Thursday, December 31, 2009
Música para o fim-de-semana
L'Affiche rouge
Vous n'avez réclamé la gloire ni les larmes
Ni l'orgue, ni la prière aux agonisants
Onze ans déjà, que cela passe vite onze ans
Vous vous étiez servi simplement de vos armes
La mort n'éblouit pas les yeux des partisans.
Vous aviez vos portraits sur les murs de nos villes
Noirs de barbe et de nuit, hirsutes, menaçants
L'affiche qui semblait une tache de sang
Parce qu'à prononcer vos noms sont difficiles
Y cherchait un effet de peur sur les passants.
Nul ne semblait vous voir Français de préférence
Les gens allaient sans yeux pour vous le jour durant
Mais à l'heure du couvre-feu des doigts errants
Avaient écrit sous vos photos " Morts pour la France"
Et les mornes matins en étaient différents.
Tout avait la couleur uniforme du givre
À la fin février pour vos derniers moments
Et c'est alors que l'un de vous dit calmement:
"Bonheur à tous, bonheur à ceux qui vont survivre
Je meurs sans haine en moi pour le peuple allemand."
"Adieu la peine et le plaisir. Adieu les roses
Adieu la vie. Adieu la lumière et le vent
Marie-toi, sois heureuse et pense à moi souvent
Toi qui vas demeurer dans la beauté des choses
Quand tout sera fini plus tard en Erevan."
"Un grand soleil d'hiver éclaire la colline
Que la nature est belle et que le coeur me fend
La justice viendra sur nos pas triomphants
Ma Mélinée, ô mon amour, mon orpheline
Et je te dis de vivre et d'avoir un enfant."
Ils étaient vingt et trois quand les fusils fleurirent
Vingt et trois qui donnaient le coeur avant le temps
Vingt et trois étrangers et nos frères pourtant
Vingt et trois amoureux de vivre à en mourir
Vingt et trois qui criaient "la France!" en s'abattant.
(Aragon)
Bom fim-de-semana para todos, e um excelente 2010!
Tuesday, December 29, 2009
Há dias assim...
Não gosto dos dias assim. Húmidos e ácidos. Recolho-me em concha e espero que venhas. Sem pressas, já que o tempo é tanto.
Acendo a lareira e abro um vinho antigo. Como o amor que nos damos. Deixo-o respirar e sirvo-o em duas túlipas. Ao longe o mar.
Retomo a leitura do livro na página em que falas da vida. Talvez eu deva falar da morte. Da que sinto nos rostos de quem dorme na rua.
Não sei quanto tempo já passou desde que te espero. O vinho nos copos, a lareira crepita. Ao longe o mar, que me chama.
Sabes que não gosto dos dias assim. Ácidos e húmidos. Dispo-me de mim porque tu não vens. Abro a porta e saio. Vagueio sem tempo e sem norte. O mar chama-me e eu mergulho. E fico, no abraço imenso que me deste. Porque hoje, meu amor, o mar és tu...
Sunday, December 27, 2009
Porque me apetece Ary dos Santos...
Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Ary dos Santos
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Ary dos Santos
Saturday, December 26, 2009
Friday, December 25, 2009
Litania para o Natal de 1967
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa de Hanói ontem bombardeada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Tem no ano dois mil a idade de Cristo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
e anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para nos vir pedir contas do nosso tempo
David Mourão-Ferreira
num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa de Hanói ontem bombardeada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Tem no ano dois mil a idade de Cristo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
e anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para nos vir pedir contas do nosso tempo
David Mourão-Ferreira
Wednesday, December 23, 2009
Natal, e não Dezembro
Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
Tuesday, December 22, 2009
Monday, December 21, 2009
A não esquecer
O BANQUEIRO
Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa, em sua enorme limousine, quando viu dois homens à beira da estrada comendo relva. Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles:
- Por que vocês estão comendo relva?
- Não temos dinheiro para comida.. - disse o pobre homem - Por isso temos que comer relva.
- Bem, então venham à minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro.
- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.
- Que venham também - disse novamente o banqueiro. E, voltando-se para o outro homem, disse-lhe:
- Você também pode vir.
O homem, com uma voz muito sumida disse:
- Mas, senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!
- Pois que venham também. - respondeu o banqueiro.
E entraram todos no enorme e luxuoso carro.
Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente o banqueiro e disse:
- O senhor é muito bom. Obrigado por nos levar a todos!
O banqueiro respondeu:
- Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão ficar encantados com a minha casa... A relva está com mais de 20 centímetros de altura!
Moral da história:
Quando você achar que um banqueiro (ou banco) o está a ajudar, não se iluda, pense mais um pouco...
(enviado por mail, mas para reflectir...)
Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa, em sua enorme limousine, quando viu dois homens à beira da estrada comendo relva. Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles:
- Por que vocês estão comendo relva?
- Não temos dinheiro para comida.. - disse o pobre homem - Por isso temos que comer relva.
- Bem, então venham à minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro.
- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.
- Que venham também - disse novamente o banqueiro. E, voltando-se para o outro homem, disse-lhe:
- Você também pode vir.
O homem, com uma voz muito sumida disse:
- Mas, senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!
- Pois que venham também. - respondeu o banqueiro.
E entraram todos no enorme e luxuoso carro.
Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente o banqueiro e disse:
- O senhor é muito bom. Obrigado por nos levar a todos!
O banqueiro respondeu:
- Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão ficar encantados com a minha casa... A relva está com mais de 20 centímetros de altura!
Moral da história:
Quando você achar que um banqueiro (ou banco) o está a ajudar, não se iluda, pense mais um pouco...
(enviado por mail, mas para reflectir...)
Saturday, December 19, 2009
Novamente Fausto
Navegar navegar
Mas ó minha cana verde
Mergulhar no teu corpo
Entre quatro paredes
Dar-te um beijo e ficar
Ir ao fundo e voltar
Ó minha cana verde
Navegar navegar
Quem conquista sempre rouba
Quem cobiça nunca dá
Quem oprime tiraniza
Naufraga mil vezes
Bonita eu sei lá
Já vou de grilhões nos pés
Já vou de algemas nas mãos
De colares ao pescoço
Perdido e achado
Vendido em leilão
Eu já fui a mercadoria
Lá na praça do Mocá
Quase às avé-marias
Nos abismos do mar
navegar navegar...
Já é tempo de partir
Adeus morenas de Goa
Já é tempo de voltar
Tenho saudades tuas
Meu amor
De Lisboa
Antes que chegue a noite
Que vem do cabo do mundo
Tirar vidas à sorte
Do fraco e do forte
Do cimo e do fundo
Trago um jeito bailarino
Que apesar de tudo baila
No meu olhar peregrino
Nos abismos do mar
(Fausto)
Thursday, December 17, 2009
Tuesday, December 15, 2009
Para ti, Pedro
Recolho as tuas lágrimas nas minhas mãos. Será esta a dor mais forte? O que é o medo, Mãe?
Que dor é esta que não me sai do peito? Como é o fim?
As lágrimas transformam-se em pérolas que enfio em ouro tecido por todos os amores.
O teu sorriso de menino fez-se homem. O teu olhar ficou baço. Apenas por momentos. Que dor é esta...
As palavras não me saem e apenas chovo. Contigo...
Guarda, 15.8.2009
Que dor é esta que não me sai do peito? Como é o fim?
As lágrimas transformam-se em pérolas que enfio em ouro tecido por todos os amores.
O teu sorriso de menino fez-se homem. O teu olhar ficou baço. Apenas por momentos. Que dor é esta...
As palavras não me saem e apenas chovo. Contigo...
Guarda, 15.8.2009
Sunday, December 13, 2009
Troca por troca
Quem sabe onde fica o arquipélago das Berlengas?
A Beatriz sabe!
Quem sabe o nome das ilhas e ilhéus que compõem o arquipélago das Berlengas?
A Beatriz sabe!
Quem sabe qual é a fauna e a flora da Berlenga?
As espécies endémicas são do conhecimento da Beatriz, ela sabe tudo sobre a ilha.
Bom, tudo, tudo, não... Das estórias dos antigos ela não sabe.
Mas ficou a saber algumas. Ela e os colegas de turma dela.
E ficaram a saber que na ilha houve um mosteiro - o que é um mosteiro? - um local onde viviam os monges - o que são monges? - assim parecido com frades - e o que são frades? - mais ou menos como os padres - mas como sabes se não vais à igreja? :))) e que os monges moíam os cereais para fazerem o pão num moinho e quando morriam eram enterrados na própria ilha. E ficaram a saber quem foi o Cabo Avelar Pessoa e da sua luta titânica contra os espanhóis que nos atacavam na fortaleza...
