Tuesday, July 21, 2009
Porque me apetece Manuel da Fonseca
Recado a Helena
Do frio da cela do forte
Do lado norte por sobre o rio
Por sobre o rio do lado norte
A mão acena por Helena.
Do lado do sul do rio
Na negra pena por Helena:
À rua deitado jaz vazio e frio
O corpo apagado de Helena.
Salgado rio de pranto
Jorrando entre mágoa e mágoa
E uma cidade de espanto
No perfilado recorte
Espelhado no fundo de água
Pára o Tejo à beira-morte
À beira-morte de Helena
E à beira-cela do forte
Onde ainda a mão acena.
Do lado do sul do rio
À rua deitado jaz vazio e frio
O grito em vida amordaçado
No corpo delgado de Helena.
Mão de aceno gradeado
É por nossa condição
Gente de foice e arado
Homens de cais pescadores
Mais os que como nós são
Nos escritórios e fábricas
Dia a dia os construtores
Dos dias desta nação
É por nós que a mão acena
Da beira-morte de Helena
Contra a mão que nos condena.
Para que a morte de Helena
Não venha a ser nossa sorte
Ao sul e ao norte a mão acena
Fechando o punho ao sul e ao norte.
Salgado rio de pranto
Jorrando entre mágoa e mágoa
E uma cidade de espanto
No perfilado recorte
Espelhado no fundo de água
Pára o Tejo à beira-morte
À beira-morte de Helena
E à beira-cela do forte
Onde agora um punho acena.
Do frio da cela do forte
Do lado norte por sobre o rio
Por sobre o rio do lado norte
A mão acena por Helena.
Para que a morte de Helena
Não venha a ser nossa sorte
Ao sul e ao norte a mão acena
Fechando o punho ao sul e ao norte.
Manuel da Fonseca
(eu vou ali. depois volto. tarde)
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38 comments:
Ai, Maria, há quanto tempo não lia isto!
Para que a morte de Helena
Não venha a ser nossa sorte
Ao sul e ao norte a mão acena
Fechando o punho ao sul e ao norte.
SEJA!
beijinhos
Este poema faz parte de um disco gravado pelo Adriano Correia de Oliveira, intitulado "Para que nunca mais", e em que o Adriano canta poemas do Manuel da Fonseca.
Vai ficar aqui, durante a minha ausência, "para que nunca mais"...
Até breve.
Beijos
Lúcia
Tenho a voz do Adriano na cabeça, nos últimos tempos...
Beijinhos
Bendito apetite! São logo duas belas lembranças de uma assentada...
Abreijo.
Boa estadia, boas viagens. Felicidades e até logo
já vais embora, querida Maria :)?...
que tudo corra bem e sem "istressis" :)!!!
deixas-nos em belíssima companhia.
até...!...
beijocasssss
Uma dupla perfeita - Adriano C.de Oliveira e Manuel da Fonseca.
"para que nunca mais" uma boa reflexão para entranhar dentro de cada um de nós.
Bom descanso e volta breve.
Sentimos a tua falta.
Contigo, leva o meu abraço enorme e forte de Sempre
Por que ainda é preciso lutar tanto? Por que ainda há tanta opressão? Às vezes desanima...
Volte logo...
Beijinhos
Bem escolhido este poema.
:)))
Beijos, Maria.
Até já. Nós por cá e tu por aí lutando sempre por uma sorte diferente da de Helena.
Beijo
Espero que sejam férias...
Obrigada pela lembrança e cuidado com o sol... :)))
E as águas do Tejo a correr, docemente, como lágrimas...
Boas férias, Maria, à beira de água, esquecendo a mágoa!
Abraço
Ser Solidário é Ser Fonte de Gente!
Há por aí muito menino que precisava ler este poema.
Um abraço
Onde é que eu estive a ouvir isto, onde é que foi?...
Um beijo grande.
Dos mais belos poemas escritos por Manuel da Fonseca e dos mais belos cantados por Adriano!
Fico com eles até ao teu regresso!
Boas férias
Beijos
e eu que pensava que manuel da fonseca era somente romancista... ai santa ignorância!
Sabes Maria
A Helena do poema, da canção morava no meu prédio, era amiga dos meus pais, assim como o companheiro Daniel Cabrita, preso.
A filha, a Catarina, tem menos uns meses que eu, tinha um ano, quando a Helena se suicidou.
O Daniel é amigo de infância dos meus pais e tios.
Aliás moravm naquele predio de propósito vários camaradas, porque era o prédio maior do Barreiro, com saida de serviço e principal, porque assim era mais facil esconder camaradas clandestinos.
Tenho fotos com ela, a Catarina andou sempre no mesmo circuito que eu.
O Daniel teve namoros, mas nunca mais teve uma companheira.
beijos
Belissimo post!
Maria querida
«Desperta, lava de luz o teu rosto.
Canta baixinho uma canção,
que afaste a tristeza e o medo.»
bjhs
Vai Maria, descansa e mergulha nas águas azuis.Um abraço enorme aqui deste lado
Querida Maria,
Manuel da Fonseca! Para ele as palavras tinhas a simplicidade e a beleza de uma papoila...
Beijos para ti!
AL
Há quanto tempo não ouço nada do Adriano Correia de Oliveira.
O Manuel da Fonseca escreveu grandes poemas para ele.
Gostei de ler, obrigado pela partilha.
Boa semana, beijo.
" Às vezes, desanimados, pensamos que pouco que fazemos não é senão apenas uma gota no oceano. Mas o oceano seria menor se lhe faltasse uma gota.
Acredite : Você faz a diferença " !.
Beijos
Muito bem recordado, Maria
Beijinho
:))
Maria. Bem escolhido o nome,e quem o cantou igual.
Aqui estou depois de uma dor de cabeça grande,pessoas há que deviam passar bem longe??? entendes o que digo.
Beijinho e tudo de bom
Depois de ler este belo mas triste poema,
Comovi-me muito, com o comentário da Ana Camarra.
Um bj,
(vê o mail)
Bjs,
GR
Fico à espera. Se não me encontrares por aí...é porque fui dar uns mergulhos.:)))
Beijos, Maria.
Está simplesmente maravilhoso e fascinante da forma como foi descrito, parabéns fantástico a mão de Helena...
Beijinho prateado
SOL
"Para que nunca mais". Boas férias, Maria.
Maria
Lindo. Não conhecia este poema de Manuel da Fonseca.
Para que a morte de Helena não venha a ser a nossa morte há que não perder a consciência que quando o vento sopra forte há que fazer-lhe resistência.
Abraço
eu também gosto muito de Manuel da Fonseca.
Obrigado pelo que nos trazes
como uma mão que acena e acorda.
um beijo maria
Se forem férias, diverte-te!
Se não forem diverte-te na mesma.
Abreijos.
e foi com a voz de Adriano Correia de Oliveira a soar na minha cabeça que li este poema...e que bom que te apeteceu este "REcado a Helena"
beijo
Às vezes também me apetece Manuel da Fonseca. Chegar aqui e "tê-lo" é muito bom.
Ola que belo obrigada por nos recordares.
bjs
Pintei em traços vibrantes
Aprisionei a beleza e a harmonia
Dancei no sabor de irreverentes matizes
Misturei a aurora com o fim do dia
Um violoncelo soltou duas notas sorridentes
Dançaram as cores de forma trágica
Os pincéis inventaram a doçura do teu rosto
Em movimentos de rodopiante mágica
Bom fim de semana
Mágico beijo
volta depressa
beijo
João
e que viva Adriano!!
Gosto dos teus apetites
Gosto do Poeta Militante :)
****
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