Mais uma vez. Até corrermos com quem nos impõe a política de direita que nos está a levar a um verdadeiro desastre económico e social. É possível a alternativa. Porque a alternativa existe!
Há dias assim. Em que tudo nos parece cinzento, tão cinzento que não vemos para além de nós e do que sentimos. Mas há o Mundo lá fora. À nossa volta. Há uma mão sobre o ombro, uma gargalhada que nos desperta. Apesar do nada poder ser o poema inteiro. Há noites assim. Em que o cinzento fica preto, de tão escuro. E não queremos ver nada para além do que escrevemos. Mas sentimos. E há Vida lá fora. À nossa volta. Um olhar que te beija. Um abraço que te aquece. Apesar do nada poder ser o poema inteiro.
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas. Quem conheça o sul e a sua transparência também sabe que no verão pelas veredas da cal a crispação da sombra caminha devagar. De tanta palavra que disseste algumas se perdiam, outras duram ainda, são lume breve arado ceia de pobre roupa remendada. Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão era morada e instrumento de alegria. Esse eras tu: inclinação da água. Na margem vento areias mastros lábios, tudo ardia.
Eugénio de Andrade (para Vasco Gonçalves)
Até Amanhã
Sei agora como nasceu a alegria, como nasce o vento entre barcos de papel, como nasce a água ou o amor quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma à roda do corpo que desperta, sílaba espessa, beijo acumulado, amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito, um grito apertado nos dentes, galope de cavalos num horizonte onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei. De coisas que te dou para que tu as ames comigo: a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade
La Lámpara Marina
I El Puerto Color de cielo
Cuando tú desembarcas en Lisboa, cielo celeste y rosa rosa, estuco blanco y oro, pétalos de ladrillo, las casas, las puertas, los techos, las ventanas, salpicadas del oro limonero, del azul ultramar de los navíos.
Cuando tú desembarcas no conoces, no sabes que detrás de las ventanas escuchan, rondan carceleros de luto, retóricos, correctos, arreando presos a las islas, condenando al silencio, pululando como escuadras de sombras bajo ventanas verdes, entre montes azules, la policía bajo las otoñales cornucopias buscando portugueses, rascando el suelo, destinando los hombres a la sombra.
II La Cítara Olvidada
Oh Portugal hermoso cesta de fruta y flores, emerges en la orilla plateada del océano, en la espuma de Europa, con la cítara de oro que te dejó Camoens, cantando con dulzura, esparciendo en las bocas del Atlántico tu tempestuoso olor de vinerías, de azahares marinos, tu luminosa luna entrecortada por nubes y tormentas.
III Los presidios
Pero, portugués de la calle, entre nosotros, nadie nos escucha, sabes dónde está Álvaro Cunhal? Reconoces la ausencia del valiente Militão? Muchacha portuguesa, pasas como bailando por las calles rosadas de Lisboa, pero, sabes dónde cayó Bento Gonçalves, el portugués más puro, el honor de tu mar e de tu arena? Sabes que existe una isla, la isla de la Sal, y Tarrafal en ella vierte sombra? Sí, lo sabes, muchacha, muchacho, sí, lo sabes. En silencio la palabra anda con lentitud pero recorre no sólo el Portugal, sino la tierra. Sí, sabemos, en remotos países, que hace treinta años una lápida espesa como tumba o como túnica de clerical murciélago, ahoga, Portugal, tu triste trino, salpica tu dulzura con gotas de martirio y mantiene sus cúpulas de sombra.
IV El Mar Y Los Jazmines
De tu mano pequeña en otra hora salieron criaturas desgranadas en el asombro de la geografia. Así volvió Camoens a dejarte una rama de jazmines que siguió floreciendo. La inteligencia ardió como una viña de transparentes uvas en tu raza.
Guerra Junqueiro entre las olas dejó caer su trueno de libertad bravía que transportó el océano en su canto, y otros multiplicaron tu esplendor de rosales y racimos como si de tu territorio estrecho salieran grandes manos derramando semillas para toda la tierra.
Sin embargo, el tiempo te ha enterrado. El polvo clerical acumulado en Coimbra cayó en tu rostro de naranja oceánica y cubrió el esplendor de tu cintura.
V La Lámpara Marina
Portugal, vuelve al mar, a tus navíos, Portugal, vuelve al hombre, al marinero, vuelve a la tierra tuya, a tu fragancia, a tu razón libre en el viento, de nuevo a la luz matutina del clavel y la espuma. Muéstranos tu tesoro, tus hombres, tus mujeres. No escondas más tu rostro de embarcación valiente puesta en las avanzadas de Océano. Portugal, navegante, descubridor de islas, inventor de pimientas, descubre el nuevo hombre, las islas asombradas, descubre el archipélago en el tiempo.
La súbita aparición del pan sobre la mesa, la aurora, tú, descúbrela, descubridor de auroras. Cómo es esto? Cómo puedes negarte al ciclo de la luz tú que mostraste caminos a los ciegos?