Sei que da próxima vez que forem à ilha irão ao local onde se diz estar enterrada a mó do moinho. Também sei que não a vão encontrar. Mas para crianças de 8 ou 10 anos a 'aventura' é o que importa...
Agradeço ao Professor e à Beatriz o convite que me foi feito para assistir à apresentação do trabalho, numa tarde muito especial. Ficámos todos a saber mais um pouco...
Labels:
Berlengas,
crianças,
Externato FMP,
Movimento Escola Moderna
Friday, December 11, 2009
Porque me apetece Adriano!
AS MÃOS
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Sunday, December 06, 2009
Acetinada
Rompo esta saudade a cantar
No vai e vem de todas as marés
Na pele no olhar no verbo amar
E na espuma das ondas a beijar-te os pés
Sei do cheiro que me trespassa
E da cor da rocha feita leito
Em cada gaivota que aqui passa
Vai um pouco de nós, de qualquer jeito
Aqui respiro aqui amo e fico enfim
Nas memórias da minha inquietação
E a presença do amor pele de cetim
Guardo fechada, para sempre, no coração.
(vou ali. depois volto. logo)
Saturday, December 05, 2009
Lembrando Soeiro Pereira Gomes
"Para os filhos dos homens que nunca foram meninos, escrevi este livro"
Soeiro Pereira Gomes
(14.Abril.1909 - 5.Dezembro.1949)
Porque é tempo de Ary dos Santos V
SONATA DE OUTONO
Inverno não ainda mas Outono
a sonata que bate no meu peito
poeta distraído cão sem dono
até na própria cama em que me deito.
Acordar é a forma de ter sono
o presente o pretérito imperfeito
mesmo eu de mim próprio me abandono
se o rigor que me devo não respeito.
Morro de pé, mas morro devagar.
A vida é afinal o meu lugar
e só acaba quando eu quiser.
Não me deixo ficar. Não pode ser.
Peço meças ao Sol, ao céu, ao mar
pois viver é também acontecer.
José Carlos Ary dos Santos
(retirado do Cravo de Abril)
FOI BONITO O ENCONTRO, PÁ!
Foi bonito, muito bonito o encontro do Zé Carlos com os milhares de amigos que, esta noite, encheram o Coliseu.
Foi uma Festa: ouvimos o Poeta a dizer «As Portas que Abril Abriu», cantámos com ele e com o Carlos do Carmo - coisas de «Um Homem na Cidade» e de «Um Homem no País», mais a «Estrela da Tarde» e a «Lisboa, Menina e Moça», mais a «Sonata de Outono»... - e emocionámo-nos, com a lagriminha ao canto do olho ou a correr pelas faces...Foi uma Festa de amigos em convívio e confraternização com o Amigo.
Lá lhe ofereci o Cravo de Abril.
Ele gostou.
E manda dizer que «isto vai, meus amigos, isto vai».
Fernando Samuel
Labels:
Ary dos Santos,
Coliseu,
Cravo de Abril,
Fernando Samuel
Friday, December 04, 2009
Porque é tempo de Ary dos Santos IV
Um Homem na Cidade
Agarro a madrugada
como se fosse uma criança
uma roseira entrelaçada
uma videira de esperança
tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem por força da vontade
de trabalhar nunca se cansa.
Vou pela rua
desta lua
que no meu Tejo acende o cio
vou por Lisboa maré nua
que se deságua no Rossio.
Eu sou um homem na cidade
que manhã cedo acorda e canta
e por amar a liberdade
com a cidade se levanta.
Vou pela estrada
deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresça na vela da canoa.
Sou a gaivota
que derrota
todo o mau tempo no mar alto
eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.
E quando agarro a madrugada
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada
um malmequer azul na cor.
O malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém
o malmequer desta cidade
que me quer bem que me quer bem!
Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis que me quer bem!
Labels:
Ary dos Santos,
Carlos do Carmo,
Um homem na cidade
Wednesday, December 02, 2009
Porque é tempo de Ary dos Santos III
Epígrafe
De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.
De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.
De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.
Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
expressão da multidão que está comigo.
De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.
De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.
De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.
Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
expressão da multidão que está comigo.
Tuesday, December 01, 2009
Subscribe to:
Posts (Atom)