Friday, October 17, 2025

Paisagem

As traineiras abrigam-se na barra
os mastros em fantástico arvoredo.
São peixes coloridos de brinquedo
e eu o triste rapaz que solta a amarra.

Os telhados reúnem-se no largo,
assembleia de pobres e crianças.
Em falas, cantos, cobram-se esperanças.
Homens chegam do mar com rosto amargo.

Lá em baixo a vaga escreve na muralha
a história destes muros. Toda em brios
salta adiante o Baleal e falha.

E, na gávea da velha Fortaleza,
fico a seguir o rumo dos navios,
num choro de asas de gaivota presa...

António Borges Coelho 

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