Tú, dulce y férreo y viejo, angosto y ancho padre del horizonte, cómo puedes cerrar la puerta a los nuevos racimos y al viento con estrellas del Oriente?
Proa de Europa, busca en la corriente las olas ancestrales, la marítima barba de Camoens. Rompe las telaranãs que cubren tu fragrante arboladura, y entonces a nosotros los hijos de tus hijos aquellos para quienes descubriste la arena hasta entonces oscura de la geografía deslumbrante, muéstranos que tú puedes atravesar de nuevo el nuevo mar oscuro y descubrir al hombre que ha nacido en las islas más grandes de la tierra.
Navega, Portugal, la hora llégó, levanta tu estatura de proa y entre las islas y los hombres vuelve a ser camino. En esta edad agrega tu luz, vuelve a ser lámpara: aprenderás de nuevo a ser estrella.
- Mais de mil milhões de pessoas passam fome - ou seja: um em cada seis habitantes do planeta passa fome. - Dessas, morrem todos os dias dezenas de milhares, na sua maioria mulheres e crianças.
- Em cada seis segundos morre uma criança. À fome.
- A imensa maioria dos que morrem à fome é oriunda dos «países mais pobres» - que são mais pobres porque os mais ricos lhes roubam as suas riquezas.
- A fome também marca presença nos «países mais ricos»: dos 10, 9 milhões de crianças com menos de cinco anos que morrem todos os anos nos «países desenvolvidos», 60% morrem em consequência da fome.
«A fome mata mais pessoas do que a sida, a malária e a tuberculose juntas».
Quer isto dizer que o número de vítimas dafomecontinua a aumentar. Entretanto, prosseguem as «conferências», os «seminários», os «fóruns», os «anos europeus» e os «anos mundiais» que, desde há muito anos, garantem que vão acabar com a fome - mas que, até agora, apenas conseguiram aumentar as riquezas dos mais ricos.
Quanto a nós por cá... tudo bem: «A falta de comida já afecta 95 mil crianças» «O Banco Alimentar está a dar comida a 285 mil pessoas» - são «dez vezes mais do que a média do ano passado» e o brutal aumento deve-se, entre outras coisas, à entrada no reino da fome dos chamados «novos pobres» - que são aqueles que têm emprego e salário fixo, mas cujo rendimento não chega para comer.
É assim a vida no capitalismo que é, há centenas de anos, o sistema dominante. E assim será enquanto o capitalismo dominar. Até que as vítimas da fome se levantem e construam «uma terra sem amos»...
Em termpo: cliquem aqui e revoltem-se!!! http://www.publico.pt/Sociedade/criancas-vestemse-com-fardas-da-mocidade-para-reviver-100-anos-de-republica_1440933
(A Eterna Criança que me persegue a pedir esmola. Grito de cólera.)
Ouve, Não-sei-quem:
recuso-me a viver num mundo assim de lua podre disfarçado de flores com repetições de esqueletos e a Eterna Voz Faminta aqui na minha frente - pálida de existir!
Ouve, Não-sei-quem:
e se, depois de tudo isto, ainda há céu e inferno ou outra sombra intermédia, recuso-me terminantemente a morrer e a entrar nessa comédia!
A saudade é uma segunda pele que vestimos. Que nos asfixia, por vezes. Que nos faz em rio, outras. A saudade é um aperto que nos dói no coração. Que corre nas nossas veias. Que vive dentro de nós, sempre. A saudade é um mar imenso que engulo para te tragar. Que eu devolvo em cada maré de ir, para te recolher na maré de vir. E que vive em mim, como um abraço. Para sempre.
Tomara Que você volte depressa Que você não se despeça Nunca mais do meu carinho E chore, se arrependa E pense muito Que é melhor se sofrer junto Que viver feliz sozinho
Tomara Que a tristeza lhe convença Que a saudade não compensa E que a ausência não dá paz E o verdadeiro amor de quem se ama Tece a mesma antiga trama Que não se desfaz
E a coisa mais divina Que há no mundo É viver cada segundo Como nunca mais...
Foi naquele momento em que nada mais contou a não ser o amor, que tu pacientemente me quiseste, momento em que eu, qual menina, com o receio dos quinze anos e a vergonha não sei de quê te quis, amor já desejado mas não vivido momento belo, e profundo, e bonito, o momento em que nos demos calmamente avidamente um ao outro como que para recuperar um tempo perdido que havemos de voltar a ter, foi naquele momento em que nos amámos pela primeira vez, esse foi o momento que tanto ansiávamos...
Atrás dos muros altos com garrafas partidas bem para trás das grades do silêncio imposto as crianças de olhos de espanto e de medo transidas as crianças vendidas alugadas perseguidas olham os poetas com lágrimas no rosto.
Olham os poetas as crianças das vielas mas não pedem cançonetas mas não pedem baladas o que elas pedem é que gritemos por elas as crianças sem livros sem ternura sem janelas as crianças dos versos que são como pedradas.