Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade
de vivermos felizes e em paz.
Obrigado
pelo exemplo que se esforçam em nos dar
de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem
dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar
as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,
o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.
Joaquim Pessoa
(Do livro a publicar, ANO COMUM)
Monday, August 30, 2010
Saturday, August 28, 2010
Música para o fim-de-semana
SODADE
Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Ess caminho
Pa São Tomé
Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau
Si bô 'screvê' me
'M ta 'screvê be
Si bô 'squecê me
'M ta 'squecê be
Até dia
Qui bô voltà
Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau
Thursday, August 26, 2010
Faltam-me as palavras
Dos rios que navegámos faço margens cheias de árvores e flores e montes cheios de pedras e urze. E desenho-te. Das estradas que percorremos fiz um caminho único, onde passo a passo chegarei ao fim. E sorris-me. Dos mares em que mergulhámos deixo que a natureza os transforme em mantos de mansidão ou de revolta. E amo-te.
Faltam-me as palavras. Faltam-me as mãos. Faltas-me tu. Falta-me tanto...
Wednesday, August 25, 2010
Hoje, outra vez!
Paulo de Carvalho - Mãe negra e Meninos do Huambo
(acapella)
Já passou por aqui. Está de volta...
Monday, August 23, 2010
*
Saturday, August 21, 2010
Música para o fim-de-semana
Eran tres
Eran tres, eran tres, eran tres...
eran tres con palomas en las manos...
eran tres y los tres eran hermanos
de la luz, del amor y del saber.
Eran tres y se fueron los tres...
El primero detrás de algunos versos,
el segundo a pintar el universo
y tercero en mitad de su niñez...
Pablo gorrión, Pablo poeta y marinero,
Pablo arlequín, Pablo pintor, Pablo torero,
Pablo y ""el cant dels ocells"", Pablo maestro,
Pablos de todos, Pablos de nadie... Pablos nuestros.
Eran tres, eran tres, eran tres...
Tres senderos, tres huellas, tres caminos,
tres Quijotes venciendo a los molinos
con un cello, un poema y un pincel.
Eran tres y se fueron los tres....
nos quedamos sin Pablos en el mundo
y lo bello, sin ellos, moribundo...
¡qué va a ser de nosotros... qué va a ser!
daqui
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Friday, August 20, 2010
Espantásticos!
O presidente brasileiro, Lula da Silva, resolveu leiloar o fato que vestiu na sua primeira tomada de posse. «A receita do leilão vai ser doada ao programa Escola do Povo, dirigido por uma ONG na favela de Paraisópolis, em São Paulo». O leilão foi um sucesso e o fato foi arrematado por mais de 200 mil euros por Eike Batista, um multimilionário brasileiro, dono da maior fortuna do Brasil, avaliada em 27 mil milhões de dólares.
Seguindo o exemplo de Lula da Silva, também José Sócrates e Cavaco Silva promoveram o leilão dos fatos das suas tomadas de posse. Na ausência de um milionário do calibre do brasileiro, as farpelas foram compradas por um agricultor endinheirado, num gesto que deixou toda a vizinhança espantada... embora não tão espantada quanto os pardais.
Thursday, August 19, 2010
Wednesday, August 18, 2010
O último amor
Não preciso de te gritar. O silêncio do meu olhar diz-te tudo. Da saudade que te tenho e já não sentes. Do beijo que ficou por dar e que me queima. Do abraço que me envolve e me rasga. Do amor que fizemos, sem idade.
Não preciso de te ter. O silêncio da ausência diz-me tudo. Das tuas mãos no meu corpo e sei que não mentes. Do rio que corre entre nós e que teima. Da maré que ainda somos e que nos rasga. Do amor que fazemos, porque é verdade...
Monday, August 16, 2010
Bom dia!
Sunday, August 15, 2010
Para ti... com um abraço do tamanho do Mundo!
