Thursday, November 21, 2024

A25A

 
Caros Associados
Junto enviamos posição assumida pela Direcção da A25A, por unanimidade e concordância dos demais Órgãos Sociais, sobre o convite recebido do Senhor Presidente da Assembleia da República para a “Sessão Solene Evocativa do 49.º aniversário do 25 de Novembro de 1975”.
Com cordiais saudações de Abril
Vasco Lourenço
Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril
Comemorar, o quê e porquê?
O 25 de Abril, como único e irrepetível processo de intervenção na definição do tipo de sociedade humana, não foi fácil de concretizar.
O processo que se seguiu também não foi fácil, mas caminhámos sempre no sentido de concretizar as promessas do Programa do MFA apresentado à sociedade portuguesa desde o início.
A liberdade proporcionou que cada cidadão fosse optando pela sua visão e pelo seu projecto, juntando-se ou não aos movimentos e partidos políticos que vinham da actividade clandestina do anterior ou que se foram constituindo.
Mas a liberdade também foi permitindo que os saudosos do passado se fossem aproveitando das oportunidades que o período revolucionário, o período de transição e o posterior período democrático e constitucional lhes foi proporcionando. Eles sempre estiveram e continuam a estar presentes entre nós e pretendem, senão regressar ao passado, pelo menos destruírem os valores do 25 de Abril e construírem uma sociedade limitada e controlada.
Isto vem a propósito das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril (que atingiram uma dimensão generalizada e mesmo surpreendente) e porque há quem queira elevar a comemoração do 25 de Novembro de 1975 à dimensão (pelo menos a título oficial) do 25 de Abril de 1974.
Ora nós consideramos que nenhum dos acontecimentos posteriores se pode comparar ao “dia Inicial, Inteiro e Limpo” ou ao dia da “Grândola Vila Morena”. O 25 de Abril é o dia da Liberdade, da reconstrução da Democracia e da Paz, conforme ficou bem evidente nas Comemorações Populares dos 50 Anos do 25 de Abril. Todos os acontecimentos posteriores, que se caracterizaram por tentativas de impedir o caminho traçado pelo Pograma do MFA e dos seus valores, acabaram por ser vitórias do MFA e do povo, apesar do juízo que hoje se possa fazer sobre o caminho que foi seguido.
É por isso que cabe no nosso conceito, e até no nosso desejo, que os momentos – chave desse percurso sejam recordados e evocados, como o “28 de Setembro de 1974”, o “11 de Março de 1975”, o “25 de Novembro de 1975” (não esquecendo outros, também importantes, mas de menos relevo como foi o “Golpe Palma Carlos”). Mas nunca admitiremos que qualquer deles se sobreponha ou pretenda igualar à comemoração do 25 de Abril de 1974.
A História não pode ser deturpada. Nós, os principais responsáveis pela consumação do 25 de Abril, com a aprovação da Constituição da República não o permitiremos!
Tendo presente que a A25A foi fundada pela quase totalidade dos Militares de Abril (95%), unidos à volta do essencial, sentimento que continua a prevalecer, extensivo aos muitos cidadãos não militares que, entretanto, a integraram, é pois clara a posição da A25A:
1. Comemorar o 25 de Abril e o percurso que a sociedade portuguesa, de facto efectuou nos anos posteriores;
2. Relembrar e evocar o 28 de Setembro, o 11 de Março e o 25 de Novembro, exigindo que, nessas evocações se não desvirtue o passado, se não deturpem os acontecimentos e se não procurem atingir, passados 50 anos, os objectivos que os inimigos do Programa do MFA e da Liberdade não conseguiram, na altura, alcançar.
Nesse sentido, não contestando o direito da Assembleia da República decidir livremente, direito derivado do 25 de Abril, sobre os actos que quer praticar, mas tendo em consideração que é nossa opinião que a sua decisão de comemorar apenas o 25 de Novembro, além do 25 de Abril, provoca uma enorme e clara deturpação dos acontecimentos vividos na caminhada para o cumprimento do Programa do MFA - A História é a História, não pode ser deturpada, ao sabor da vontade de qualquer conjuntural detentor do poder.
A Associação 25 de Abril decidiu não aceitar o convite do Senhor Presidente da Assembleia da República, não se fazendo representar na “Sessão Solene Evocativa do 49.º aniversário do 25 de Novembro de 1975”.
Lisboa, 14 de Novembro de 2024
Pela Direcção
Vasco Lourenço

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