Minha mãe que não tenho
Minha mãe que não tenho meu lençol
de linho de carinho de distância
água memória viva do retrato
que às vezes mata a sede da infância.
Ai água que não bebo em vez do fel
qua a pouco e pouco me atormenta a língua.
Ai fonte que não oiço ai mãe ai mel
da flor do corpo que me traz à míngua.
De que egipto vieste? De qual Ganges?
De qual pai tão dostante me pariste
minha mão minha dívida de sangue
minha razão de ser violento e triste.
Minha mãe que não tenho minha força
sumo da fúria que fechei por dentro
serás sibila virgem buda corça
ou apenas um mundo em que não entro?
Minha mãe que não tenho inventa-me primeiro:
constrói a casa a lenha e o jardim
e deixa que o teu fumo que o teu cheiro
te façam conceber dentro de mim.
José Carlos Ary dos Santos
Queria dar-te palavras minhas, mas não as tenho.
Deixo-te um abraço, forte.
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Friday, August 13, 2010
Música para o fim-de-semana
Avé Maria do Povo
Avé, Avé Maria,
mulher de um carpinteiro
e mãe do homem novo,
Senhor do mundo inteiro.
Avé mulher do povo,
Maria camponesa
que trazes sangue novo
ao corpo da tristeza.
Ouve esta nossa voz,
nós rogamos por nós,
por nós que estamos sós
e quase abandonados.
Senhora da má sorte
sem culpa concebida,
nós não pedimos morte,
nós só pedimos vida.
Ouve esta nossa voz,
nós rogamos por nós,
por nós que estamos sós
e mal-aventurados.
Senhora da ternura,
Senhora da alegria,
teu fruto está maduro.
É quase um novo dia,
ouve esta nossa voz.
Ary dos Santos
Wednesday, August 11, 2010
Memórias
As memórias enchem-me. Sufocam-me todos os dias. Para as memórias não há amanhã, só há o ontem. E eu estou cheia de ontens. Quero amanhãs. Quero respirar ar puro cacimba vento amanhã. Que chova! Quero lavar-me por dentro e que as águas levem todas as memórias. Para ser eu outra vez. Para começar tudo de novo. E repetir tudo o que fiz. E voltar a ter memórias. Que me sufocam...
Monday, August 09, 2010
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Manuel Bandeira
Sunday, August 08, 2010
Saturday, August 07, 2010
Música para o fim-de-semana
Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
(Milton Nascimento e Fernando Brant)
Friday, August 06, 2010
Para que nunca mais!!!!
Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
(Vinicius de Moraes)
(foto da net)
No dia de hoje, embora repetido, é o único post possível.
Wednesday, August 04, 2010
Intermitência
Queria saber dizer-te como me explodes no peito mas não me saem as palavras devem estar todas presas atadas no estômago e são tantas que nem consigo digeri-las apenas me faço chuva e olhar e braço abraço tão forte tão grito tão alívio tão quente tão... porque a saudade vem a seguir quando os pés chegarem ao chão agora pairas aqui em mim no ar que não respiro no mar de todas as lágrimas agora sei-te poema feito de tanto tudo quase estrela nascida em corpo renascido para a vida que ainda espera por ti inteiro total AMIGO e como as palavras não me fazem sentido hoje calo-me e abraço-te forte muito.
Monday, August 02, 2010
Abraço
Há momentos que teimam em não nos deixar. Momentos que duram anos. Às vezes uma vida. Embora eu não saiba quanto tempo é uma vida.
Há palavras de ti nascidas que são flores que rego todos os dias, para não murcharem. Porque as quero vivas dentro de mim. Vida.
Há abraços que são eternos e são muito mais do que alguém entende. Sentem-se sempre, mesmo quando a distância nos separa.
É um abraço desses que sinto agora, e que te dou também, apertado, de cortar a respiração, de morrer e viver. Como um grito. O que calamos quando os nossos olhares se cruzam.
Sémen puro jorrando de vida por viver. Ainda. Leito feito nós. No grito.
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